04/10/2007
Inaugurada fábrica de vacinas antivirais da Fiocruz
Segunda-feira (1º de outubro de 2007), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Saúde, José Gomes Temporão,
inauguraram o Centro de Produção de Antígenos Virais (CPAV) do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo
Cruz (Bio-Manguinhos/Fiocruz). Com capacidade para fabricar cerca de 100 milhões de doses de vacinas virais por ano, inicialmente
o CPAV produzirá a vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola), que vem sendo implementada no contexto do acordo
de transferência de tecnologia iniciado em 2004, com o laboratório GlaxoSmithKline. No CPAV, também poderão ser produzidas
outras vacinas virais, tais como: rotavírus, varicela, hepatite A, febre amarela inativada, poliomielite inativada e dengue.
Da capacidade total de produção de 100 milhões de doses do CPAV, 20 milhões são para doses do imunizante contra o sarampo,
20 milhões de doses de rubéola e outras 20 milhões de doses de caxumba, além de mais 40 milhões de doses de outras vacinas
virais.
Trata-se de um centro de importância estratégica para o Brasil, que atenderá integralmente à demanda do Programa Nacional
de Imunizações (PNI) da vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola), cuja tecnologia de produção será internalizada
em etapas e totalmente nacionalizada, em 2010. Com a incorporação de novas tecnologias de produção de vacinas virais, o Brasil
amplia sua auto-suficiência em vacinas essenciais para o calendário básico de imunização, e fortalece decisivamente o arcabouço
científico e tecnológico, contribuindo para a melhoria da saúde pública brasileira e para geração de empregos de alta especialização.
A capacitação tecnológica nacional para este tipo de tecnologia vem sendo estabelecida desde que Bio-Manguinhos iniciou
a produção da vacina contra sarampo em 1980. O sarampo já foi uma das principais causas de mortalidade infantil no Brasil.
Graças à estratégia de vacinação (campanhas e de rotina), com altas taxas de cobertura alcançadas nos últimos anos, essa doença
está virtualmente eliminada do território nacional.
Nos últimas duas décadas, Bio-Manguinhos contribuiu para as campanhas de imunização da população fornecendo mais de 300
milhões de doses desta vacina ao PNI. Com a implantação do Plano de Erradicação do Sarampo, em 1999 - quando 908 casos foram
confirmados no Brasil - constatou-se uma significativa redução do número de casos de sarampo com a eliminação de casos em
2000. Entre 2001 a 2005, foram confirmados dez casos de sarampo, sendo três casos importados e sete relacionados a estes casos
importados.
Desde que Bio-Manguinhos iniciou o processo de transferência de tecnologia desta vacina em 2004, já foram produzidas e
entregues ao PNI mais de 70 milhões de doses da vacina tríplice viral.
Perfil da nova planta - Com uma área total construída de 9.920 m², o CPAV tem duas áreas independentes e classificadas
para cultura de células em volumes industriais e outras duas áreas independentes, classificadas e de biocontenção para a produção
de vírus, permitindo a produção de dois tipos de vacinas, simultaneamente. Conta com dois pisos técnicos que abrigam as utilidades
para a geração e distribuição de água purificada, água para injetáveis, ar comprimido seco e isento de óleo, vapor puro e
do sistema de ar condicionado. Dispõe também de um sistema de automação para controle de equipamentos e condições ambientais
das áreas biolimpas.
Atualmente, Bio-Manguinhos está desenvolvendo a segunda etapa da transferência de tecnologia da vacina tríplice viral,
realizando a formulação da vacina, a partir de concentrados virais importados. Esta operação é realizada no Centro de Processamento
Final em instalações classificadas como biolimpas, e o envasamento da vacina é realizado em ambiente com umidade controlada
a 40% e temperatura ambiental a 18ºC. Em seguida, a vacina é liofilizada (liofilização é a retirada da umidade para conservação
do produto por longo período), rotulada e embalada. A vacina então é submetida às provas de controle de qualidade interno
e em seguida enviada ao Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). Somente depois da aprovação e liberação
pelo INCQS, a vacina é distribuída pela Central Nacional de Estocagem e Distribuição de Vacinas (CENADI) do PNI/MS.
Com a inauguração da nova planta de produção de vacinas virais pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bio-Manguinhos
dará início à terceira etapa da transferência de tecnologia, o que significa que, até o fim deste ano, começará a produção
dos concentrados virais dos componentes sarampo e rubéola. Na quarta etapa, será produzido o componente caxumba, com previsão
de inicio de um estudo clínico em 2009.