04/12/2011
Imposto para custear saúde é rejeitado em conferência nacional
A proposta de criação de um imposto para custear o sistema de saúde pública foi rejeitada ontem, 4 de dezembro, por mais de
3 mil gestores, usuários e trabalhadores da área, que participaram nessa semana da 14ª Conferência Nacional de Saúde. As discussões
para o evento ocorreram desde o início do ano, começando pela etapa municipal, passando pela estadual, chegando ao evento
nacional que terminou neste domingo, em Brasília.
De acordo com os organizadores da conferência, a possibilidade de criação do imposto sequer chegou à discussão da plenária
final, uma vez que foi rejeitada pela maioria dos grupos de trabalho nos primeiros dias do evento. Desde o fim da Contribuição
Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF), em 2007, a
ideia de um novo imposto para financiar a área de saúde vem pautando discussões políticas do Executivo e do Legislativo.
"O que aconteceu é que a influência da mídia e a desinformação levaram os delegados [da conferência] a rejeitarem a proposta
de um novo imposto, mesmo que ele só atingisse movimentação acima de R$ 4 mil. Seria o primeiro imposto que atingiria proporcionalmente
os mais ricos, ao contrário da maioria dos encargos atuais, mas infelizmente não passou", lamentou Pedro Tourinho, do Conselho
Nacional de Saúde.
Os delegados da conferência entenderam, no entanto, que a necessidade de aumentar o financiamento da saúde é urgente e
se colocaram favoravelmente à aprovação da Emenda 29, que atualmente tramita no Congresso Nacional. A emenda determina que
a União deve investir, na saúde, 10% da arrecadação de impostos, com percentuais de 12% para os estados e 15% para os municípios.
De acordo com a coordenadora-geral da conferência, Jurema Werneck, a questão do imposto estava dentro do debate da ampliação
do financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS), que precisa de aditivos. "Sim, é preciso ampliar o dinheiro da saúde, porque
está faltando dinheiro. Muito do que não está funcionando é porque tiraram o dinheiro de lá e colocaram no mercado, foi desviado
e a gente conhece os escândalos de corrupção. Não está havendo qualidade na gestão".
Gestão de saúde pública deve ser exclusiva do SUS
O fim da terceirização da gestão da saúde pública foi a principal reivindicação da Conferência. "Aprovamos contar para
a sociedade brasileira que não é verdade que a sociedade rompeu com o SUS. Os representantes da sociedade que estavam aqui
disseram que não é verdade que a gente se cansou, e não é verdade que não queremos lutar por isso e queremos entregar tudo
para o mercado", disse a coordenadora-geral do evento, Jurema Werneck.
Ela explicou que a ideia das propostas aprovadas não é que o Estado deixe de comprar leitos em hospitais privados quando
não houver vagas no sistema público, mas que os governantes não repassem às instituições privadas a responsabilidade de administrar
quando e como esses leitos serão usados.
De acordo com a coordenadora, o sistema atual que vem sendo adotado por alguns estados como São Paulo, Rio de Janeiro
e Pernambuco - permite falhas sem que o Estado seja responsabilizado por isso. "A gente está mantendo a ideia de que o SUS
é público. A regra é não transferir serviços para organizações sociais, que são empresas disfarçadas que acabam precarizando
o trabalho, acabam não entregando o serviço que a gente comprou, e acabam não garantido o serviço à população", declarou Jurema
Werneck.
O ministro Alexandre Padilha, que participou do encerramento do evento, disse que o SUS saiu mais fortalecido da conferência.
"Viva o controle social", disse Padilha, ao encerrar a última votação do dia.
Fonte: Agência Brasil