16/02/2022

Jovem médica encontra equilíbrio entre a paixão pelo Esporte e a Medicina

Formada em janeiro pela UFPR, a Dra. Fernanda Ayumi Shiroma (Cremesp 229.401) recebeu o prêmio Nilo Cairo de excelência acadêmica, sem deixar de lado sua rotina de treinos e campeonatos de softbol

Aos 25 anos de idade, a Dra. Fernanda Ayumi Shiroma (Cremesp 229.401) já pode considerar ter atingido grandes objetivos: formar-se em Medicina com excelência pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), além de passar em primeiro lugar na residência em Medicina do Esporte pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e em segundo pela Universidade de São Paulo (USP), e jogar pela Seleção Brasileira de Softbol, chegando ao 4º lugar nos Jogos Panamericanos de Toronto (2015), a melhor classificação já alcançada pelo Brasil na modalidade.

clique para ampliarclique para ampliarDra. Fernanda (à dir.) com a irmã Tammy e os pais Eder e Rosemary (Tchay) (Foto: Arquivo pessoal)
Nascida em Curitiba e primogênita do casal de dentistas Eder Shiroma e Rosemary Shiroma (conhecida pelos amigos e familiares por Tchay), a Dra. Fernanda conta que tanto a Medicina como o Softbol "entraram" em sua vida de uma forma casual e acabaram se tornando grandes paixões, com as quais ela tem conseguido lidar paralelamente ao longo dos últimos anos. 

Jogadora de soft

Descendente de japoneses, a Dra. Fernanda relata que conheceu o Softbol por meio de uma amiga também de origem nipônica a qual conheceu no primeiro ano do Ensino Fundamental, em um colégio da capital paranaense. "Era meu primeiro ano em uma nova escola e por acaso tinha mais duas japonesas na sala, a Amanda e a Andressa, e logo nos tornamos amigas. A Andressa já jogava soft no Clube Nikkei e nos convidou para participar. Nunca mais saímos de lá", ela conta. 

clique para ampliarclique para ampliarJogadora de softbol do Nikkei desde 2003, a jovem médica foi convocada para defender a Seleção Brasileira nos Jogos Panamericanos de Toronto (Foto: Arquivo pessoal)
Derivado do beisebol, o softbol possui regras semelhantes ao esporte original. Praticado principalmente por mulheres, o "soft" é bastante popular nos Estados Unidos e no Japão, tendo sido incluído como modalidade olímpica em 1996. É disputado somente por mulheres tanto nos jogos olímpicos como nos panamericanos. De acordo com a Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol (CBBS), as duas modalidades detêm cerca de 30 mil praticantes no país, com 120 times e meia centena de campeonatos nacionais e internacionais por ano.

E foi por meio desse esporte que as amizades da Dra. Fernanda, que tiveram início há quase vinte anos, se mantêm sólidas. "Minhas amizades que fiz por meio do soft, desde 2003, são as mais fortes que tenho até hoje", afirma. Os anos seguintes foram de muitos treinos e campeonatos da jovem atleta em paralelo aos estudos. Em 2013, quando estava no "terceirão", o último ano do Ensino Médio, ela já estava jogando pela Seleção Brasileira de Softbol quando passou no curso de Medicina da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR).

clique para ampliarclique para ampliarPraticado principalmente por mulheres, o "soft" é bastante popular nos EUA e Japão (Foto: Arquivo pessoal)
Assim como fizeram outras colegas de Seleção, a Dra. Fernanda planejava iniciar os estudos médicos e trancar a matrícula após um semestre para poder jogar nos Estados Unidos. Nesse momento, entretanto, ela precisou mudar de planos: "Meus pais não deixaram eu ir naquele momento, pois acreditavam que seria melhor eu estudar mais e garantir uma vaga na Federal", ela lembra.

Foi então um ano dedicado ao cursinho pré-vestibular, tendo de abdicar de treinos e de jogar em seleções, mesmo após ela ser convidada para compor um elenco naquele período. No final de 2014, a recompensa: a jovem conseguiu a aprovação em Medicina não apenas na UFPR, como também na PUCPR e novamente na Evangélica.

Jovem médica

Primeira médica da família, a Dra. Fernanda recorda que não sabia qual curso iria fazer quando iniciou o Ensino Médio. Chegou a cogitar Engenharia Biomédica, mas acabou decidindo pela Medicina com um "empurrãozinho" da mãe, que sempre sonhou em ver as duas filhas médicas. "Foi uma lavagem cerebral, nas palavras dela", a jovem conta, acrescentando que a irmã mais nova, Tammy, está iniciando o terceiro ano de Medicina na FEMPAR.

clique para ampliarclique para ampliarFormada em janeiro deste ano pela UFPR, a Dra. Fernanda recebeu o prêmio Nilo Cairo por ter obtido a maior média geral de sua turma (Foto: Arquivo pessoal)
Apesar disso, a conexão com o curso foi aumentando ao longo dos semestres. "Quando entrei na faculdade fui me encontrando, me identificando com a Medicina, e foi muito legal. Era difícil ter alguma matéria da grade de que eu não gostasse", afirma. Ao mesmo tempo, ela lembra que, logo após passar na federal, voltou "com tudo" ao softbol.

