03/10/2014
Reproduzimos registro do obituário da Gazeta do Povo dos Drs. Romão Sessak, Antônio da Motta e Alfredo Brianez. Radiologista Adhemar Basso faleceu esta semana
Medicina além dos olhos
Dr. Romão Sessak (CRM-PR 536)
Desde menino, o médico Romão Sessak já demonstrava interesse pela área que abraçaria mais tarde como ofício. Natural de Mallet, município no Centro-Sul do Paraná conhecido pela colônia de descendentes ucranianos que abriga, ele não escondia a curiosidade por estudos médicos, em especial oftalmológicos. “Quando criança, ele queria pesquisar os olhos das aves”, conta a esposa, Ludmila.
Dr. Sessak formou-se em Medicina em 1950, na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Após a graduação em Curitiba, seguiu para especializações em Campinas, no Instituto Penido Burnier, de onde voltou como otorrino e oftalmologista. Foi ainda para os Estados Unidos capacitar-se sobre implantes de córneas. Também concluiu especialização no Instituto Barraquer, em Barcelona, na Espanha. Ao retornar ao Brasil, fez na Santa Casa de Londrina o primeiro implante de córnea realizado no Paraná.
Mudou-se para Londrina, no Norte do estado, em 1952. “Ele acreditava no progresso da região”, recorda a viúva. Segundo Ludmila, o marido era profissional dedicado e médico no sentido mais profundo da palavra. “Ele entendia muito de Medicina, não apenas de oftalmologia. Gostava demais do que fazia”, pontua. Dr. Sessak foi ainda membro fundador e presidente da Associação Médica de Londrina e membro da comissão que criou a Faculdade de Medicina de Londrina e a Universidade Estadual de Londrina (UEL). Após 50 anos de exercício profissional, o oftalmologista recebeu o diploma de Mérito Ético Profissional da Associação Médica do Paraná. Trabalhou até o ano de 2002.
Homem de múltiplos interesses, o médico apreciava nas horas vagas uma boa caminhada, uma partida de tênis ou um passeio a cavalo na fazenda. Fazia facilmente amizades e as cultivava com destreza. Para se manter informado, não dispensava a leitura da revista Time, em inglês. Era fluente também em francês e gostava de conversar com a esposa em ucraniano quando estavam em casa.
A cultura e o bom humor são caraterísticas de dr. Sessak que ficarão na memória da família, conforme Ludmila. Uma das frases preferidas dele - “A thing of beauty is a joy forever”, foi escrita pelo poeta inglês John Keats. A tradução – “o belo é uma alegria eterna” – retrata um pouco de sua sensibilidade. Deixa viúva, um irmão, cunhada e sobrinhos.
Faleceu dia 26 de setembro, aos 88 anos, de pneumonia, em Londrina, com sepultamento em Curitiba.
Uma estrelinha laranja
Dr. Antônio Rogério Tupy Caldas Silveira da Mota (CRM 15.798)
O médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Curitiba Antônio da Mota nunca deixou de lado a prática profissional na emergência. Só trocou o empregador, mas desde a formação, em 1997, pela Universidade Federal do Paraná, procurou seguir a filosofia de atender o paciente onde quer que ele estivesse, custe o que custasse. E assim o fez, com dedicação quase que exclusiva. Até o momento em que viu surgir a sua “estrelinha”. O nascimento de Geórgia, atualmente com 4 anos, trouxe um novo rumo para sua vida. Virou o melhor pai do mundo. Procurou fazer plantões noturnos e não trabalhar durante dois dias da semana. Só para ficar com a filha. “Era pai e mãe”, define a esposa Vanessa.
A vida familiar de Antônio era quase tudo. Mas, entre suas paixões, sobrava espaço para dedicar-se ao Jipão, um veículo utilitário da marca Bandeirantes que o levou a integrar o grupo dos Toyoteiros de Curitiba; e à sua extensa coleção de miniaturas do Jeep, adquiridas em diversos lugares do mundo. Sempre que podia – e dava um jeito –, participava de leilões pela internet em busca de novidades. Recentemente, tinha adquirido uma miniatura de um jeep-táxi da Tailândia. No escritório de casa, junto com as mais de 100 peças devidamente organizadas, mantinha um histórico de datas e locais em que cada uma tinha sido comprada.
