16/04/2019
Entidades fazem alerta sobre forma irresponsável com que foi tratada a questão da detecção e diagnóstico do câncer de mama
O Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), a Sociedade
Brasileira de Mastologia (SBM) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) se veem no
dever de divulgar uma nota de esclarecimento em resposta a vídeos publicados recentemente na mídia eletrônica (Youtube), que
disseminam de maneira irresponsável informações distorcidas sobre a detecção e diagnóstico do câncer de mama. Assim, gostaríamos
de afirmar:
1) O câncer de mama é o tumor mais frequentes entre as mulheres e a principal causa de morte por tumor no Brasil e no mundo. Entretanto, no Brasil, diferentemente dos países desenvolvidos, a mortalidade pelo câncer de mama continua aumentando.
2) A causa do contínuo aumento da mortalidade é a falta de programas de rastreamento adequados ou a baixa adesão da população aos programas oferecidos – principalmente devido à falta de informação ou então acesso a informações distorcidas, como estas recentemente veiculadas. Também se deve a falta de acesso em tempo hábil aos tratamentos recomendados.
3) Deve-se enfatizar que a mamografia é o único exame que, quando realizado de maneira sistemática a partir dos
40 anos em mulheres assintomáticas, comprovadamente leva a uma redução da mortalidade pelo câncer de mama. Isso foi demonstrado
através de grandes estudos realizados em mais de 500 mil mulheres, sendo observado uma redução da mortalidade que variou entre
10% a 35% no grupo de mulheres submetidas ao rastreamento em relação às que não eram submetidas.
4) Dessa forma, as principais sociedades médicas no Brasil
e no mundo são unânimes em recomendar o rastreamento mamográfico para as mulheres assintomáticas, iniciando a partir dos 40
anos ou 50 anos (dependendo do país), com uma periodicidade anual ou bienal (também variando em alguns países). No Brasil,
as sociedades médicas recomendam o rastreamento mamográfico anual para as mulheres entre 40 a 75 anos.
5) O autoexame detecta o tumor quando o mesmo já está
em uma fase adiantada, não tendo estudo que comprove qualquer benefício para a redução da mortalidade, não devendo ser adotado
como método de rastreamento.
6) O risco de câncer radioinduzido é extremamente baixo,
tendo em consideração as doses de radiação envolvidas em cada exame. E não existe estudo que demonstre que os riscos excedem
os benefícios, na faixa etária recomendada.
7) Citação de absurdos como “uma biópsia leva a desenvolver
câncer” foge a compreensão de qualquer médico com um mínimo de conhecimento na área oncológica.
Dessa forma, a indignação é porque muitas mulheres que
assistem a esses vídeos podem considerar não realizar a mamografia. E isso pode significar a perda da chance de detectar o
tumor de mama em uma fase inicial, em que se pode oferecer a possibilidade de cura e tratamentos menos agressivos.
São Paulo, 15 de abril de 2019
Comissão Nacional de Mamografia
Colégio Brasileiro de Radiologia
Sociedade Brasileira de Mastologia,
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia
e Obstetrícia