11/08/2021

Inteligência artificial reduz sobrecarga do sistema de saúde, aponta pesquisa da PUCPR

Foram analisados mais de 20 mil atendimentos realizados durante a pandemia de Covid-19 em plataforma de coordenação do cuidado que utiliza I.A.

Atendimentos realizados em plataforma de coordenação do cuidado que utiliza inteligência artificial (IA) ajudaram a aliviar a sobrecarga do sistema de saúde durante a pandemia do novo coronavírus no Brasil. Foi o que apontou estudo realizado por pesquisadores da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Instituto Laura Fressatto. Para elaborar o trabalho, os especialistas analisaram dados da plataforma referentes ao período de julho a outubro de 2020, em três cidades: Curitiba (PR), São Bernardo do Campo (SP) e Catanduva (SP). 

Os atendimentos foram realizados pelo Laura Care, uma ferramenta que funciona como um Pronto Atendimento Digital, realizando triagens, encaminhamentos para o atendimento adequado e acompanhamento de pacientes. Na plataforma, o usuário interage com um assistente virtual que usa tecnologia de NLP (Natural Language Processing) para entender o paciente e tirar dúvidas sobre determinado tema de saúde. Se relatado algum sintoma, segue-se para um detalhamento das queixas e uma classificação do paciente.

“Os casos leves são acompanhados pela assistente virtual até a resolução do quadro. Os demais pacientes são avaliados via teleatendimento, por mensagem, ou teleconsulta por vídeo com enfermeiro e médico, se necessário. Isso permite um atendimento por níveis de cuidado, otimizando o uso inteligente dos recursos e o atendimento imediato do usuário”, explica Murilo Guedes, pesquisador pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

No período analisado, foram atendidas 24,1 mil pessoas, sendo que 44,8% dos pacientes foram classificados com sintomas leves de Covid-19, enquanto em 33,6% dos casos os sintomas foram considerados moderados e apenas 14,2% foram diagnosticados como casos graves da doença. A classificação faz com que o acesso ao sistema de saúde ocorra de modo coordenado, visando apenas alguns casos específicos e, consequentemente, não sobrecarregando os hospitais e unidades de pronto atendimento.

Outros usos

Ainda que tenha sido utilizada inicialmente para atendimentos de pacientes com Covid-19, o Laura Care já é usado para quaisquer queixas agudas, como dor de cabeça e de ouvido, por exemplo, além de aplicações específicas como pós-operatório, cuidado de colaboradores de empresas, recrutamento de pacientes para pesquisas clínicas e coordenação do cuidado em operadoras de saúde.

Com a maior capacidade dos sistemas de saúde de consolidar dados de diversas fontes, ferramentas como o Laura Care podem servir para o monitoramento contínuo da jornada do paciente como um todo, desde a atenção primária até a hospitalização, quando e caso ela ocorra.

“Ferramentas preditivas integradas à operação em saúde promovem um cuidado mais adequado, uma vez demonstradas a eficácia e a segurança. Em nível populacional, a integração desse tipo de ferramenta com análise de dados e integração com pesquisa clínica pode alavancar valor de forma exponencial, com inovações incorporadas nos protocolos de cuidado em um sistema de saúde que aprende continuamente”, completa Guedes.

Publicação internacional

O estudo “COVID-19 in Brazil—Preliminary Analysis of Response Supported by Artificial Intelligence in Municipalities” foi publicado no repositório científico Frontiers in Digital Health, referência internacional para trabalhos que abordam as intersecções entre saúde e tecnologia. A análise completa pode ser acessada aqui.

Fonte: PUCPR

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