18/04/2008
Duara: Se os governos fizerem campanhas e as pessoas se conscientizarem que basta beber moderadamente e parar
de fumar para se protegerem dessa doença tão assustadora, acredito que teríamos avanços consideráveis
O excesso na hora de fumar e beber pode antecipar os sintomas do mal de Alzheimer em cerca de oito anos, afirma um
estudo divulgado nesta quarta-feira. E, quanto mais cedo a doença chega, mais casos se somam nos hospitais, afirmam
os médicos.
“A prevalência do Alzheimer aumenta de acordo com a idade média dos pacientes. Segundo estimativas,
ela dobra a cada cinco anos a partir dos 65 anos de idade”, explica o autor do estudo, o neurologista Ranjan Duara,
do Centro Médico Monte Sinai, nos EUA. Ou seja, a prevalência do mal entre a população com 70
anos de idade é duas vezes maior do que a que existe entre os que têm 65 anos, e assim por diante.
“Nosso cálculos indicam que se conseguíssemos atrasar o aparecimento da doença em cinco
anos em média, o número de casos cairia pela metade”, afirma o médico.
É aí que entra a pesquisa, divulgada na Reunião Anual da Academia Americana de Neurologia, em
Chicago, nos Estados Unidos. Se o elo for comprovado, ficam abertas as portas de uma excelente e simples medida de saúde
pública contra o Alzheimer.
Campanhas
“Se os governos fizerem campanhas e as pessoas se conscientizarem que basta beber moderadamente e parar de fumar
para se protegerem dessa doença tão assustadora, acredito que teríamos avanços consideráveis”,
diz Duara.
A pesquisa analisou 938 pessoas de mais de 60 anos diagnosticadas com Alzheimer “provável”. Os cientistas
reuniram informações sobre esses pacientes e verificaram se eles eram portadores de uma variante do gene APOE,
ligada a um aumento no risco de se desenvolver a doença –- e 27% deles eram. Além disso, 20% foram considerados
fumantes abusivos, porque consumiam um ou mais maços de cigarro ao dia 7% bebiam em excesso, mais de duas doses diárias.
De todos os analisados, 17 indivíduos tinham os três fatores de risco: bebiam demais, fumavam demais e
tinham o gene APOE. Neles, o Alzheimer chegou cerca de 8,5 anos antes que nos demais – em média, os primeiros
sintomas apareceram aos 68,5 anos. Havia também pessoas que não tinham nenhum desses fatores, um total de 374
– nelas, a doença surgiu, em média, aos 77 anos.
Benefícios moderados
Duara lembra que estudos anteriores informaram efeitos benéficos do consumo moderado de álcool, o que
representa uma dose ao dia. “É um benefício que só surge com o consumo moderado. Assim que se
torna exagerado, o álcool acelera o Alzheimer”, explica. Trabalhos que afirmaram que o cigarro teria um efeito
protetor contra a doença erraram, segundo ele. “Não há nada que indique que o fumo tenha esse
efeito. Pesquisas mais novas mostraram que fumar aumenta o risco de Alzheimer e demência em 50%”, diz ele.
Além de pegar leve na bebida e parar de fumar, o neurologista recomenda também exercícios regulares
e uma dieta saudável para diminuir as chances de se ter a doença.
Fonte: G1, da Globo.