"Além da nossa função de atender na área de saúde, que é curar e prevenir doenças, procuramos levar esperança e tentamos mostrar
para as pessoas que a vida pode melhorar e ser reconstruída", afirma Gilvan Barreto, enfermeiro do Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (SAMU 192), que saiu de Sergipe para ajudar como voluntário no atendimento de desabrigados pelas enchentes
no Acre no início de 2012. Gilvan faz parte da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FNSUS) um componente humanitário
do Ministério da Saúde que presta assistência rápida e efetiva às populações atingidas por catástrofes, epidemias ou crises
assistenciais.
Assim como o enfermeiro, outras nove mil profissionais de saúde se inscreveram em 2012 para ser voluntário da Força Nacional.
Devido ao grande número de pessoas que ligaram e passaram e-mails para o Ministério da Saúde querendo participar como voluntário
e solicitando um novo cadastro, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, autorizou a reabertura das inscrições para a Força
Nacional do SUS. As inscrições devem ser feitas até dia 28 de fevereiro. Podem fazer parte da FNSUS voluntários de entidades
públicas ou privadas que atuam na área da saúde, sendo médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, condutores de veículo,
assistentes sociais e psicólogos. "A FNSUS está se fortalecendo a cada momento que um voluntário se inscreve. O valor desse
profissional que está conosco, se dedicando, deixando sua família, seu trabalho na cidade onde vivem para passar 10 dias com
a Força Nacional do SUS, isso é uma demonstração de amor, de respeito ao ser humano", diz Conceição Costa, coordenadora Nacional
de Ações Estratégicas do Ministério da Saúde e responsável pela equipe da Força Nacional do SUS que está atuando em Santa
Maria (RS).
A Força Nacional atua em todo o território nacional, como aconteceu no recente incêndio da boate Kiss, em Santa Maria,
que acarretou na morte de 238 pessoas e deixou mais de 100 feridos. E em território internacional, a exemplo do terremoto
que atingiu o Haiti em 2010 quando mais de 100 mil pessoas morreram e milhares ficaram desabrigadas. "Atuamos quando todos
os recursos são expirados. Atuamos em apoio aos estados e aos municípios em ações altamente integradas de apoio. Nossos profissionais
atuam na assistência às vitimas", explica a coordenadora.
Os voluntários da Força Nacional do SUS não recebem benefícios financeiros por participarem das ações. Entretanto, os
profissionais que trabalham na rede pública de saúde são liberados durante o período necessário e não deixam de receber o
salário. Conceição explica que a convocação é feita pela União aos gestores municipais e estaduais. Há um acordo de cooperação
técnica para a liberação desses profissionais que ao fim da missão recebem uma declaração de participação na FNSUS. "Não existe
um ganho financeiro, mas existe um ganho de amor a causa, um ganho de experiência profissional, de valorização as coisas mínimas
da vida. Um ganho que escola nenhuma, universidade nenhuma nunca ensinou. Lições aprendidas a cada momento que você saí para
atuar em cada situação de emergência à saúde pública. E o ganho de saber o quanto o SUS tem se fortalecido diante desses profissionais.
O SUS não é do ministério, não é do estado, é da população".
A FNSUS pede para que os profissionais que se cadastraram a primeira vez não se cadastrem novamente. Os voluntários que
estão se cadastrando agora estão entrando no banco de dados da Força. A partir de março terá um cadastro único que soma os
nove mil que já estão no cadastro com os novos inscritos.
Maria Sheila Almeida dos Santos, também foi convocada pela Força para ajudar os desabrigados das enchentes no Acre. Em
um só dia a enfermeira do SAMU chegou a atender 50 crianças. Próximo a uma aldeia indígena, Sheila encontrou uma criança desidratada.
"Não tínhamos como removê-la, pois o helicóptero não podia ir até a aldeia à noite. O barco também não, porque a travessia
noturna era perigosa. A lancha balançava muito, mas conseguimos manter a criança hidratada para salvar sua vida e continuar
o atendimento na cidade. A experiência foi muito válida. Você vê que seu trabalho pode ajudar o próximo, vale a pena, é gratificante.
Todos que viajaram comigo têm a mesma opinião", conta a voluntária.
Capacitação
Os profissionais terão capacitação específica para atuarem em situações de calamidade. "Destes nove mil inscritos, mil
já foram selecionados e 320 já foram treinados no ano passado. Temos uma nova especialização em situação de desastre, que
é feita por meio do hospital Sírio Libanês em parceria com o Ministério, mas essa é para nível superior. Após o carnaval estamos
junto à Secretaria de Vigilância em Saúde revendo um cronograma intenso que vai contemplar as demais categorias profissionais.
Nos novos cursos, que vão começar no fim do mês de maio, serão incluídos os novos candidatos", explica a coordenadora Conceição
Costa.
Estrutura
A FNSUS contará com Hospitais de Campanha para atendimento às vítimas de calamidade, podendo realizar, inclusive, cirurgias
e estabilização de pacientes críticos e / ou graves em terapia intensiva, para posterior encaminhamento para a Rede de Urgência.
Além disso, a equipe terá suporte de veículos de intervenção rápida e ambulâncias para assistência e remoção de suporte básico
e avançado à vida.
Fonte: Blog da Saúde