13/09/2009
I Jornada da Cermepar destaca desafios da Residência Médica no Brasil
Melhorar a estrutura dos programas de Residência Médica, investir na capacitação de preceptores, rever a carga horária e o
número de vagas nas residências. Estes foram alguns dos pontos apresentados como desafios da Residência Médica no País durante
a I Jornada da Comissão de Residência Médica do Paraná.
O evento foi realizado em 10 de setembro, na sede Conselho Regional de Medicina do Paraná, instituição que organizou a
atividade em parceria com Comissão Estadual de Residência Médica (Cermepar). A Jornada contou ainda com apoio da Associação
Estadual de Residência Médica no Paraná (Amerepar) e reuniu cerca de 60 participantes, entre residentes, preceptores, coordenadores
de programas de residência médica, representantes de entidades médicas, médicos e acadêmicos do Paraná e outros Estados.
"A atividade agregará conceitos e reflexões sobre a Residência Médica, que é o processo mais completo de formação dos
médicos do nosso país", afirmou o presidente do CRMPR, Miguel Ibraim Abboud Hanna Sobrinho, durante a abertura do evento.
Na visão do atual presidente Cermepar, João Carlos Simões, é necessário investir no residente e dar subsídios para sua formação,
"pois ele é a maior garantia de uma Medicina de qualidade".
Um dos convidados a falar sobre os desafios da Residência Médica, o 1.º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina
e representante titular do CFM na Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), Roberto Luiz D Ávila afirmou acreditar que
a forma atual da Residência Médica no Brasil está ameaçada e precisa passar por uma reestruturação. Ele defende a criação
de um estudo nacional permanente que indique a quantidade de vagas ofertadas no País e a necessidade de novas. "Em Portugal,
por exemplo, essa metodologia já é aplicada há alguns anos", conta D Ávila. "Não sabemos nossas necessidades. Precisamos descobri-las
para administrar custos, definir investimentos e alocar recursos humanos", diz.
"O problema estrutural da Residência Médica também é reflexo das dificuldades que afetam todos os níveis do Sistema de
Saúde brasileiro", afirma o representante da Associação Brasileira de Escolas Médicas (ABEM) na CNRM, Adriano Massuna. Dados
apresentados por ele revelaram que em 2000 o Brasil formou sete mil médicos, que concorreram a sete mil vagas de Residência.
Em 2009, o número de egressos cresceu 50%, mas a quantidade de vagas para especialização permaneceu a mesma de 2000. A previsão
é que em 2014 o Brasil forme, aproximadamente, 18 mil novos profissionais, que deverão disputar as mesmas sete mil vagas dos
programas de Residência Médica.
De acordo com Massuda, a modalidade ainda é a melhor forma de capacitação prática, mas, para que seja valorizada, os médicos
precisam se unir. "Quando a classe se mobiliza tem força social, tem voz para lutar por mudanças", afirma, destacando que
deve ser abordada a sobrecarga horária da residência, que muitas vezes ultrapassa 48 horas de trabalho, e os subsídios para
qualificação dos preceptores.
O que deve ser discutido com maior ênfase na opinião do presidente da Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR),
Romes André Proença de Souza, é a remuneração do profissional residente. "Qual o estímulo que o médico tem para buscar especialização?
Qual o apoio que o médico especialista tem para se tornar um preceptor?", questiona.
Finalizando as exposições, a presidente da Associação Estadual de Residência Médica no Paraná (Amerepar), Luísa Moreira
Höepker, explicou que a instituição atua em conjunto com as Coremes, propondo soluções para os problemas enfrentados no ambiente
hospitalar. Durante a Jornada ela aproveitou para solicitar aos residentes que acompanhem mais de perto as atividades da Amerepar
e das associações de médicos residentes de cada hospital para se interarem da realidade dos profissionais. "Espero que os
médicos abracem a causa, participem das reuniões da Associação e estimulem o pensamento crítico e os debates sobre a Residência
Médica no Brasil", afirmou. Na oportunidade, ela aproveitou para lançar oficialmente o logotipo oficial da Amerepar.
Lançamento Manual do Médico Residente
Durante a I Jornada da Cermepar foi realizado o lançado oficial do Manual do Médico Residente, livro inédito e editado
pelo CRMPR. Com tiragem de 5 mil exemplares, o Manual pretende oferecer uma visão geral sobre a residência; o papel das Associações
de Médicos Residentes; dicas para a formação e o mercado de trabalho do jovem médico; legislação; ética e desafios atuais
para a Residência Médica no Brasil. Em breve, o livro será encaminhado a todos os médicos residentes do Estado, Coremes dos
Hospitais, associações de residentes e demais interessados.