Também mantinha humor e perspicácia muito próprios, como recorda a esposa. “Tinha frases como ‘faleceu de óbito’, piadas no cinema e o gosto pelo canal azul.” Não gostava de programas de televisão – para ele, provenientes de “canais imbecilizantes” – e, por isso, tinha adquirido um relógio que interferia na frequência dos aparelhos de tevê. Se estivesse em um restaurante, discretamente dava um jeito de manter o canal todo azul.
Enquanto Antônio ajudava Vanessa em assuntos de saúde e informática, ela o mantinha atualizado com cultura pop e leis, por ser advogada. “Completávamos as lacunas da relação.” O casal estava voltando de férias. Antônio tinha sido aceito para uma residência no Canadá e resolveu conhecer melhor o Leste do país, antes de tomar uma decisão. Apaixonaram-se por Halifax, na província canadense da Nova Escócia, e estavam fazendo planos para – quem sabe – escolher a cidade para viver nos próximos anos. No retorno, Antônio passou mal durante a viagem, e o avião precisou fazer um pouso forçado em Manaus (Norte do Brasil). “Infelizmente, não deu tempo de dar continuidade aos nossos sonhos”, diz Vanessa. Na inocência da filha Geórgia, “o papai virou uma estrelinha laranja”. Deixa a viúva e uma filha.
Faleceu dia 22 de setembro, aos 48 anos, de embolia pulmonar.
De casa para o hospital
Dr. Alfredo Rodrigues Brianez (CRM 887)
Apesar de toda a mudança ao longo das décadas, Alfredo Rodrigues Brianez guardava viva na memória a imagem de Mandaguari, Noroeste do Paraná, na década de 1950. E falar sobre o município quando o verde ainda era protagonista continuava sendo uma de suas histórias preferidas, conta o neto Flávio Rodrigues.
Nascido em Ourinhos (SP) e criado em Cambará (Norte Pioneiro), mudou-se para Curitiba para estudar Medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR), por sonho e incentivo da família. Lá ele conheceu Geni Matzenbacher, com quem se casou.
Ao terminar o curso e perceber que toda a família havia se mudado para Mandaguari, decidiu seguir o mesmo caminho. O primeiro passo ao chegar foi montar um consultório – afinal, a concorrência era pequena. “Ele dizia que foi o quarto médico da cidade. Levou muito tempo até chegar o próximo.”
O empenho rendeu frutos e em menos de uma década ele deu início ao Hospital Marina Brianez. Nos anos seguintes, a dedicação foi cada vez maior, fazendo a unidade se tornar referência na região. À medida que o hospital e a cidade cresciam, ele se orgulhava mais em saber que fazia parte do desenvolvimento. “Por isso fazia questão de relembrar como era Mandaguari na época do mato e do barro. Com isso, ele nos mostrava a evolução.”
Quando o tempo permitia, colocava a família no carro e corria para a fazenda para respirar ar fresco e pescar ao som dos passarinhos. Ao voltar para o hospital, ouvia as reclamações dos pacientes que sentiam sua falta e gostavam de tê-lo sempre presente. “Ele foi a pessoa mais próxima da nossa família. Sempre dava um jeito de demonstrar atenção a todos. A vida se resumia de casa para o hospital, do hospital para casa, mas isso o satisfazia”, diz o neto. Deixa mulher, cinco filhos, cinco netos e três bisnetos.
Faleceu dia 13 de setembro, aos 94 anos, em decorrência de uma parada cardíaca, em Mandaguari (PR).
Dr. Adhemar Basso (CRM 1892)
Natural de Jaú (SP), onde nasceu em 20 de junho de 1938, Dr. Adhemar Basso formou-se em Medicina pela Universidade Federal do Paraná em dezembro de 1965. Especialista em Radiologia e Diangóstico por Imagem, era diretor do Centro de Diangóstico Infantil por Imagem Curitiba.
Faleceu no 1.º de outubro, aos 76 anos. O sepultamento ocorreu na tarde de quinta-feira no Cemitério Municipal Água Verde.
Fonte: CRM-PR com informações da Gazeta do Povo.