24/07/2008
Incentivo ao parto normal
A partir de dezembro, as gestantes que optarem pelo parto normal terão direito a um quarto específico para o procedimento,
com leito e banheiro, em todas as mater-nidades do País. A idéia é que o ambiente seja adaptado a todas as etapas do nascimento
do bebê, que inclui os procedimentos realizados antes, durante e depois do parto.
A medida faz parte de um conjunto de normas para maternidades lançado ontem pelo Ministério da Saúde, em parceria
com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e vale para a rede pública e privada. As unidades de saúde serão
orientadas a estimular a evolução natural do trabalho de parto e a adotar medidas para aliviar as dores da grávida, sem necessariamente
usar remédios. O objetivo é promover mudanças estruturais nas unidades de atenção obstétrica e neonatal, além de controlar
os possíveis riscos à gestante e ao bebê, reduzindo os índices de mortalidade materna e de recém-nascidos. Por ano, são registrados
cerca de 3 milhões de nascidos vivos no País, sendo que quase 2,1 milhões nascem nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS).
Desse total, 1,4 milhão corresponde a partos normais e 670 são cesarianas.
Conquista
Para Dirceu Raposo, presidente da Anvisa, as novas normas são "uma conquista de todas as mulheres que foram,
são ou serão mães". "É a promoção de um parto tão seguro ou mais seguro do que outros tantos, muito mais humanizado e, obviamente,
natural. Esse direito nem sempre é garantido ou observado. Muitas vezes, as condições em que o parto é executado relegam a
um segundo plano o primeiro contato da mãe com o seu neném e o amparo dessa mãe pelas pessoas."
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou que as medidas correspondem a um "grande anseio" da sociedade
brasileira pela redução da mortalidade materna e neonatal.
O diretor do Departamento de Ações Estratégicas e Pro-gramáticas do Ministério da Saúde, Adson França, ressaltou
que as regras buscam vincular o local do pré-natal ao local onde ocorre o parto. "As maternidades brasileiras e os serviços
que realizam partos serão estimulados a avaliar a atenção obstétrica e neonatal semestralmente. As ce-sárias desnecessárias
aumentam em seis vezes o risco de uma mulher morrer no parto. No caso de uma criança prematura de 36 semanas, o risco passa
a ser 120 vezes maior."
França alertou para mitos que contribuem para os altos índices de cesarianas no País -como o de que uma mulher
de baixa estatura não pode passar pelo parto normal, ou que, no caso de gravidez de gêmeos só pode ser feita a cesária, ou
ainda que, se o bebê pesar mais de três quilos, não é conveniente o parto normal, porque comprometeria a sexualidade do casal,
por provocar alargamento da vagina.
De acordo com França, os serviços de vigilância sanitária municipais e estaduais vão fiscalizar a implementação
das normas, com supervisão nacional. A resolução já está em vigor as maternidades terão até 180 dias para se adaptar. Segundo
França, os recursos fazem parte da verba já repassada para as políticas que tratam da humanização, dos direitos sexuais e
reprodutivos e do processo de qualificação de atenção ao parto.
Fonte: Jornal de Brasília