13/08/2009
Gripe: APM diz que não existem leitos suficientes para atender pacientes
Não há vagas suficientes nas unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) no Brasil para atender a todos os pacientes em estado
grave da influenza A (H1N1) pandêmica - gripe suína. A afirmação é do presidente da Associação Paulista de Medicina (APM),
Jorge Curi.
Segundo ele, cirurgias de menor importância estão sendo adiadas para deixar parte dos leitos das UTIs disponível para
as vítimas da doença. "Nos grandes hospitais públicos, hoje se deixa de fazer cirurgias eletivas para utilizar os leitos de
UTI para gripe", disse Curi em entrevista à Agência Brasil.
Para ele, esse gerenciamento de recursos é necessário para garantir o atendimento à epidemia. "Infelizmente, como em qualquer
epidemia que já ocorreu no mundo, isso acontece. Nós não temos leitos de UTI preparados para milhares e milhares de pessoas
de uma hora para outra", considerou.
De acordo com Jorge Curi, situações de crise como a epidemia de gripe colocam as deficiências do sistema de saúde em evidência.
"Nosso sistema trabalha no limiar muito complicado, muito no limite. Então, quando ele é muito solicitado, obviamente as deficiências
se mostram de forma mais marcante", ressaltou.
Outro problema é que existem grandes discrepâncias na qualidade da rede de saúde pública entre diferentes cidades e estados.
"Dentro do próprio estado de São Paulo é possível encontrar situações bem diferenciadas em termos de prefeituras e sistemas
de saúde", explicou.
Na avaliação do presidente da APM, os locais onde o atendimento é pior acabam comprometendo o serviço como um todo. "Nós
temos que ter um olhar para essas regiões mais fragilizadas porque elas acabam, em uma situação de epidemia, favorecendo a
fragilização de todo o sistema".
Segundo o Ministério da Saúde, a rede pública conta com 1.978 leitos de UTI em 68 hospitais de referência e está preparada
para atender a população.
A Secretaria de Saúde de São Paulo, consultada pela reportagem da Agência Brasil, não disponibilizou informações a respeito
dos leitos disponíveis para tratamento da influenza A (H1N1) - gripe suína.
O Hospital Albert Einstein, na capital paulista, apesar de ser uma instituição privada, adotou procedimento semelhante
ao da rede pública - remarcou as datas de uma série de cirurgias eletivas previstas para a semana passada devido a "um crescimento
muito grande" no número de pacientes com gripe.
Segundo o superintendente da instituição, Luís Fernando Aranha, neste ano houve um aumento de cerca de 20% no número de
pacientes com sintomas de gripe atendidos na unidade. Por isso, o hospital ampliou não só o espaço físico, mas também o número
de funcionários do pronto-socorro.
"Alargar o oferecimento de leitos intensivos" na rede pública é uma medida apontada como necessária por Jorge Curi. Ele
destacou que a falta de financiamento "é um problema muito presente na saúde pública brasileira", com repercussão na gestão
do sistema.
Curi ressaltou a necessidade de não só aumentar a capacidade de tratamento da rede pública, mas também de investir em
áreas como estatística, "para estudarmos pontualmente as coisas que acontecem".
Fonte: Agência Brasil