10/02/2009
Genéricos ainda perdem espaço para medicamentos de marca, mostra pesquisa
Mesmo com custo reduzido e os mesmos benefícios, os medicamentos genéricos ainda perdem espaço no mercado farmacêutico para
os remédios de referência ou de marca. É o que mostra uma pesquisa encomendada pelo Sindicato dos Farmacêuticos de Minas Gerais.
O estudo indica que, mesmo após dez anos da Lei 9.787 - que estabelece a comercialização do genérico - a população brasileira
ainda tem dúvidas a respeito da qualidade do medicamento. A pesquisa ouviu 1.217 pessoas com o objetivo de descobrir qual
o maior entrave em torno desses remédios.
Em Belo Horizonte, por exemplo, os resultados mostram que os medicamentos de referência - ou de marca - são os preferidos
de 58,7% dos entrevistados, enquanto apenas 20,4% preferem os genéricos.
O sindicato ouviu ainda farmacêuticos, atendentes de farmácia e médicos. Segundo os dados, 95,4% dos balconistas ouvidos
confiam nos genéricos, mas somente 48,9% têm o hábito de oferecer o medicamento aos clientes com freqüência.
Ainda de acordo com a pesquisa, o próprio consumidor não tem o hábito de perguntar sobre a disponibilidade do genérico
- apenas 37,2% solicitam.
Outra constatação do estudo é em relação aos receituários médicos - na maioria consta apenas o nome do medicamento de
marca e não do princípio ativo, que daria ao consumidor a opção do genérico. Segundo a pesquisa, uma pequena parcela dos profissionais
médicos entrevistados afirma receitar o princípio ativo com freqüência.
Para Rilke Novato, diretor do Sindicato dos Farmacêuticos de Minas Gerais e vice-presidente da Federação Nacional dos
Farmacêuticos, falta "determinação" por parte do cliente na procura por medicamentos mais baratos.
"Ele ainda está refém do mercado. Ainda não tem o costume, não criou o hábito ou o conhecimento suficiente para cobrar
no consultório médico que o medicamento prescrito seja no nome genérico. Ou então, para fazer o mesmo na farmácia e cobrar
se, de fato, existe genérico. Essa posição do consumidor é definidora dessa situação."
Segundo Novato, a constatação de que a maioria arrasadora das receitas médicas ainda vem com o nome do medicamento de
marca surpreendeu. O percentual chegou a 77%. Ele lembrou que a receita praticamente determina o medicamento a ser adquirido,
uma vez que as pessoas tendem a comprar apenas o remédio prescrito.
"Isso leva à seguinte preocupação: a de que os prescritores da categoria médica ainda demonstram resistência ou dificuldade
para aderir à política de genéricos. A grande resposta ou solução vem de uma propaganda oficial, aquilo que foi feito no início
do anos da promulgação da Lei 9.787/99, deve ser retomado de forma mais incisiva, mais enfática. É fundamental que o Ministério
da Saúde e o governo federal retomem uma propaganda maciça para a divulgação dos genéricos porque isso implica benefício para
a população".
Fonte: Agência Brasil