Ele foi o primeiro dos candidatos a participar de plenária temática, na segunda-feira. O próximo será Ratinho Junior, dia
17. O ciclo visa contribuir para o processo democrático.
O peemedebista Rafael Greca foi o primeiro dos candidatos a prefeito de Curitiba sabatinados no Conselho Regional de Medicina
do Paraná. Na sessão plenária temática realizada na noite de segunda-feira, 10, o postulante ao Executivo neste pleito de
2012 apresentou suas propostas para o setor de saúde, que qualificou como uma de suas prioridades, exaltando a disposição
de oferecer melhores condições de trabalho ao médico, valorizando plano de carreira e estabelecendo pisos salariais mais atraentes
aos profissionais, de modo a motivá-los a permanecer no serviço público.
A apresentação do candidato, sucedida de perguntas encaminhadas previamente, foi acompanhada presencialmente por representantes
da Associação Médica, Sindicato dos Médicos, Academia Paranaense de Medicina, Associação, Sindicato e Federação dos Hospitais
e ainda conselheiros e médicos interessados. O evento ainda teve transmissão online, permitindo o acompanhamento pela internet.
O próximo candidato a comparecer no CRM, na noite de 17, das 20 às 21h, será o candidato Ratinho Junior, da coligação "Curitiba
com cara nova". Na noite de 24 será a vez de Luciano Ducci, da "Curitiba sempre na frente", com Gustavo Fruet, da coligação
"Curitiba quer mais", encerrando o
href="https://www.crmpr.org.br/lista_ver_noticia.php?id=5526" target="_blank">ciclo "Propostas políticas à saúde"
em 27 de setembro. Os encontros presenciais são abertos aos médicos, com as transmissões abertas à sociedade.
Rafael Greca, acompanhado de sua vice Marinalva da Silva e assessores, foi recepcionado pelo presidente do CRM, Alexandre
Gustavo Bley, que se referiu à iniciativa como contribuição ao processo eleitoral e valorização dos direitos de cidadania.
Na abertura, o conselheiro usou pesquisa nacional recente para respaldar o argumento de que a saúde é hoje a prioridade prevalente
na sociedade, merecendo destaque entre as propostas dos candidatos. O candidato, que usa o slogan "Por respeito a nossa gente",
fez uma avaliação crítica da atual estrutura assistencial e disse ter havido uma desconstrução desde o período que foi prefeito.
Para ele, falta resolubilidade e isso é reflexo de má gestão de recursos, de remédios e de trato com médicos. Garantiu mais
atenção à área de saúde mental, inclusive aos dependentes químicos, prevendo a reativação do modelo da fazenda Solidariedade,
que funcionou em Campo Magro e chegou a acolher 800 moradores de rua.
Reiterando aspectos de entrevista que tinha concedido algumas horas antes ao jornal da Gazeta do Povo (confira abaixo
os que envolvem a saúde), Rafael Greca prometeu corrigir descontrole de demanda disciplinando o fluxo de atendimento no que
se refere aos de rotina e de urgência e emergência. Descartou investimentos em hospitais próprios e previu parcerias para
suprir as necessidades de leitos e de atenção às emergências, bem como a integração dos municípios metropolitanos, sobretudo
para atender a demanda reprimida de consultas especializadas. Considerando que o município hoje já gasta seus 15% constitucionais
do orçamento em saúde, Rafael Greca disse que recursos adicionais para o setor seriam obtidos a partir de ajustes administrativos,
incluindo revisão de contratos terceirizados, como o do ICI. O candidato garantiu repetir a administração com um médico na
secretaria de saúde e mostrou receptividade à sugestão de contar com um conselho consultivo formado por representantes das
entidades médicas.
Leia matéria publicada no
href="http://www.rafaelgreca15.com.br/noticia/387/Greca-quer-redimensionar-modelo-de-saude-em-Curitiba" target="_blank">site
do candidato.
Trechos da entrevista à Gazeta
Rafael Greca, em sua entrevista à Gazeta do Povo, disse que pretende melhorar os salários dos médicos para motivá-los
a permanecerem no sistema público. "Com bons salários e segurança, os médicos ficarão no serviço público". Criticou ainda
os hospitais específicos. "Daqui a pouco teremos o hospital da loira", disse o peemedebista. Para o concorrente, as emergências
terão de ser atendidas nos hospitais de referência.
Na área de saúde o senhor tem focado nos programas de TV, o senhor trocaria a atual gestão da saúde? Como gestão, o
que o senhor faria para melhorar?
