18/11/2008
Inca desaconselha exame de toque
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) desaconselhou o rastreamento por meio de exames de PSA e de toque retal para prevenção
do câncer de próstata. A recomendação aos médicos foi publicada há dois meses, no site do instituto, e apóia-se em cinco estudos
internacionais, que não comprovaram que esses exames tenham impacto na redução da mortalidade.
Em 2007, o Sistema Único de Saúde gastou R$ 35 milhões com a realização de 2,5 milhões de exames de PSA e 20 mil biópsias
de próstata. O médico sanitarista Marcus Valério de Oliveira, da Divisão de Gestão da Rede Oncológica do instituto, ressaltou
que a recomendação é para os casos assintomáticos. "O Inca nunca recomendou essa prática, mas achamos que valia a pena deixar
claro que não vale a pena usá-la como estratégia de saúde pública do Ministério da Saúde", disse ele.
Segundo Oliveira, a realização rotineira do toque retal e o rastreamento de PSA gera "um monte de biópsias e stress desnecessário".
Segundo o professor-titular de urologia da Faculdade de Medicina da USP, Miguel Srougi, indicar o exame apenas quando
existem sintomas da doença não faz sentido, uma vez que o câncer de próstata pode ser assintomático. "Existem casos de tumores
indolentes, mas eles são apenas 15% dos casos", diz Srougi. "Outros 25% são de casos incuráveis e 60% são casos que podem
ser tratados."
Para o presidente da regional paulista da Sociedade Brasileira de Urologia e professor da Unicamp, Ubirajara Ferreira,
a indicação do Inca é um atraso no combate ao câncer. "Dos pacientes que chegam ao nosso serviço em estado avançado da doença,
40% nunca teve um sintoma", diz.
Fonte: O Estado de São Paulo