16/01/2019
Luiz Ernesto Pujol
Histerese é um termo grego que significa atraso ou retardo, utilizado por Sir Alfred Ewing, em 1890, quando estudou campos magnéticos.
A posteriori, o termo passou a ser utilizado por sociólogos ao analisarem alguns hábitos socioculturais sedimentados no convívio da ignorância, mas cômodo na sua repetitividade, os quais não lhes estimulavam a uma visão de inovações de conceitos e saberes em seus modos de vida.
Pois bem, nos deparamos na atualidade com uma Histerese da população no que diz respeito às vacinas.
O desnecessário risco e a real vulnerabilidade a doenças evitáveis, através das vacinas, nos leva a repetir sobre o fato de que doenças “não são fenômenos naturais quando o seu potencial de dano atua sobre uma comunidade vulnerável”, nos ensinamentos de Kroll-Smith.
São inúmeros os fatores que podem estar determinando a coação sobre aplicação de vacinas e criando uma falsa percepção negativa sobre as mesmas, propagando, de forma incisiva à população leiga, mitos irracionais a respeito de efeitos colaterais dessas medidas preventivas.
Campanhas frequentes de esclarecimento e desmistificação sobre vacinas são propiciadas pelos órgãos públicos, subsidiadas em conhecimentos de Sociedades de Especialidades Médicas e em trabalhos científicos reconhecidos. Porém, os índices de imunizações continuam muito abaixo do esperado epidemiologicamente, levando à constatação do retorno de algumas doenças, as quais estavam praticamente abolidas.
O Conselho Regional de Medicina, preocupado com esses fatos e com a saúde dos médicos paranaenses, solicita que não só os profissionais como também os acadêmicos de medicina, por constituírem um grupos de risco a se contaminarem - e também se tornarem eventuais veículos de transmissão de doenças aos seus familiares e a seus pacientes - submetam-se às vacinações disponíveis tanto no Sistema Público como no Privado e aos reforços das mesmas, conscientizando sua clientela a não negligenciarem as prevenções disponíveis de doenças cuja morbidade e mortalidade podem ser plenamente evitáveis.
O médico possui o papel ético-social de sua própria proteção e a responsabilidade de, positivamente, influenciar o comportamento da sociedade.
*Dr. Luiz Ernesto Pujol é pediatra, presidente do CRM-PR no período de junho de 2015 a janeiro de 2017, sendo atualmente
conselheiro e secretário-geral. Artigo elaborado em 11/01/2019.