** Confira vídeo do Dr. João Luiz Bettega e de personagens que fazem parte da história do Sanatório do Portão, hoje Hospital do Trabalhador. **

O 120º Picadinho Cultural Dr. Wadir Rúpollo, da Academia Paranaense de Medicina, realizado no último dia 25 de abril, marcou merecida homenagem à memória do eminente professor e médico João Luiz Bettega (CRM-PR 525) e de restauro da origem do Sanatório Médico-Cirúrgico do Portão, que com seu sucessor Hospital do Trabalhador completou 70 anos de atividades. O encontro, no restaurante da Associação Médica do Paraná, teve as participações de familiares do médico homenageado, pioneiro na cirurgia torácica do Paraná, bem como muitos de seus discípulos na área de pneumologia e também dirigentes e integrantes e ex-integrantes do corpo clínico do – agora – HT.

A palestra foi proferida pelo Prof. Dr. Jonatas Reichert, pneumologista, cirurgião torácico do Sanatório Médico (de 1981 a 1982), presidente da Sociedade Paranaense de Tisiologia e Doenças Torácicas (2004/6) e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Também um dos discípulos do professor, o palestrante apresentou parte de pesquisa que realizou no início dos anos 1990 sobre a história do hospital e tendo em destaque um vídeo gravado com o Dr. João Bettega, que viria a falecer poucos anos depois, em 1996, aos 80 anos de idade.

Em sua fala, o Prof. Jonatas Reichert chamou a atenção para a importância da família do Dr. João Bettega e de sua esposa, D. Rute Braga Bettega – ambas tradicionais de Curitiba ‑ no desenvolvimento do Paraná, com destacada atuação nos meios políticos, jurídicos e, sobretudo, na Medicina. Nascido em 4 de maio de 1916, o Dr. João Bettega teve dois filhos médicos – João Filho, formado em 1971 e já falecido, e José Carlos Braga Bettega, formado em 1988 e que também tem uma filha médica, a Dra. Ana Luiza. Entre os demais filhos e que seguiram a carreira jurídica está o desembargador Renato Braga Bettega, atual presidente do Tribunal de Justiça do Paraná e que esteve presente na palestra-homenagem, juntamente com outros familiares.

Ao lado dos cunhados Homero de Mello Braga, médico pediatra, e Rubens de Mello Braga, deputado federal, o Dr. João Bettega tiveram destacado papel no combate à tuberculose em meados do século passado, a “peste cinzenta” então com impacto trágico em todo o Mundo. Também os primos contemporâneos, João Ernani Bettega e Elói Vicente Bettega tiveram destacado papel na atividade médica, na docência e na representatividade classista. Como destacado em sua palestra, o Dr. João Bettega era determinado e empreendedor. Ainda antes de se formar pela UFPR em 1938, ele já se destacava entre os acadêmicos que frequentavam o Instituto de Medicina e Cirurgia do Paraná, passando a atuar depois ao lado de cirurgiões afamados da época, como o Prof. Erasto Gaertner. Em 1942 ele ajudou a fundar a Sociedade Paranaense de Tisiologia e Doenças Torácicas e, em 1947, inaugurava e assumia a direção do Sanatório Médico do Portão, direcionado para assistir aos pacientes com doenças pulmonares, sobretudo a tuberculose. Permaneceu na função até 1968 e, hoje, empresta o nome ao auditório do Hospital do Trabalhador. O Dr. João Bettega continuou na docência até 1981, quando se aposentou pela UFPR.

Outro destacado discípulo do Dr. João Bettega (e também um dos mais antigos em vida) que fez questão de estar presente foi o Dr. Francisco Boscardim Netto, 91 anos, igualmente um dos mais renomados cirurgiões e pneumologistas do Paraná e já prestes a completar 70 anos de atividade médica. Durante o encontro, ele enalteceu a amizade e a importância do professor na formação de gerações de médicos e na preservação de vidas, eis que o professor era incisivo em sua postura humanitária.

Ao encerrar sua apresentação, o Prof. Jonatas Reichert chamou a atenção para a contribuição dada pelo Dr. João Bettega à arquitetura de Curitiba, quando confiou ao então jovem arquiteto Vilanova Artigas – que se tornaria mestre do modernismo no Brasil – a construção de sua casa na da Paz, 407, em Curitiba, em projeto concluído em 1953. O imóvel, onde a família residiu por meio século e que também serviu de consultório, é um dos poucos imóveis remanescentes da arquitetura de expressão modernista e foi tombada como patrimônio histórico e urbano de Curitiba e do Estado. Ganhou a denominação de “Residência Dr. João Luiz Bettega”.

Prestigiamento

Coube ao presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, Des. Renato Braga Bettega, um dos filhos do Dr. João Bettega, entregar ao palestrante um diploma especial concedido pela Academia Paranaense de Medicina. Em nome dos demais familiares, o magistrado agradeceu a especial homenagem, que marca o 101.º aniversário de nascimento do ilustre médico e professor, que em 1989 tinha sido homenageado pelo CRM-PR, que lhe conferiu o Diploma de Mérito Ético-Profissional pelos 50 anos dedicados à atividade de forma exemplar.

O Picadinho Cultural teve a coordenação do presidente da Academia, Prof. Aristides de Athayde Neto. Além de vários membros acadêmicos, dentre eles os Drs. Bruno Maurizio Grillo, Hélio Germiniani, Avelino Ricardo Hass, José Fernando Macedo e Jurandir Marcondes Ribas Filho, também vice-presidente da Associação Médica Brasileira. Ainda prestigiaram o evento Nerlan Tadeu Gonçalves de Cravalho, presidente da Associação Médica do Paraná; Luiz Ernesto Pujol, secretário-geral e representante do CRM-PR; Lêda Maria Rabelo, presidente da Sociedade Paranaense de Tisiologia e Doenças Torácicas; Geci Labres de Souza Júnior, diretor geral do Hospital do Trabalhador, que, tal como quando nasceu como Sanatório, em meados do século passado, destaca-se pela complexidade e qualificação dos serviços ofertados – hoje conta até com heliponto.

Confira a apresentação: