09/04/2007
Ervas devem ser usadas com cautela
''Se bem não faz, mal também não vai fazer.'' A frase, muito usada quando falamos de remédios caseiros, como os preparados
com ervas, deve ser vista com desconfiança. Este foi um dos conselhos dados pelo médico especialista em fitoterapia Rui Diniz
durante palestra ministrada na Paróquia Nossa Senhora das Graças, na Vila Brasil (Área Central). O médico e a enfermeira Sonia
Hutul coordenam o Programa Municipal de Fitoterapia, implantado em Londrina em 2004.
Cerca de 50 pessoas participaram do encontro, que aconteceu na última semana de março. Ao final os dois profissionais
mostraram alguns exemplos de ervas. ''A idéia é fazer com que as pessoas façam o uso correto das plantas'', observou o médico,
que atualmente está implantando o programa na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila Brasil. Defensor do uso das plantas para
a cura de diversos males, ele receitou, acima de tudo, cautela e bom-senso: ''Os remédios nunca devem ser substituídos pelas
ervas sem conhecimento do médico, assim como não se deve usar o que não se conhece'', recomendou.
Segundo Diniz a fitoterapia já está em todos os postos da zona rural, na UBS do Centro (localizada na Avenida São Paulo),
no Jardim Eldorado e na Caps (Coordenadoria de Apoio Psicossocial).
''Das 54 UBS existentes no município, estamos em 17'', detalhou. O médico também informou que a rede pública já fornece
33 medicamentos feitos com plantas (fitofármacos) e seis tipos de chá.
O tratamento com o uso de plantas é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 1978 e reconhecido pelo
Conselho Regional de Medicina (CRM) como terapêutica médica. ''Nossos antepassados já buscavam a cura das doenças na natureza,
mas em dado momento os médicos passaram a ignorar os medicamentos naturais. Mais recentemente a ciência comprovou o poder
das plantas'', lembrou o médico.
Entre as vantagens enumeradas durante a palestra estão o fato de ser uma terapêutica menos agressiva, apresentar menos
efeitos colaterais, respeitar o saber popular, imprimir maior humanização aos serviços de saúde, estimular o auto-cuidado,
ter custo reduzido, valorizar a biodiversidade e incentivar a agricultura familiar. ''Mas apesar de todos estes benefícios,
o médico deve ser sempre consultado. A maioria dos chás, por exemplo, devem ser evitados pelas gestantes, porque podem causar
efeitos indesejados'', reforçou Diniz.
Já a enfermeira Sonia Hutul deu dicas de preparo. ''As ervas mais tenras, como hortelã, camomila e erva cidreira não devem
ser fervidas com a água, porque seus princípios ativos se evaporam. A infusão deve ser feita antes da água começar a borbulhar.
E as cascas e raízes devem ser picadas e fervidas. Quanto mais resistentes, maior o tempo de fervura'', ensinou.
A estudante do curso técnico em enfermagem Sandra Oliveira estava entre os presentes e disse que vai repassar as informações
para o marido e, no futuro, ajudar seus pacientes. ''Eu não tenho costume de recorrer às ervas, mas meu marido vive tomando
chá.''
Fonte: Folha do Londrina