15/09/2020
Diretor do Capítulo de Ensino Médico e de Epidemiologia, Prof. Francisco Luiz Magalhães, e presidente da Regional do Paraná da SBCM , Dr. Ênio Teixeira Molina Filho, foram os participantes-debatedores
A 67.ª sessão plenária temática do Conselho Regional de Medicina do Paraná teve como tema em destaque “Impactos da Pandemia na Clinica Médica”. Foi palestrante o Prof. Dr. Francisco Luiz Gomide Mafra Magalhães, Diretor do Capítulo de Ensino Médico e de Epidemiologia Clínica da Regional do Paraná da SBCM, com participação ainda do presidente da Sociedade, Dr. Ênio Teixeira Molina Filho. A sessão realizada na noite de 10 de setembro foi a 21.ª desde o início do enfrentamento do novo coronavírus, tendo envolvido 17 das especialidades, permitindo ao corpo de conselheiros conhecer um pouco mais das dificuldades enfrentadas pelos médicos de cada área e, assim, contribuir atuando dentro dos seus limites institucionais.
A plenária anterior, a 66.ª, debateu os impactos da pandemia na Cirurgia. Ocorreu no dia 2 de setembro e teve como palestrante convidada a Dra. Maria de Lourdes Pessole Biondo Simões, Mestre do Capítulo do Paraná do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Antes, as apresentações envolveram representantes das sociedades de Ginecologia e Obstetrícia, Pneumologia e Tisiologia, Infectologia, Medicina Intensiva, Cardiologia, Psiquiatria, Ciências Neurológicas, Dermatologia, Cirurgia Oncológica, Anestesiologia, Reumatologia, Geriatria e Gerontologia, Nefrologia, Cirurgia Plástica e Ortopedia e Traumatologia. Também foram realizadas plenárias com integrantes da Sesa e Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica, IML e Polícia Científica e ainda com dirigentes das entidades hospitalares. As reuniões são restritas e realizadas pelo meio remoto.
Clínica Médica
Também preceptor do Departamento de Clínica Médica do Complexo HC/UFPR, o Prof. Dr. Francisco Luiz Gomide Mafra Guimarães, iniciou sua palestra observando que o SARS CoV-2 determinou um imenso impacto negativo em todo o mundo. Assim, no que tange à Clínica Médica, abordou os efeitos na sociedade, nos hospitais, na especialidade e nos programas de residência, nos especializandos e demais estudantes e, sobretudo, entre pacientes e familiares. Entre a população, observou que ocorreram sensações de medo (alarmistas), negativismo (indiferentes), ansiedade, tédio de isolamento, informações desencontradas (as fake news) e politização da pandemia.
Em sua análise, o tal “covidizer” foi muito prejudicial no enfrentamento da doença, entendendo que as lideranças políticas muito erraram, como a própria Organização Mundial da Saúde. Observou que o conflito decorrente de se acreditar ou não em determinados medicamentos agravou as dificuldades que a medicina passou no início da pandemia, conforme o Efeito Dunning-Kruger Modificado. Quer dizer, alargou o espaço temporal até a real compreensão da gravidade do problema, que passa pela sensação ilusória de compreensão, complexidade do conhecimento, consciência do esforço necessário e início da efetiva compreensão. Na mesma linha, não deixou de criticar tratamento dado por meios de comunicação, que muito fomentaram a desinformação, inclusiva dando voz a charlatões e oportunistas.
Como destacado pelo representante da Sociedade, nos hospitais
ocorreram modificações substanciais nas rotinas, suspensão de cirurgias eletivas, paramentação
excessiva e muitas reuniões sobre o novo coronavírus, tudo contribuindo para um modelo mais seguro para os profissionais.
Explicou que no Departamento de Clínica Médica do HC/UFPR ocorreram adaptações emergenciais no
programa de ensino dos estudantes e no da residência médica, com demora na implantação de plataforma
on-line e prejuízo aos alunos, muitos não possuindo computador, laptop ou mesmo internet no domicílio.
Citando o caso do HC, lembrou que o ambulatório não fechou em nenhum momento. Contudo, com unidades de covid
e não covid, as escalas ficaram confusas e difíceis de serem recompostas.
Aos pacientes, entende que o impacto ocorreu principalmente pelo receio em se procurar assistência médica emergencial ou de controle de suas doenças crônicas, observando-se agravamento, aumento da mortalidade, atraso nos diagnósticos e óbitos em decorrência de doenças crônicas não transmissíveis que ficaram sem o necessário periódico acompanhamento. Elogiou as campanhas deflagradas pelo Conselho e as sociedades de especialidade, bem como por gestores públicos, exemplificando o mote da Sesa com o “troque a preocupação pela prevenção”.
Na parte final da apresentação, o conselheiro Alcindo Cerci Neto complementou fala do palestrante, destacando que a situação atípica propicia importante oportunidade de aprimorar conhecimento, algo que outras gerações de médicos não vivenciaram. Acentuou que no enfrentamento do novo coronavírus há possibilidade de aprendizado de todas as patologias. O presidente da Regional da SBCM, Dr. Ênio, que também é representante da Regional do Conselho em Maringá, citou o aprendizado que ora se apresenta aos jovens médicos e incentivo ao acolhimento dos princípios bioéticos ‑ autonomia, não-maleficência, beneficência, justiça e equidade.
O Prof. Francisco Guimarães, assim como o Dr. Ênio
Teixeira Molina Filho, encerrou o evento agradecendo a oportunidade de a Sociedade de Clínica Médica debater
com os conselheiros a problemática enfrentada durante a pandemia, e manifestou a sua esperança de que o controle
da pandemia não se faça por demorar e, assim, “podermos voltar a examinar fisicamente os doentes, como
a boa prática médica sempre pregou”. O presidente do Conselho, Roberto Yosida, ao encerrar a atividade
falou sobre a proximidade com as especialidades e a condução de ações conjuntas voltadas ao profissional
médico e à população. Citou a iniciativa da emissão de documentos durante a pandemia que.
naquela oportunidade, já se aproximava de 215 mil, benefício que contribui para o distanciamento social e facilidade
para profissionais e pacientes.