Estado do Paraná apresentou gasto per capita em 2019 de R$ 1.241,12, ocupando a 9ª posição no ranking; valor, no entanto,
está abaixo da média nacional, de R$ 1.398,53
Apesar de o gasto médio per capita com saúde
no País ser de R$ 1.398,53, no ano passado, entre os 26 Estados esse valor varia de R$ 787,07, no Pará, a R$
1.770,29, em Roraima. Esses montantes resultam da soma de recursos de impostos e transferências constitucionais da União
a cada uma das unidades federativas e do que é dispensado também pelos Estados e Municípios, com recursos
próprios para pagamento de despesas em Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS).
Essas despesas são voltadas para a promoção, proteção e recuperação da saúde
que atendam, simultaneamente, a princípios da Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/1990).
Além de Roraima, tiveram valores per capita
acima da média nacional apenas três outros estados: Tocantins (R$ 1.601,18), Mato Grosso do Sul (R$ 1.514,14),
e Acre (R$ 1.390,59). Estados com alta densidade populacional e índices elevados de desenvolvimento econômico
apresentaram índices menores. São os casos de Mato Grosso (R$ 1.390,59), São Paulo (R$ 1.353,23), Santa
Catarina (R$ 1.339,33) e Rio Grande do Sul (R$ 1.322,13). Na base do ranking dos gastos totais per capita em saúde,
além do Pará, surgem: Maranhão, com despesa total por ano de R$ 832,81; Bahia (R$ 924,33); Ceará
(R$ 989,06); e Paraíba (R$ 998).
Diferenciado
No caso do Distrito Federal, esse
número tem um cálculo diferenciado por conta do maior volume de recursos dispensados ao Ministério da
Saúde, cuja sede é em Brasília. No nível federal, uma despesa de quase R$ 39,6 bilhões
foi identificada em 2019 com a descrição “nacional”, que em parte reflete despesas com pagamento
de pessoal, além de itens que o Ministério da Saúde executa de forma centralizada em benefício
de todos os entes – como a compra de medicamentos de alto custo, vacinas e insumos.
Além disso, a partir de 2015, o volume principal de pagamento de servidores
ativos da União passou a constar do volume de recursos do Distrito Federal (até então carimbados como
“nacional”). Dado o impacto na proporção do DF em relação aos demais estados, a unidade
não foi incluída no ranking elaborado pelo CFM. Isso fez com que o volume de transferências da União
ficasse em R$ 2.311,64, quase cinco vezes o segundo lugar na lista (Roraima, com R$ 511,03).
Papel da União
O cálculo do volume de recursos enviados pela União aos Estados e municípios
para ajudar no custeio e no investimento em ações e serviços de saúde é feito com base
em critérios baseados nas necessidades da população; nas dimensões epidemiológicas, demográficas,
socioeconômicas e espacial; e na capacidade de oferta de ações e de serviços de saúde. Além
disso, o rateio deve ter como objetivo a “progressiva redução das disparidades regionais”, conforme
estabelece a Constituição Federal.
Ao
avaliar os dados disponíveis no Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (SIOP), administrado pelo Ministério
de mesmo nome, o CFM conseguiu identificar o total dos repasses por Estado, no período (2008 a 2019). Depois, dividiu
esses números pela população residente em cada unidade da federação, conforme estimativa
do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE), o que permitiu identificar o valor médio per capita
dos repasses por Estado.
Ranking
estadual
O segundo item da operação
que permitiu ao CFM saber exatamente o gasto per capita por Estado se baseia na análise dos valores destinados especificamente
a Ações e Serviços Públicos de Saúde descritos nos orçamentos de cada Governo Estadual.
Esses números integram relatórios que bimestralmente são encaminhados à União por meio
do Sistema de Informações sobre os Orçamentos Públicos em Saúde (Siops).
De acordo com o declarado, os governos dos 26 estados
e do Distrito Federal dispensaram, em média, R$ 366,22 na saúde de cada habitante, a partir de seus recursos
próprios (sem contar com os repasses da União e os gastos de municípios). Treze estados se colocaram
abaixo desse patamar. Os piores desempenhos foram percebidos no Maranhão (R$ 263,87), Bahia (R$ 272,04) e Pará
(R$ 278,75). Na outra ponta, se destacaram Distrito Federal, com per capita em saúde de R$ 1.260,79 ao ano, seguido
por Roraima (R$ 967,85) e Tocantins (R$ 772,17).
Municípios
Para
fechar a conta da despesa per capita por unidade da Federação, também se buscou saber qual o comprometimento
orçamentário dos municípios com essa responsabilidade legal. Nesse caso, foram analisadas as informações
oficiais das Prefeituras enviadas ao Ministério da Saúde, também por meio do Siops.
A alimentação desse sistema é uma das condições,
por exemplo, para que Estados e municípios possam continuar recebendo transferências constitucionais e voluntárias
da União, como os Fundos de Participação dos Municípios (FPM) e de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(Fundeb).
Dessa contabilidade dos recursos municipais, foram excluídos apenas Fernando
de Noronha (PE) e Brasília (DF), por terem configurações administrativas específicas. Assim, somou-se
o declarado por todos os municípios de um Estado e dividiu-se o resultado pela população total. O resultado
mostra que os 5.568 municípios que têm essa obrigação legal e administrativa responderam, em 2019,
por uma despesa per capita em saúde que ficou, em média, em R$ 441,88.
Por unidade, os melhores desempenhos médios foram percebidos entre os municípios
de São Paulo (R$ 652,70), Mato Grosso do Sul (R$ 611,90), Santa Catarina (R$ 549,62), Mato Grosso (R$ 543,5) e Paraná
(R$ 512,78). Já nas últimas posições ficaram as médias das cidades do Amapá (R$
166,31), Acre (R$ 200,78), Maranhão (R$ 223,95), Pará (R$ 236,08) e Alagoas (R$ 264,22). Considerando a média
nacional, os municípios de 19 unidades da Federação ficaram abaixo do parâmetro nacional.
Comprometimento
“Enquanto os municípios brasileiros aumentaram gradativamente
sua participação na composição das despesas públicas, os Estados, aos poucos, têm
retraído sua presença proporcional nas contas da saúde”, avalia o 1º secretário do
CFM, Hideraldo Cabeça, ao observar o comprometimento dos percentuais do orçamento com o setor entre 2008 e 2019.
Os municípios e os Estados ampliaram
o gasto, especialmente a partir dos anos 2000, com o estabelecimento da Emenda Constitucional nº 29, que vinculou os
recursos da saúde às suas receitas (12% para Estados e 15% para municípios). Em 2008, as prefeituras
assumiam 29% do gasto total público, percentual que, em 2019, alcançou 31,3%. No mesmo intervalo, no caso dos
estados, eles respondiam por 27,6% das despesas, percentual que caiu para 26,3%, no ano passado.
“No caso da União, essa vinculação,
que na década de 1990 chegou a ser responsável de 75% da participação do Estado com o gasto sanitário
total, no período analisado se manteve em torno de 43%”, complementou o conselheiro.
Fonte: SIOP/SIOPS/MS. Valores corrigidos pelo IPCA
FONTE: CFM