30/06/2008
Esquizofrenia atinge 1% das pessoas antes dos 45 anos
Quase todos já ouviram falar que a esquizofrenia é uma doença mental caracterizada por delírios e alucinações. Fortemente
estigmatizada, a doença começa, aos poucos, a ser tratada nas rodas de conversas sociais com mais normalidade. A vida do matemático
americano John Nash (portador de esquizofrenia), que teve sua biografia adaptada para o cinema, contribuiu para isso. Mesmo
com essa evolução, desmitificando a doença, poucos ainda conseguem distinguir as verdades e os mitos relacionados a esse transtorno
mental.
A esquizofrenia é relativamente comum e sua prevalência cia é similar em todo o mundo, ou seja, uma em cada 100 pessoas
desenvolve a doença antes de atingir 45 anos de idade, com riscos iguais para homens e mulheres. Além disso, a esquizofrenia
afeta pessoas de todos os países, grupos socioeconômicos e culturas, sendo uma das doenças mentais mais sérias. Estima-se
que mais de 10% dos esquizofrênicos cometem suicídio.
A esquizofrenia é um transtorno mental crônico que prejudica a habilidade de raciocínio lógico do paciente em relação
aos demais e às funções consideradas produtivas pela sociedade. Os sintomas mais visíveis desse distúrbio incluem dificuldades
no processo de diferenciar alucinações de percepções reais, raciocínio confuso e comportamento
fora do normal. Geralmente, a pessoa afetada pela doença tem dificuldade em interagir em sociedade e pensar logicamente,
o que pode contribuir com o isolamento social. Porém, sendo devidamente assistidos, os esquizofrênicos podem agir, pensar
e sentir como as pessoas sem a doença.
Segundo o médico psiquiatra Irismar Reis de Oliveira, não há cura para a esquizofrenia, mas o tratamento controla os
sintomas e ajuda a pessoa a ter uma vida parecida com a de quem não sofre do transtorno. "Isso significa que o paciente pode,
sim, vir a atuar no mercado de trabalho, ter relacionamentos afetivos, amigos, namorar e divertir-se como qualquer outra pessoa".
Um dos maiores problemas relacionados à doença é o estigma associado à esquizofrenia que acaba se estendendo até mesmo
a familiares e pessoas que convivem com os pacientes. "Infelizmente, esse estigma acaba contribuindo para o isolamento do
paciente, ao abuso de álcool e drogas e às recaídas, ou seja, provoca um efeito dominó", declara o médico psiquiatra.
MITOS E VERDADES
1- ESQUIZOFRENIA NÃO TEM TRATAMENTO
A esquizofrenia pode ser tratada. Existem hoje medicações eficientes que ajudam o paciente a enfrentar a doença. Além
disso, abordagens psicológicas e sociais ajudam na recuperação e reintegração social do paciente.
2- NINGUÉM SE CURA DA ESQUIZOFRENIA
A gravidade da doença varia de leve a grave. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maior a possibilidade de recuperação.
3- PORTADORES DE ESQUIZOFRENIA SÃO VIOLENTOS E PERIGOSOS
Pessoas com esquizofrenia podem ter momentos de agressividade, quando em crise, mas em condições normais não são violentas.
4- ESQUIZOFRENIA É DOENÇA CONTAGIOSA
Ela não é contagiosa embora sua causa não esteja esclarecida, mas está relacionada ao funcionamento do cérebro.
5- NÃO SE DEVE ACREDITAR NO PORTADOR DE ESQUIZOFRENIA
A doença se caracteriza por idéias persecutórias (estar sendo perseguida por outras pessoas), mas para a pessoa essas
idéias são extremamente reais. Muitas vezes, ela
também julga estar ouvindo vozes. Devemos conversar com a pessoa oferecendo ajuda, sabendo que ela acredita no que diz.
Tratá-la como mentirosa será isolá-la ainda mais.
6- PESSOAS COM ESQUIZOFRENIA SÃO PREGUIÇOSAS
A pessoa pode também querer se isolar de todos e se sentir sem motivação ou concentração para realizar o que fazia antes.
Pode também ter medo e ficar desconfiada das pessoas, parecendo de má vontade, sentimentos que a farão sofrer muito.
7- ESQUIZOFRENIA É UMA FRAQUEZA DE CARÁTER
O portador de esquizofrenia não decide ser assim. Ele simplesmente não consegue parar de ouvir vozes ou de se sentir assustado.
É errado imaginar que a pessoa "se quisesse, parava com isso tudo". Temos que ajudálo, insistir no tratamento até que este
comece a dar bons resultados.
8- A PESSOA COM ESQUIZOFRENIA NÃO PODE DECIDIR SOBRE SEU TRATAMENTO
O tratamento deve ser sempre discutido com o paciente e a família. Apenas em crises graves as decisões sobre internações
ou uso de medicamentos podem ser decididos
sem a participação do paciente.
9- PESSOAS COM ESQUIZOFRENIA SÃO IMPREVISÍVEIS
Pessoas com esquizofrenia podem ser mais sensíveis às situações difíceis da vida e reagirem de forma exagerada. Com o
tratamento, estimulando a interação social, essas reações tendem a diminuir.
10- PORTADORES DE ESQUIZOFRENIA NÃO PODEM TRABALHAR
O trabalho ajuda no tratamento. Quando a doença afetar muito a pessoa, trabalhos em ambientes protegidos, que respeitem
as dificuldades da pessoa, podem ser os mais indicados. A inatividade deixará a pessoa ainda mais isolada.
11- ESQUIZOFRENIA É DOENÇA PARA A VIDA INTEIRA
Com o tratamento, a tendência é de melhora ou, nos casos muito graves, de que a pessoa pare de piorar. O tratamento deve
ser acompanhado pelo médico e não deve ser interrompido sem a decisão médica.
12- A ESQUIZOFRENIA É CAUSADA PELO TIPO DE CRIAÇÃO RECEBIDA DOS PAIS
Apesar da criação ser importante para todos, a esquizofrenia não está relacionada a isso.
Fonte: Jornal Hoje, com dados obtidos no www.soesq.org.br