20/08/2008
Fiocruz testará medicamento preventivo antiaids em 200 voluntários
A Fundação Oswaldo Cruz iniciou o cadastramento de 200 voluntários homossexuais que irão participar de uma pesquisa mundial
para determinar se o medicamento comercializado com o nome de Truvada, já usado no coquetel antiaids, pode também prevenir
a contaminação pelo HIV.
Um estudo publicado em 2006 demonstrou que a droga teve 97% de eficácia para prevenir a infecção pelo HIV em macacos.
O Truvada, já aprovado pelo Foods and Drugs Administration (órgão que controla medicamentos nos EUA), combina em comprimido
o tenofovir e a emtricitabina. É usado em vários países, inclusive no Brasil, no tratamento da aids.
"Há outros modelos de estudos em andamento, mas essa droga é a que se mostrou mais promissora", disse o infectologista
do Instituto de Pesquisas Clínicas e coordenador do estudo na Fiocruz, Jorge Eurico Ribeiro.
O estudo global está sendo conduzido pela Universidade de São Francisco e é patrocinado pelo National Health Institute,
o ministério da saúde norte-americano, e pela Fundação Bill Gates. Reúne 3.000 voluntários de seis países, que serão acompanhados
por um ano e meio.
O Truvada foi escolhido por ser um medicamento seguro, com poucos efeitos colaterais e já foi usado por cerca de 150 mil
pessoas. O comprimido será tomado um vez ao dia por metade dos voluntários. A outra metade irá tomar placebo.
"Se o número de infecções for menor no grupo que recebeu o Truvada, isso pode indicar que ele é eficaz na prevenção da
contaminação. Se o índice de novas infecções for baixo em ambos os grupos, teremos conseguido uma forma de aconselhamento
que efetivamente reduziu o risco HIV", explicou Ribeiro, ressaltando que a equipe da Fiocruz está comprometida em diminuir
os índices de infecção.
Durante as 72 semanas da pesquisa, os voluntários serão examinados e farão exames mensalmente, além de responderem a um
questionário anônimo sobre o seu comportamento sexual no período Ribeiro enfatizou que o grupo receberá camisinhas e orientações
de como evitar a contaminação.
"Vamos acompanhar um grupo de alto risco e cruzaremos as informações que eles nos darão com os exames para chegar ao resultado",
explicou Ribeiro. Os voluntários têm de ser homens que façam sexo com homens, tenham no mínimo 18 anos e sejam HIV negativo,
saudáveis e sexualmente ativos.
O fabricante do Truvada, o laboratório Gilead Sciences, está fornecendo os comprimidos para o estudo, mas não participou
do desenho, da implementação ou da aplicação do trabalho, informou Ribeiro. "O estudo está totalmente de acordo com padrões
éticos e foi aprovado pela Fiocruz e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) do Ministério da Saúde", disse ele.
Fonte: Gazeta do Povo