13/07/2009
Fórum para debater violência contra médicos
No ano passado, em meio a uma sucessão de episódios de violência contra médicos no ambiente de trabalho, o Conselho Regional
de Medicina do Paraná manifestou sua preocupação aos organismos públicos de segurança. O tema volta às discussões face as
novas denúncias de agressões e ameaças contra os profissionais, incluindo os que atuam na área de perícia médica do INSS ou
em unidades de saúde de bairros periféricos de grandes cidades. Deste modo, o CRMPR analisa a proposta de realizar no segundo
semestre um fórum para debater a questão da violência, visando obter subsídios e propor ações voltadas a resguardar a integridade
física do médico.
Durante a reunião plenária de 6 de julho último, os conselheiros do CRMPR recepcionaram na sede de Curitiba a Dr.ª Luciana
Tironi Sanson Przysiezny, médica perita e delegada do Paraná na Associação Nacional dos Médicos Peritos, e o Dr. Otávio Silveira
Pareja, supervisor médico junto ao INSS. Eles relataram as dificuldades atuais de trabalho na área de Previdência Social que,
além da violência, incluem condições e consultórios inadequados, falta de privacidade e instrumental sucateado, que envolve
tanto os peritos concursados como os terceirizados (credenciados).
De acordo com a Dr.ª Luciana, mesmo os dois últimos concursos realizados não foram suficientes para atender a atual demanda,
fazendo com que a fila de espera, que deveria ser de cinco dias, chegue a pelo menos um mês. A demora, associada ao aumento
dos indeferimentos dos pedidos feitos pelos beneficiários do sistema, tem refletido em maior frequência de casos de ameaças
e até agressões, sendo registradas duas somente na primeira semana de julho.
Ao comentar as agressões, rememorando até casos extremos como o da morte de uma servidora de Minas Gerais em 2007, o Dr.
Otávio Pareja queixou-se que ainda não há a devida atenção ao problema nas escalas superiores, já que iniciativas implementadas
até agora referem-se à realização de curso de laudo para autônomos, orientação de rotas de fuga e instalação de botão de pânico.
Medidas efetivas de segurança e condições de trabalho, que passam pela questão salarial, têm sido ignoradas, como assinalou
o supervisor. Ele citou o caso de uma beneficiária que recebeu voz de prisão da equipe depois de quebrar os computadores do
posto, sendo necessária a intervenção da Polícia Federal.
O conselheiro Lutero Marques de Oliveira lembrou as garantias ao médico previstas no Código de Ética e sugeriu reunião
com o Ministério Público para debater a questão. O conselheiro Hélcio Bertolozzi Soares lamentou que as agressões estão hoje
presentes em todas as áreas de atuação do médico, enquanto o par Gerson Zafalon Martins considera exagerada a cota de 24 perícias
diárias.
Solidário à mobilização dos peritos, o conselheiro Marco Antonio Bessa recordou que tem havido contestações de atestados
psiquiátricos e propôs reunião específica sobre a questão envolvendo CRM, Sociedade Paranaense de Psiquiatria e Sociedade
Brasileira de Perícias Médicas. Em meio a outras sugestões visando gerar menos conflitos na área de perícias, foi acolhida
a ideia da promoção de um fórum ainda este ano.