19/05/2011
IML vai passar por auditoria do Tribunal de Contas
Presidente da Associação dos Legistas diz que contratações temporárias não resolvem problemas do instituto
O Tribunal de Contas do Paraná (TC-PR) anunciou nesta quinta-feira, 19 de maio, que fará auditoria operacional nas unidades
do Instituto Médico Legal (IML) do Paraná. A data de início dos trabalhos ainda não está definida.
A assessoria de imprensa do TC-PR admite, porém, que nem todas as unidades serão auditadas pessoalmente. Alguns problemas
deverão ser apurados a partir de questionários e entrevistas, por exemplo. A fiscalização pretende verificar se existe número
suficiente de funcionários, de materiais e de recursos financeiros.
O relatório das investigações será divulgado no segundo semestre. O TC espera que o IML use os dados para elaborar um
plano de ação. "À medida que ocorre a auditoria, o órgão pode ir fazendo as melhorias apontadas pela equipe", afirmou, em
nota à imprensa, a inspetora Tatianna Bove Iatauro, da Quinta Inspetoria de Controle Externo do TC.
Uma equipe do TC visitou o IML no dia 12 de abril e confirmou que havia problemas.
Legistas
Em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, a presidente da Associação dos Médicos Legistas do Paraná, Maria Letícia
Fagundes, declarou que as contratações temporárias de 120 profissionais para trabalhar nas 18 unidades do IML, anunciadas
pelo governador Beto Richa, "não resolvem absolutamente nada". São 38 médicos, 30 auxiliares para exame de necropsia e 52
motoristas que reforçarão os quadros do instituto.
Para Maria Letícia, a atitude é a mesma tomada por governos anteriores que levaram o IML à atual situação caótica. Ela
diz acreditar que a contratação emergencial de médicos sem especialização pode prejudicar a imagem do instituto e comprometer
a solução de casos na Justiça. O governo do Estado não confirmou se os temporários receberão treinamento.
Válidas por 12 meses, as contratações custarão R$ 3,9 milhões e serão feitas por processo seletivo simplificado. O edital
está disponível no site da Secretaria de Estado da Segurança Pública desde quinta-feira (19 de maio). Os candidatos classificados
e não contratados formarão um cadastro de reserva e poderão ser chamados em caso de eventual necessidade do IML. Atualmente,
o IML tem 310 servidores: 78 médicos, 19 auxiliares para exame de necropsia e 14 motoristas.
Problemas
Em março, reportagem da Gazeta mostrou que dezenas de cadáveres estavam amontoados no instituto. Havia também problemas
estruturais na sala de radiologia e vazamento de necrochorume.
No início de abril, a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Paraná (OAB-PR) visitou o local
e encontrou 78 corpos nas câmaras frias. Outro problema recorrente era a falta de carros para recolher os cadáveres. Devem
começar a circular nas próximas semanas 25 veículos alugados para suprir a carência no transporte. Ainda em abril, uma troca
de corpos por erro de reconhecimento fez com que um deles fosse enterrado por engano.
A Secretaria da Segurança Pública firmará convênio para a doar os corpos não reclamados no IML a instituições de ensino,
reduzindo o acúmulo de cadáveres no necrotério.
Fonte: Gazeta do Povo