16/03/2009
Escolas médicas de má qualidade enganam sonhos dos jovens, diz presidente do CFM
Na abertura das discussões sobre escolas médicas, na tarde desta sexta-feira, 13 de março, como atividade que encerra o I
Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina do ano de 2009 (I ENCM 2009), em Fortaleza (CE), o presidente do Conselho Federal
de Medicina (CFM), Edson de Oliveira Andrade, disse que os estudantes estão sendo enganados nos seus sonhos ao ingressarem
em cursos de Medicina que não atendem a critérios de qualidade. "Como consequência final, temos um profissional mal formado
e um paciente mal atendido. Prejudica-se a juventude que quer construir e prejudica-se quem está desamparado acometido pela
doença", disse Andrade.
O debate contou ainda com representantes da Frente Parlamentar da Saúde/Câmara dos Deputados (deputado Raimundo Gomes
de Matos), do Ministério da Educação (Frederico Normanha Ribeiro de Almeida, da Coordenação-Geral de Supervisão da Educação
Superior do MEC), e da Associação Médica Brasileira (José Luiz Gomes do Amaral).
O representante do MEC, Frederico Normanha, relatou que, com o objetivo de garantir a qualidade dos cursos de graduação
no País e reverter esse quadro, o Ministério da Educação está buscando o equilíbrio entre três dimensões: regulação, supervisão
e avaliação. "Queremos consolidar uma nova visão da política de educação superior", disse.
Outro aspecto importante que precisa ser levado em conta é uma nova concepção de processos de avaliação como instrumentos
de proteção, e não de punição. É a opinião do presidente da AMB, José Luiz Gomes do Amaral: "quando se encerra um curso de
medicina ou se bloqueia o vestibular, ou se avalia o egresso, não estamos punindo ninguém, estamos preservando a segurança
do cidadão brasileiro e a nossa profissão", salientou.
O deputado Raimundo Gomes de Matos lembrou que o Brasil está entre os países do mundo com maior número de escolas médicas
- 176 escolas, superado apenas pela Índia, com 272. Matos lembrou ainda a intenção do governo brasileiro de favorecer a revalidação
de diplomas de estudantes formados em Cuba. A proposta, na forma do Decreto Legislativo 346/07, já foi rejeitada duplamente
na Câmara (na Comissão de Educação e Cultura e na Comissão de Seguridade Social e Família) e é rejeitada pelas entidades médicas.
O governo, no entanto, editou uma Portaria Interministerial (nº 383, de 19 de fevereiro de 2009, dos Ministérios da Educação
e da Saúde), retomando o tema e com intenção desenvolver um projeto piloto, tendo como público-alvo inicial os alunos brasileiros
formados em medicina na Escola Latino-Americana de Medicina - ELAM de Cuba. Entidades médicas e a Frente Parlamentar da Saúde
estão se mobilizando contra a portaria.
Fonte: CFM