O objetivo é adequar esses estabelecimentos às normas de funcionamento de serviços de saúde e ao Código de Ética Médica
Começa a valer nesta terça-feira (24) a
Resolução CFM nº 2.170/17. A norma “define as clínicas médicas de atendimento
ambulatorial, incluindo as denominadas clínicas populares, como empresas médicas e determina critérios para seu funcionamento
e registro perante os Conselhos Regionais de Medicina”. O relator da Resolução e diretor de Fiscalização do CFM, Emmanuel
Fortes, esclarece que os noventa dias entre a publicação no Diário Oficial de União (DOU) e a entrada em vigor da resolução
foram suficientes para que as clínicas se registrassem nos respectivos Conselhos Regionais de Medicina (CRM), indicando o
nome do diretor técnico responsável, além de se adaptarem às demais regras. “Acreditamos que todas estão funcionando de acordo
com o estabelecido na Resolução”, prevê Fortes.
clique para ampliarEmmanuel Fortes: o objetivo da Resolução CFM
é adequar esses estabelecimentos às normas de funcionamento de serviços de saúde e ao Código de Ética Médica (Foto: CFM)
Além da indicação do diretor técnico médico responsável no CRM, a Resolução CFM 2.170/17 estabelece que a divulgação de valores
só pode ser feita no interior dos estabelecimentos e proíbe os anúncios publicitários com indicação de preços de consultas,
formas de pagamentos que caracterizem a prática da concorrência desleal, comércio e captação de clientela. "É preciso lembrar
que o Código de Ética Médica veda ao médico praticar concorrência desleal com outro médico", ressaltou Fortes.
As
clínicas também estarão impedidas de oferecer qualquer promoção relacionada ao fornecimento de cartões de descontos, fidelidade
ou similares. Essa prática é proibida desde 2010, quando o CFM entendeu que a adesão de médicos às regras de promoções deste
tipo deixa o sigilo do paciente vulnerável.
Emmanuel Fortes enfatiza que a regulamentação de diretrizes específicas
para as clínicas populares visa adequar estes estabelecimentos às normativas legais, ao Código de Ética Médica e às normas
gerais de funcionamento de todos os estabelecimentos de assistência médica no Brasil. "Estas clínicas são empresas de prestação
de serviços médicos e, portanto, são obrigadas a ter registro no CRM da jurisdição onde atuam. Além disso, o corpo clínico
deve contar com médicos comprovadamente habilitados para o exercício da medicina no Brasil e os serviços colocados à disposição
da população devem se limitar a atos e procedimentos reconhecidos pelo CFM", alerta Fortes.
Conflito de interesses
De acordo com a Resolução do CFM, também é vedado à clínica médica de atendimento ambulatorial se instalar junto
a estabelecimentos que comercializem órteses, próteses, implantes de qualquer natureza, produtos e insumos médicos. Também
não podem funcionar "em contiguidade" a óticas, farmácias, drogarias e comércio varejista de combustíveis, ou em interação
com estabelecimentos comerciais de estética e beleza. No entanto, é permitido o funcionamento desses estabelecimentos em locais
de grande fluxo de pessoas, como shoppings centers.
Para o presidente do CFM, Carlos Vital, a migração dos médicos
para as clínicas populares pode ser "uma reação à precarização dos contratos de trabalho com os serviços públicos, à baixa
remuneração oferecida em concursos e à ausência de uma carreira de Estado para o médico", avalia Carlos Vital.
O
presidente do CFM ressalta, no entanto, que o principal atrativo destas clínicas deve ser a qualidade e não o preço ou a remuneração.
"Do ponto de vista de negócios, qualquer acordo ou contrato deve estar atento ao artigo 58 do Código de Ética Medica, que
proíbe o médico o exercício da profissão de forma mercantilista. Por sua vez, o artigo 63 aponta que é proibido explorar o
trabalho de outro médico, isoladamente ou em equipe, na condição de proprietário, sócio, dirigente ou gestor de empresas ou
instituições prestadoras de serviços médicos", disse.