01/03/2011
Governo volta a adiar início do ponto eletrônico
Prazo para implantação do novo equipamento terminaria hoje. Mas, por falta de aparelhos no mercado, empresas ganharam mais
seis meses.
Pela segunda vez, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) adiou a entrada em vigor da Portaria n.º 1.510, que obriga
as empresas com mais de dez funcionários a instalar um novo ponto eletrônico, o chamado Registrador Eletrônico de Ponto (REP).
A regra, que começaria a valer hoje, foi postergada para 1.° de setembro.
O comunicado do MTE informa que o adiamento ocorreu, entre outros fatores, porque menos da metade das empresas comprou
o novo aparelho. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Fabricantes de Equipamentos de Registro Eletrônico de
Ponto (Abrep), das 370 mil empresas que utilizam o registro eletrônico em todo o país, apenas 100 mil fizeram a substituição
da máquina.
Escassez
As empresas que precisam comprar o equipamento afirmam que faltam, no mercado, aparelhos adequados às exigências da portaria.
Muitas não conseguem encontrá-los, e as que encontram, apesar de pagar adiantado, têm de aguardar longos períodos até a entrega
- há casos de companhias que compraram o aparelho há 45 dias e ainda não o receberam.
"A indústria que produz o equipamento não está dando vazão. Só nos shoppings espalhados pelo país são 98 mil lojas em
busca do produto", afirma o diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop),
Luís Augusto Ildefonso da Silva.
O novo aparelho vai permitir que os trabalhadores tenham o comprovante impresso toda vez que houver registro de entrada
e saída, inclusive no horário do almoço, passando a ter total controle sobre as horas trabalhadas no mês. O sistema também
garante mais segurança no registro das informações.
"A vantagem para empregados e empregadores é justamente o maior controle das jornadas praticadas. O empregado terá a certeza
de que não haverá manipulação do cartão pelo patrão, que, por outro lado, também tem a garantia de que as anotações refletem
a realidade trabalhada, nem mais nem menos", destaca a advogada trabalhista Lilliana Bortolini.
Entretanto, empresários reclamam do custo extra que a implantação vai gerar. Além do preço de compra do equipamento, que
custa em média R$ 3,5 mil, há o preço da bobina de papel - R$ 6 cada uma. "Cerca de 70% dos espaços em shoppings são ocupados
por pequenas e média empresas. O investimento para essa categoria será alto", aponta Ildefonso. "Além do custo de instalação
do equipamento, do sistema apropriado exigido pelo Ministério do Trabalho e do gasto com papel, ainda há a despesa com a manutenção
do sistema", complementa Lilliana.
Acertos
Os próximos seis meses até a portaria entrar em vigor serão utilizados para eventuais acertos na regra. Ainda há inúmeros
questionamentos quanto à real necessidade do REP. Muitos sindicatos e empresas já entraram com ações judiciais e aguardam
o julgamento. "Ainda existem discussões sobre a exigência do REP, pois existem outras formas seguras de controle de jornada.
Certamente, o tema sofrerá grandes discussões e revisões", ressalta a advogada trabalhista.
Já a Alshop vai manter contato com lideranças em Brasília para tentar avaliar melhor a medida. De acordo com o diretor
de relações institucionais da entidade, nem mesmo a revogação da portaria está descartada.
Fonte: Gazeta do Povo