24/02/2021

Esgotamento da capacidade hospitalar para pacientes com Covid-19 exige medidas emergenciais

No Paraná, com número de casos batendo recordes, 3,3 mil pessoas internadas e fila de espera com crescimento de 800% em duas semanas, situação se torna gravíssima e estratégia possível reside no distanciamento e respeito às demais recomendações das autoridades sanitárias

Com o sétimo dia seguido com recorde de internamentos, a capacidade instalada dos serviços hospitalares públicos e privados contratados no Paraná chegou ao seu esgotamento pleno, o que vai tende a exigir medidas enérgicas imediatas de gestores públicos e autoridades sanitárias para tentar estancar o atual fluxo de contaminações pela Covid-19.

O agravamento da situação levou Curitiba a determinar a volta da bandeira laranja, em situação de risco médio de alerta, já a partir desta quinta-feira (25), o que já se observa em outras regiões. O governo estadual, que prorrogou até 28 de fevereiro as medidas dispostas no Decreto n.º 6.294, de 3 de dezembro de 2020, deve se manifestar nas próximas horas sobre restrições de circulação e distanciamento social, o chamado toque de recolher para conter a propagação do coronavírus.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, somente do dia 10/02 até esta quarta-feira (24), a fila de espera por internação cresceu aproximadamente 800%, indicador sem precedente desde o início da pandemia, há um ano. O último boletim epidemiológico indica que o total de internações tinha chegado a 3,3 mil. Com a alta de casos de Covid-19, ao final da manha de quarta-feira o Paraná registrava 241 pacientes à espera de por leito, sendo que 76 deles necessitavam assistência em UTI.

Os pacientes internados com diagnóstico confirmado de Covid-19 somam 1.471, sendo 1.277 acolhidos em leitos SUS (613 em UTI e 664 em leitos clínicos/enfermaria) e mais 194 acomodados na rede particular (84 em UTI e 110 em leitos clínicos/enfermaria). Além disto, há outros 1.826 pacientes internados que aguardam resultados dos exames, sendo 660 em UTI e 1.166 em enfermaria. Eles estão em leitos das redes pública e particular e são considerados casos suspeitos de infecção pelo Sars-CoV-2.

clique para ampliarclique para ampliarComissão de Pandemia do CRM-PR em sua 40.ª reunião, com representantes da Sesa. (Foto: CRM-PR)

Em Curitiba, a Secretaria Municipal de Saúde indicou nesta quarta-feira que os novos casos de Covid-19, que na semana passada eram, em média, de 388 por dia, saltaram para 703 na última semana. A taxa de ocupação de UTIs no SUS saiu de 77% no dia 15 de fevereiro para 93% agora. O fenômeno se repetiu em várias regiões do Paraná, impactando nos números divulgados, que foram de 65 óbitos (34 homens e 31 mulheres, com idades entre 28 e 95 anos) e 4.449 novos casos confirmados. Assim, o total de mortes chega a 11.271 entre 623.385 casos, com o que o Paraná se posiciona em 21.º lugar no número de mortes por 100 mil habitantes e em 14.º na incidência de casos.

Curitiba, que já contabiliza 138.725 casos confirmados (6.238 ativos e 129.620 de pessoas recuperadas) e ainda 2.867 óbitos, deflagrou esta semana uma campanha visando despertar a consciência e a responsabilidade das pessoas quanto à gravidade da situação da pandemia a que se chegou. Com o mote “Nossa luta depende da sua”, médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, técnicos em enfermagem, socorristas do Samu, dentre outros profissionais, relatam seus sentimentos em relação ao comportamento negacionista de parte da população com a gravidade do vírus e da pandemia.

Comissão de pandemia

Na tarde desta quarta (24), a 40.ª reunião da Comissão da Pandemia do Coronavírus do CRM-PR, teve como tema em destaque “Limites do Sistema de Saúde e ações da SESA – Secretaria Estadual da Saúde do Paraná”. Participaram da webconferência os médicos Vinicius Filipak, diretor de Gestão em Saúde na Sesa, e Cesar Augusto Neves, assessor de gabinete do secretário Beto Preto. Eles exibiram as estatísticas indicando o momento mais sombrio da pandemia até agora e destacando que se chegou ao limite da capacidade de internamentos, com a implantação dos últimos leitos possíveis, já que agora não existe mais pessoal especializado em disponibilidade e nem estrutura física.

De acordo com eles, a única estratégia de momento está amparada nas medidas de prevenção, como isolamento e cuidados com higiene. Avaliam que as cirurgias eletivas devem ser suspensas mais uma vez e que são esperadas medidas mais rígidas no comportamento da população, como ampliação do toque de recolher e restrição a bebidas alcoólicas. Em períodos mais rígidos de circulação, houve queda de aproximadamente 30% nos eventos externos, impondo substancial decréscimo na ocupação de leitos hospitalares, o que se torna necessário no atual momento.

Ao término da reunião, os representantes do CRM-PR reafirmaram o apoio aos gestores públicos na adoção de medidas restritivas e preventivas para conter o atual momento de aceleração de contágios pelo novo coronavírus.

Alerta de emergência

Diante da situação de extrema gravidade, instituições representativas de profissionais que estão na linha de frente do combate à pandemia e sob elevado grau de desgaste físico e mental, emitiram uma nota de emergência para alcance da sociedade. A nota é assinada pelo CRM-PR, Associação Médica do Paraná, Conselho Regional de Enfermagem do Paraná (Coren-PR), Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 8.ª Região – Paraná (Crefito-8) e Sociedade de Terapia Intensiva do Paraná (Sotipa). Confira abaixo.

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