06/07/2011
Idec pede que ANS atue e planos aceitem negociar
Para entidade de defesa do consumidor, pagamento de baixos honorários e interferência das operadoras no exercício da profissão
médica é prejudicial a toda a sociedade
O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) enviou na segunda-feira, 4 de julho, carta aberta à Agência Nacional
de Saúde Suplementar (ANS), à Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização e à Federação Nacional
das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização, que representam as operadoras de planos e seguros de saúde, solicitando
que as operadoras aceitem negociar com os médicos e que a ANS assuma seu papel de regulador intervindo para assegurar condições
de trabalho e remuneração dignas e compatíveis com o exercício da profissão médica, garantindo assim o atendimento de qualidade
aos consumidores.
No documento enviado com cópia à Associação Brasileira de Medicina de Grupo, à Associação Paulista de Médicos, ao Ministro
da Saúde, Alexandre Padilha, ao Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e ao Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor
(DPDC), o Instituto se mostra preocupado com a paralisação dos médicos, pois ela é um sintoma de um problema estrutural do
sistema de saúde suplementar.
Para o Idec, é preciso reconhecer que o pagamento de baixos honorários, aliado às interferências das operadoras no exercício
da profissão médica, é prejudicial para toda a sociedade, principalmente para o consumidor que sofre com descredenciamentos
de profissionais e longas filas de espera para agendamentos de consulta.
"Caso o impasse entre médicos e operadoras de planos e seguros de saúde se mantenha, é necessário que os órgãos públicos
busquem uma solução hábil e rápida e que se paute pela garantia de condições adequadas da prática médica e na proteção dos
consumidores, atores fundamentais para o funcionamento de todo o mercado de saúde suplementar, sem os quais o sistema seria
inviabilizado", destaca a coordenadora executiva do Idec, Lisa Gunn.
O Instituto entende que a paralisação dos médicos mostra a deficiência do atual sistema de saúde suplementar. "O crescente
movimento dos médicos expõe a fragilidade do sistema de saúde suplementar no País, a qual submete usuários e prestadores de
serviço às operadoras e demonstra uma situação limite que exige uma solução urgente", ressalta Lisa.
Paralisação em SP
O início da paralisação no Estado de São Paulo ainda não foi anunciado, mas segundo o Cremesp, o CRM paulista, ela ocorrerá
durante três dias a cada semana, em sistema de rodízio, para cada uma das 53 especialidades médicas. Nesses dias, os usuários
de planos de saúde não disporão dos serviços desses especialistas.
Serão afetados os consumidores de dez operadoras de planos de saúde: Notredame e Porto Seguro (seguradoras); Intermédica,
Gama Saúde e Green Line (medicina de grupo); ABET-Telefônica, Caixa Econômica Federal, Cassi-BB, CET (Companhia de Engenharia
de Tráfego) e Embratel. O cronograma de paralisação deve ser divulgado pelo Cremesp em até 20 dias. As operadoras Amil, Golden
Cross, Medial, Geap, Marítima e Amico terão o prazo de 30 dias para apresentar novas propostas.
Os médicos reivindicam desde abril o aumento do valor da consulta para de R$ 25 e R$ 40 para R$ 80 a R$ 100, a atualização
dos preços pagos pelos procedimentos de acordo com a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos e inserção
de uma cláusula nos contratos entre os médicos e as operadoras que imponha o reajuste anual dos valores das consultas.
Urgência e emergência garantidas
O Idec acrescenta que cabe às operadoras de planos de saúde garantir o acesso aos atendimentos, não permitindo que os
consumidores sejam prejudicados, sobretudo nos casos de urgência e emergência, bem como nos tratamentos que requerem atenção
continuada, sendo ainda responsáveis pela reparação dos danos que sejam causados aos consumidores.
Fonte: CFM