11/07/2019

Especialistas defendem educação para combater uso de álcool na adolescência

Posição foi firmada durante Fórum sobre Alcoolismo, promovido esta semana pelo CFM para discutir os desafios do Brasil no combate à doença

A escola é, por excelência, um espaço privilegiado de troca de saberes e de mudança de comportamentos, propício para reflexão e formação de uma consciência crítica e para a instituição de práticas socioculturais para toda a vida. Para os especialistas presentes no Fórum sobre Alcoolismo, promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), é neste ambiente que se forma cidadãos críticos, capazes de discernir os malefícios do consumo prejudicial do álcool.

clique para ampliarclique para ampliarFórum sobre alcoolismo, no CFM. (Foto: CFM)

"O profissional de educação possui no seu dia a dia, dentro da sala de aula, ou até mesmo fora dela, diferentes meios de estimular os alunos a adotarem comportamentos saudáveis. Os professores de todas as disciplinas, de todos os anos, precisam estar engajados nesse compromisso, adaptando os conteúdos e as informações de acordo com sua realidade", defendeu Andrea Ramalho Cardoso, responsável pelo Programa Saber Saúde, do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

O programa, implantado no Brasil desde 1998, forma profissionais da Educação e da Saúde para trabalharem conteúdos relacionados à promoção da saúde e prevenção do tabagismo e alcoolismo com crianças, adolescentes e jovens brasileiros dentro das escolas. Nesse sentido, apresenta, informações de base científica que auxiliam na abordagem do tema tabagismo e outros fatores de risco à comunidade escolar e local.

"Crianças, adolescentes e jovens têm sido expostos cada vez mais precocemente aos fatores de risco, especialmente ao álcool. A imagem da bebida como ‘fruto proibido’ estimula o desejo do adolescente e do jovem de transgredir, e suas principais motivações para beber são o desejo de se afirmar como adulto e pertencer ao grupo", destacou Andrea. Segundo ela, é importante que a escola insira o debate nas suas práticas pedagógicas, abordando conteúdos relacionados aos riscos associados ao uso do álcool.

No consultório

Outro ambiente favorável para o aconselhamento sobre o tema são os consultórios médicos. Na avaliação do pediatra e membro da Comissão para Controle de Drogas Lícitas e Ilícitas do CFM, João Paulo Becker Lotufo, o diagnóstico das possíveis drogas presentes nas casas das famílias é fundamental para o preparo do plano de atendimento sobre estas questões em todas as consultas.

"Inicialmente pesquisamos se há pais fumantes, alcoólatras, usuários de maconha ou crack nas famílias. A partir daí, conversamos, gastando, no bom sentido, minutos suficientes para informar e aprimorar a discussão sobre as drogas em casa, reverberando a mensagem do aconselhamento", comentou Lotufo.

O médico relatou ainda que a criança é um excelente veículo para tratar a dependência de álcool, tabaco e outras drogas em adultos. "Perguntei a um avô porque ele tinha vindo parar de fumar aos 70 anos e ele respondeu que eu havia dado um livrinho para seu neto sobre o malefício dos cigarros e toda vez que ele acendia um cigarro seu neto o fazia ler o livreto sobre o assunto. Ele já havia lido dezenas de vezes e resolveu parar de fumar", conta.

Saiba mais:
Fórum do CFM discute desafios do Brasil no combate à doença

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