24/07/2014

Humanização na UTI por uma vida digna

Congresso em São Paulo debate a importância da família na recuperação de pacientes graves

Mais do que diagnosticar e tratar de pacientes com iminente risco de morte, médicos intensivistas e outros profissionais ligados ao atendimento do paciente em UTI buscam devolver-lhes a capacidade de desfrutar de uma vida saudável e feliz.

A humanização nas UTIs será um dos assuntos debatidos no XVII Curso Internacional de Atualização em Terapia Intensiva, organizado pela Sociedade Paulista de Terapia Intensiva (SOPATI), que acontece em 18 e 19 de outubro de 2014, no hotel Macksoud Plaza, em São Paulo.

“Com abordagem das principais síndromes relacionadas à área, a ênfase será o diagnóstico e tratamento sob a ótica do cuidado integrado e multidisciplinar do paciente grave. Essa prática, realizada por uma equipe composta de profissionais da saúde de diversas especialidades, é a tendência atual da Terapia Intensiva, favorecendo a recuperação do paciente e otimizando o tratamento”, completa a psicóloga Renata Rego Lins Fumis, pesquisadora da UTI do Hospital Sírio Libanês e integrante da Comissão Científica da área de psicologia Congresso.

De acordo com Renata, separar o paciente de seus familiares e deixá-lo isolado só aumenta o sofrimento para ambos.

“Importantes trabalhos na literatura médica mostram que ouvir a família é muito importante para diminuir os sintomas de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático”.

O Congresso debaterá também os investimentos e resultados obtidos ao longo dos anos nas instituições que promovem programas de apoio aos pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), levando em conta o aspecto psicológico e a importância da convivência com a família.

Segundo ela, este processo, chamado de humanização, foi citado pela primeira vez na literatura médica em 1979 por N. C. Molter e desde então cresce o consenso que o contato frequente com os familiares é parte integrante do cuidado global da doença.

Humanização, o paciente e a família

Para se ter bons resultados nessa interação entre médicos, pacientes e suas famílias, o diálogo é uma grande preocupação. As Conferências familiares têm sido cada vez mais valorizadas. É o momento no qual a equipe multidisciplinar tem a oportunidade de esclarecer dúvidas, de ouvir mais a família e dar espaço para reconhecer suas emoções.

“Em muitos casos, a compreensão da família é precária, principalmente a respeito do prognóstico do paciente, que é uma previsão dos médicos sobre como se desenvolverá a doença. A família precisa saber sobre o diagnóstico, entender o propósito do tratamento recebido, principalmente os que estão relacionados à gravidade. Por isso, a boa comunicação deve ser o pilar básico na relação médico-paciente-família”.

Também é fundamental que toda a equipe da UTI se envolva nesse processo.

“A empatia é um fator que não pode faltar para o profissional da saúde que conversa com a família. Os familiares necessitam ser acolhidos e perceber que, diante daquele sofrimento, tem alguém que entende seu choro, sua tristeza e seus silêncios”.

A UTI no Brasil

No Brasil, assim como ocorre com os demais serviços dos hospitais, há UTIs que contam com mais recursos do que outras. Cerca de 15% do total oferece boxe individual, no qual é possível colocar poltrona, sofá e TV, permitindo que um acompanhante permaneça 24 horas ao lado do paciente, dormindo no local de quiser. Entretanto, há UTIS que não possuem nem mesmo uma cadeira ao lado do leito. Segundo a psicóloga, esta é a realidade da grande maioria das UTIs no Brasil, que permitem, em média, uma visita de 30 a 60 minutos diária, mas que se torna flexível em casos graves e com risco de morte.

“Penso que a atenção dispensada ao paciente não precisa de recurso material, está muito além. O escutar, o olhar carinhoso, um aperto de mão e a conversa, além de uma boa abordagem do médico pode fazer com que a família, mesmo que sem poltrona para sentar, sinta-se confortável e satisfeita”.

“Os sintomas de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático são bem prevalentes nos familiares de pacientes de UTI e requerem muita atenção para que sejam diminuídos. Familiares de pacientes jovens, com pior prognóstico, que fazem uso de ventilação mecânica invasiva, são mais suscetíveis. Temos visto que o diálogo não efetivo e contraditório pode contribuir com esses problemas. Por isso, o cuidado com a comunicação deve ser completo, com o uso de termos compreensíveis e de maneira acolhedora”, Além disso, torna-se indispensável a presença de um psicólogo na UTI para detectar precocemente os sintomas de ansiedade e depressão para diminuir o estresse pós-traumático. diz.

Serviço:

XVII Curso Internacional de Atualização em Terapia Intensiva
Data: 18 e 19 de outubro de 2014
Local: Hotel Macksoud Plaza
Endereço: Alameda Campinas, 150 - Bela Vista - São Paulo - SP
Informações e inscrições: (11) 3288-3332 / 3283-4873 / 3288-9422 | sopati@sopati.com.br | http://www.sopati.com.br/materias.php?cd_secao=44

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