Medicina que é vida; vida que é Medicina! O que nos ensinam os bem vividos... Esta é uma série lançada pelo Conselho de Medicina do Paraná, no dia 24 de agosto último, com o objetivo de contar um pouco da trajetória e assim reverenciar médicos longevos, que romperam a faixa etária dos 90 e são exemplos marcantes àqueles que estão ou vão se iniciar na profissão. Não por acaso, a data escolhida marcou a passagem do 101º aniversário do Dr. Carlos José Taques Franco de Souza (CRM-PR 77) que, pelos registros do Conselho, constitui-se hoje no médico com mais idade em vida no Paraná.

Como aprovado por unanimidade em sessão plenária, foi concedido diplomada, em homenagem especial ao Dr. Carlos José, por ter alcançado também os 71 anos de graduação em Medicina. Honraria idêntica alcança o colega remanescente da turma de 1948, da Universidade Federal do Paraná, o Dr. Sebastião Avelino Lopes (CRM-PR 166), que em abril do próximo ano, alcança o centenário. Ambos já tinham sido homenageados pelo Conselho em 1999, quando receberam o Diploma de Mérito Ético-Profissional, por terem completado 50 anos de exercício médico,sob os ditames hipocráticos.

A passagem comemorativa do aniversário do Dr. Carlos José, foi restrita ao ambiente familiar, no apartamento em que reside, em Curitiba. Além dos filhos, noras e os cinco netos, também esteve presente o Dr. Ricardo Gama, que há vários anos assiste ao médico. Apesar de estar bem de saúde, o Dr. Carlos teve nos últimos tempos a redução de sua capacidade cognitiva.

História

O Dr. Carlos José Taques Franco de Souza, nasceu em Castro (PR), em 24 de agosto de 1918, o único filho homem entre os cinco de D. Yolanda Taques Franco de Souza e do capitão de cavalaria do Exercício, Octavio Carlos Franco de Souza. A prematura morte do pai, em Castro, vítima de acidente de trânsito, fez com que, aos oito anos, ele fosse matriculado em regime de internato no Colégio Militar do Rio de Janeiro, então Capital Federal e onde permaneceu até concluir o curso. Nesse período, a mãe e as quatro irmãs permaneceram residindo em Castro.

Quando ainda jovem, no Colégio Militar, decidiu estudar Medicina na UFPR, concluindo o curso em 1948. Casado com D. Maria de Lourdes Lucca Franco de Souza e com o primeiro filho – João Carlos ‑, iniciou a carreira médica em Jaguapitã-(PR), município do Norte paranaense que recém havia se emancipado. Um dos profissionais pioneiros da região, vinculado ao serviço de saúde pública, ali permaneceu por vários anos. Posteriormente, retornou a Curitiba, onde teve mais dois filhos ‑ Marco Antônio e Luiz Otavio.

Na capital paranaense, trabalhou no serviço público e em seu consultório particular. Como médico do Tribunal de Justiça, ajudou a criar o departamento médico, existente até hoje. Atuou ainda nos hospitais Nossa Senhora do Rosário (hoje Mater Dei) e Maternidade Victor do Amaral, além de ter integrado o antigo Serviço de Assistência aos Menores (Sandu).

Como relatam os filhos, todos eles formados em engenharia civil pela UFPR, o Dr. Carlos José, sempre foi um médico generoso, atencioso e muito profissional. Nas idas para Guaratuba (PR), em descoberta como roteiro de veranistas, dedicava parte de seu tempo para oferecer atendimento médico gratuito aos pescadores e suas famílias. Além disto, contam os filhos, era comum que se abastecesse de medicamentos para levar aos nativos do litoral.

Depois de aposentado, passou a se dedicar a uma propriedade rural que havia herdado em Tibagi, no Paraná. Mesmo assim, reforça o filho Marco Antonio, o médico continuou a dar atenção a muitos dos pacientes que iam ao seu encontro. Ele ficou viúvo há cerca de uma década, sendo que as quatro irmãs – duas delas cirurgiãs dentistas – também são falecidas. Hábito exercido por anos, as reuniões familiares e os aniversários do Dr. Carlos passaram a ser concentrados no apartamento dele, no bairro Juvevê, como ocorreu nos momentos especiais das passagens do 100º e do 101º aniversário.

O Dr. Carlos, como indica seu número de CRM baixo, foi um dos primeiros médicos paranaenses a se inscrever no órgão de classe. Isto ocorreu em 4 de agosto de 1958. Entre seus colegas de faculdade e que foram homenageados pelo Conselho em 1999, estavam, além do Dr. Sebastião Lopes, o Dr. Amadeu Prada Beduschi, a Dr.ª Célia Paciornik Galbinsky, o Dr. Frederico Guilherme Keche Virmond, o Dr. Hamilton Calderari Leal, a Dr.ª Iorfinda Moura de Melo, o Dr. Paulo de Tarso Monte Serrat, a Dr.ª Tazir Leprevost, o Dr. Walter Alberto Pecoits, o Dr. Lino Ercole e o Dr. François Moura Gheur Netto.

Série especial

Saiba mais sobre o início da série clicando aqui.

Confira aqui um pouco da história do Dr. Hyzo Gondeberto dos Santos (CRM-PR 836), de Umuarama, que integra o rol de médicos que passaram dos 90 anos.

Para sugestões e ou informações complementares sobre os médicos inseridos na série, enviar email para: comunicacao@crmpr.org.br