05/11/2009
Entidades reforçam estratégias de incentivo ao parto normal
Especialistas da Comissão de Parto Normal do Conselho Federal de Medicina (CFM) debateram, nesta quarta-feira (4), ações para
melhoria da assistência obstétrica e para o incentivo ao parto normal na saúde suplementar. O encontro ocorreu na sede do
Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) e contou com a presença de representantes de diversas
entidades que apóiam a iniciativa. O CFM foi representado pelos conselheiros José Fernando Maia Vinagre, Clóvis Francisco
Constantino, Edilma Albuquerque Barbosa e Pedro Paulo Magalhães Chacel.
Para evitar as cesarianas desnecessárias, uma das propostas defendidas pela Comissão é adotar uma estratégia de reorganização
do modelo de atenção ao parto e nascimento. Entre as alternativas para atingir esse objetivo está o estabelecimento de modelos
alternativos de organização e remuneração do trabalho médico que favoreçam a realização de partos normais e a sensibilização
das operadoras de planos e serviços privados de atenção obstétrica e neonatal. