15/09/2020

Inep barra na Justiça edital de instituto privado para revalidar diplomas de Medicina

Órgão ligado ao MEC argumenta que Icespe não tem competência para conduzir processo que certifica graduações feitas no exterior

A Justiça Federal em Brasília determinou que o Instituto Nacional de Convalidação do Ensino Estrangeiro (Icespe), uma associação privada, suspenda um edital intitulado “Mais Revalida 2020”, para certificação de diplomas de Medicina obtidos no exterior. O edital foi publicado pela entidade no Diário Oficial da União no último dia 20, voltado a candidatos que queiram se submeter ao processo de revalidação. A inscrição cobrada pelo instituto é de R$ 1.600

O juiz Waldemar de Carvalho, da 14ª Vara Federal do Distrito Federal, atendeu a um pedido do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). A decisão tem caráter liminar (provisória). A Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Fundação Vunesp), parceira do Icespe no Mais Revalida 2020, terá de dar publicidade à suspensão do edital.

O magistrado entendeu, em uma primeira análise, que o Icespe não tem legitimidade legal ou autorização do Ministério da Educação (MEC) para aplicar o exame de revalidação de diplomas estrangeiros nem para fazer convênios universidades públicas brasileiras, únicas com competência para executar o serviço, nos termos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

Faz três anos que a prova de revalidação, o Revalida, não é aplicado pelo governo. O Inep, responsável por conduzir o processo de certificação dos diplomas estrangeiros em parceria com universidades públicas e com o Ministério da Saúde, publicou edital na última sexta-feira, com inscrições abertas até 2 de outubro. A inscrição custa R$ 330.

O Inep argumenta que o edital do "Mais Revalida" do Icespe pode levar a erro os candidatos, pela semelhança com o nome da prova oficial do governo, Revalida. Além disso, o instituto criticou, em análise jurídica, o formato do exame, com apenas um prova objetiva, denominada primeira etapa, e, no caso de não aprovação, há a realização de 'Estudos de Adaptação Complementares de Revalidação de Diplomas em IES conveniadas', como segunda etapa.

A falta de menção a questões discursivas e ao exame de habilidades clínicas foi outro ponto atacado pelo Inep em relação ao edital do Icespe. Para a autarquia do MEC, o exame usurpa as competências da Administração Pública federal, induz os participantes em erro e ainda traz potencial de risco à saúde pública, ao aplicar processo simplificado para revalidar diplomas de Medicina obtidas no exterior.

O Inep havia solicitado a devolução dos recursos obtidos pelo Icespe e Vunesp por meio das inscrições. Mas o juiz destacou que essa questão será objeto de análise quando o mérito do pedido for julgado, que será apensado a uma ação ajuizada pelo Conselho Federal de Medicina contra o mesmo edital.

Fonte: O GLOBO.

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