Com uma rotina de treinos cinco vezes por semana, ela conseguiu conciliar um alto nível de rendimento no soft com o dia a dia da faculdade. "Todos os anos, pelo menos uma viagem internacional pela Seleção eu fazia", ela conta. Para não prejudicar os estudos, ela recorda que pegava o conteúdo que perdia com os colegas de turma, tendo recebido também muito apoio dos professores, que acatavam as cartas que a CBBS concedia aos atletas para abonar as faltas relativas aos períodos das competições.

Assim, em 2019, a Dra. Fernanda obteve a oportunidade a qual considera o ápice de sua carreira no soft até hoje: a convocação para participar do "Softball Americas Qualifier", que faz as classificatórias para os jogos olímpicos. Neste evento, elas obtiveram a 4ª colocação e, por muito pouco, não conseguiram a vaga para as Olimpíadas de Tokyo 2020. "Com essa colocação, garantimos nossa participação no Mundial de Softbol, que seria realizado em 2022, não fosse a pandemia", ela explica, acrescentando que, no momento, não há ainda uma data definida para a competição.

Ao final da faculdade, em janeiro deste ano, a jovem garantiu mais uma conquista, desta vez, na Medicina: recebeu o prêmio Nilo Cairo de excelência médica, por ter obtido a maior média geral de sua turma.

Medicina do Esporte

Foi na metade do curso de Medicina quando a Dra. Fernanda descobriu que era possível unir suas duas paixões em uma especialidade médica: a Medicina do Esporte. "Tive contato com uma médica que nos acompanhou nas Seleções, a Dra. Karina Mayumi Hatano, de São Paulo. Ela também jogou soft e foi abrindo a minha cabeça para a Medicina do Esporte, de que era um caminho que eu poderia seguir", ela recorda. A médica curitibana fez a o seu registro no Conselho de Medicina de São Paulo depois do sucesso duplo nos concursos de residência na Unifesp e USP. Ela optou em fazer a formação pela USP.

clique para ampliarclique para ampliarDra. Fernanda e sua mentora na Medicina do Esporte, a Dra. Karina Hatano (Foto: Arquivo pessoal)
Os anos seguintes apenas confirmaram a escolha da então estudante de Medicina. Agora, enquanto as atividades da CBBS estão pausadas devido à pandemia (as competições deverão retornar no final do próximo mês), a Dra. Fernanda aproveita os últimos dias de férias em Curitiba antes de se mudar para São Paulo, onde iniciará a partir de março a residência em Medicina do Esporte pela Universidade de São Paulo (USP).

E, assim como fez durante a faculdade, ela não pretende deixar sua rotina de treinos e competições. "É um desafio a gente conseguir priorizar as coisas na vida, mas não pretendo deixar o soft, vou levar até onde conseguir", ela reforça, lembrando que há diversos clubes em São Paulo onde poderá treinar: "o soft é uma grande família."

Questionada sobre qual conselho poderia dar, a partir de sua experiência pessoal, para outros estudantes e jovens colegas médicos, a Dra. Fernanda reconhece que o estudo é muito importante, mas é preciso buscar atividades que permitam sair do "ciclo de só estudar", trazendo mais felicidade e bem-estar. "Para mim não faz sentido querer cuidar da vida das outras pessoas como médica e esquecer de cuidar da minha própria vida."

clique para ampliarclique para ampliarDra. Fernanda e as duas paixões. (Foto: Arquivo pessoal)

Por essa razão, a jovem médica enfatiza a importância de se cultivar hábitos e outras atividades além da Medicina. "No começo é difícil, sempre vai ser, até achar uma rotina que encaixe para você. Mas, a partir do momento em que você encontra esse ponto de equilíbrio, acredito que seja a chave para se levar uma vida de qualidade."

Sobre o Prêmio Nilo Cairo

Existente há mais de cem anos, o Prêmio Nilo Cairo é entregue ao formando do curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná que obteve a maior média geral de sua turma. Médico homeopata formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Nilo Cairo da Silva (1874-1928) contribuiu na criação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná, sendo considerado um dos fundadores da mais antiga universidade do Brasil. Saiba mais sobre a história do médico aqui.

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