24/03/2014
Do início dos anos 2000 até 2014, a quantidade de faculdades de Medicina no país dobrou. Atualmente, o país possui 216 escolas, número superior à China (150) e Estados Unidos (149)
Do início dos anos 2000 até 2014, a quantidade de faculdades de Medicina no país dobrou. Atualmente, o país possui 216 escolas, número superior à China (150) e Estados Unidos (149), países com população maior que a brasileira. No Brasil, esse crescimento se deve às faculdades particulares, que já são 60% do total. A cada ano, são formados no Brasil, mais de 19 mil médicos. Na Paraíba, o número dessas faculdades é superior a outros Estados com maior população. São sete escolas de Medicina, sendo três federais e quatro particulares.
“Infelizmente, o que temos visto são faculdades desqualificadas, com corpo docente despreparado, algumas não possuem nem hospital escola. Isso resulta em médicos mau formados, o que compromete a qualidade do atendimento”, ressaltou o médico Renato Graça, do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), durante o debate que avaliou o Ensino Médico, na manhã de quarta-feira (19), em João Pessoa, no I Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina 2014.
O médico Bráulio Luna Filho, do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), mostrou os dados da avaliação obrigatória no Estado, feita com os egressos das faculdades de Medicina. No último exame, em 2013, 60% dos médicos recém-formados foram reprovados na avaliação. Se tomarmos apenas as faculdades particulares de São Paulo, os reprovados chegam a 71%. “O indivíduo mau treinado, vai ser mau médico por toda a vida. É a saúde da população que está em risco e não podemos ser omissos. Infelizmente, quem pode pagar a mensalidade de uma faculdade de Medicina vira médico. Isso não é justo”, afirmou Bráulio, que é o coordenador do exame.
Apesar da baixa aprovação na prova, o médico explicou que o exame não é difícil e que avalia aquilo que se espera de um médico recém-formado. “O Governo Federal se omite nessas questões, permitindo a abertura indiscriminada de escolas de Medicina e não fiscalizando o seu exercício. Mas nós médicos temos que zelar pela nossa profissão e a qualidade do ensino”, completou. Apesar da experiência conduzida em São Paulo, os CRMs e o CFM ainda não fecharam consenso acerca da melhor forma de avaliar os egressos das escolas de medicina.
Além da proposta do exame de fim de curso, conforme defendido pelo Cremesp, há outra em tela, que prevê a realização de testes de progresso, ao longo do processo de formação dos futuros médicos. As provas que seriam aplicadas no segundo, quarto e sexto anos permitiriam conhecer a qualidade dos estudantes e também do aparelho formador (instalações, corpo docente, conteúdo programático, etc.). Renato Graça, do Cremerj, acredita que este modelo teria condições de oferecer melhores resultados.
O tema continua em análise junto às entidades, mas há consenso com respeito à necessidade de implementar medidas que permitam esse monitoramento da formação dos egressos. “Temos que avaliar os alunos e as instituições de ensino médico do nosso país. Essa tem sido uma preocupação constante das entidades médicas. Temos que mudar essa base mercantilista de grande parte das faculdades de Medicina”, completou o presidente do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), João Medeiros.
Fonte: CFM