31/08/2011
Levantamento mostra que faltam médicos generalistas no Programa Saúde da Família
Apenas 5% das 32 mil equipes do Programa Saúde da Família têm um médico especializado em medicina de família e comunidade,
segundo constataram médicos espanhóis especializados em atenção primária à saúde (APS). Eles avaliaram o programa brasileiro
entre abril e junho deste ano.
O levantamento, feito em centros de saúde pública de zonas urbanas e rurais de 19 estados brasileiros, a pedido da Sociedade
Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), mostra que as equipes do programa "Saúde da Família" precisarão se
readequar para seguir as diretrizes do Ministério da Saúde.
Portaria publicada no dia 25 de agosto pelo Ministério da Saúde, no Diário Oficial da União, determina que todas as equipes
do Saúde da Família "deverão ter responsabilidade sanitária por um território de referência, de modo que cada usuário seja
acompanhando por um agente comunitário de saúde, um auxiliar ou técnico de enfermagem, um enfermeiro e um médico generalista
ou de família".
Diretor da SBMFC, o médico Thiago Trindade disse que a falta de médicos de família, conhecidos também como generalistas,
pode prejudicar objetivos importantes do programa e produzir outros gastos em saúde. "O programa pretende prestar atenção
integral, que inclui ações de prevenção e assistência à população. Como não tem o médico generalista, essa população, acaba
indo direto procurar outros serviços ou fica completamente desassistida mesmo."
Ainda de segundo o levantamento, em regiões metropolitanas como Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre menos
de 30% da população é coberta pelo Saúde da Família. "O Saúde da Família está mais presente nas cidades de pequeno e médio
porte. As de grande porte têm maior dificuldade para conseguir profissionais", assinalou Trindade.
Ele defende ainda uma política de incentivo à formação e manutenção dos profissionais no atendimento generalizado. Segundo
ele, o número de alunos de medicina que optam pela especialidade vem caindo e é cada vez menor a permanência dos formados
na atividade.
Apesar de constatar alguns problemas, o levantamento conclui que o programa é um modelo de sucesso na atenção básica no
Brasil. "É o modelo que melhor mostrou resultado na atenção primária. Como um modelo de sucesso, precisa ser aprimorado para
prestar um cuidado de excelência", destacou Trindade.
Fonte: Agência Brasil