É preciso um serviço público com uma gestão pública. E o meu entendimento é que os médicos devem ganhar bem. A gente deve
pagar R$1 mil por plantão, por exemplo, deve-se levantar o patamar salarial dos médicos públicos municipais e manter aberto
o serviço que possa suportar a demanda. E atrás de cada posto 24h, eu posso falar de cadeira, pois fui eu quem os criou, colocar
uma reserva de leitos. Se você tem um posto 24h com 21 leitos, você tem que ter atrás pelo menos cinco vezes mais, resultando
em 105 leitos reservados para receber a demanda do posto 24h. Assim era o Centro de Saúde 24h do Boa Vista, que tinha atrás
de si o Hospital de Clínicas; o Centro de Saúde do Campo Comprido tinha o Hospital Evangélico; o Centro de Saúde do Boqueirão
tinha o Hospital Cajuru. Eu não gosto de Hospital do Idoso, da Mulher, daqui a pouco vai ter 'Hospital da Loira', 'Hospital
do Manco', não precisa. Na minha cabeça, hospital é hospital geral, no máximo dividido em hospital infantil e hospital de
adulto. A minha visão é que a cidade precisa de bons hospitais gerais, como o Sírio Libanês [em São Paulo]. Como ela [a cidade]
é gestora plena do SUS, tem que por dinheiro firme para garantir a gestão dos centros 24h. Para aliviar a pressão, em cada
oito centros, nós criaremos um centro sentinela e um centro 16h, que funcionará das 8h às 24h. Ele vai atender as demandas
clínicas e vai deixar as urgências apenas para o 24h apenas com o Samu. As emergências eu vou fazer direto com o Siate e direto
nos Hospitais da rede de apoio. Eu vou aumentar os centros de especialidades médicas. A cidade precisa de pelo menos 12, pode
ter oito aqui e quatro na RMC. Eu vou ser muito generoso com a saúde.
Como o senhor instalaria centros de saúde na RMC?
Instalaria junto com os prefeitos locais através de um pacto de SUS, também com o governo federal e o governo municipal.
O pacto existe. Hoje, a prefeitura pega o dinheiro para pegar a demanda metropolitana, mas não atende nem os curitibanos nem
os metropolitanos. Eu andava no Cajuru e encontrei um hipertenso que disse que não tem mais remédio no posto da Solitude.
O povo está vendo isto e está dizendo que o dinheiro que falta para o remédio sobra para bandeiras e cavaletes da eleição.
De onde o senhor tirará a verba para esses projetos na saúde?
Tudo isso custa muita vontade política. Quando eu fui prefeito a cidade tinha um orçamento um pouco menor que hoje, pois
aumentou o padrão de arrecadação da população. Eu fui prefeito sem o apoio federal, nós estávamos no rescaldo da era Collor.
Para o Bairro Novo, me deram R$1 milhão, o resto eu fiz sozinho. Só eu dos três candidatos tem vontade e experiência para
mudar Curitiba para melhor. Tirarei o dinheiro do orçamento municipal, já que está sobrando do excesso de terceirizações.
O ICI [Instituto Curitiba de Informática] funciona em um prédio que era público. É o CPD do IPPUC, que eu construí. Eu vejo
com tristeza o prédio que eu criei para uso do povo ser sede de uma empresa particular. Os particulares se sentaram nas mesas
públicas e viraram donos. Alguma coisa tem que ser terceirizada, mas eu não aceito a usurpação do patrimônio público.
Quanto aos médicos, percebe-se que eles não têm vontade de permanecer no serviço público, como o senhor avalia essa
situação?
Com um bom salário e segurança eles permanecem. Eu conseguia ter seis médicos por turno no posto 24h. Nós podemos ter
bons médicos e reestabelecer serviços se tivermos interesse e o único lucro da cidade é o bem estar da população.
Em Curitiba, existem 2.100 mil pessoas com dependência química que sofrem com a falta de leitos, o que é possível fazer?
Nós estamos perdendo meninos de rua para a morte. A Praça Eufrásio Correia, a da Estação, está totalmente ocupada pelos
excluídos. Eu só pude senti rum nó na garganta da impotência da Prefeitura que largou mão do resgate social. Eu, pessoalmente,
comandava o resgate social junto com a Margarita. Tínhamos uma fazenda, Solidariedade, em Campo Magro, que chegou a acolher
800 moradores de rua. Tínhamos uma casa de acolhida e de regresso na rodoviária, para que as pessoas do interior, que consumindo
suas poupanças pudessem ter a passagem de volta para não terem que ficar na cidade se prostituindo. Nós tínhamos um ônibus
da linha Sopão, a gente fazia a triagem do serviço social, as assistentes sociais conversando com a população de rua dentro
do ônibus, na praça dos travestis, na praça da prostituição feminina, na Praça Tiradentes, nós cuidávamos pessoalmente do
resgate social. Quase todos os mendigos eu conhecia pelo nome. Nós trabalhamos fortemente no resgate social. Isso tem que
ser retomado. Hoje, se pegarmos os moradores de rua em surto, leva-se para o CRAS, depois para o CAPS I e CAPS II. O [Luciano]
Ducci, orgulhoso, baseado em um programa da presidente Dilma, diz que vai fazer um CAPS III, depois eles soltam na rua. Não
tem aonde levar. O Bom Retiro está perdendo espaço com o silêncio da cidade. Nele, eu montaria um Bosque da Saúde, um grande
programa de acolhimento social. Só que ainda não tenho a caneta na minha mão. Curitiba, põe a caneta na minha mão para ver
o que eu faço.
Qual sua opinião em relação à internação compulsória de dependentes?
Em casos graves de risco, tem que haver. A cidade não pode ser madrasta, tem que ser mãe.
Leia a entrevista na
href="http://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/conteudo.phtml?id=1295888" target="_blank">íntegra.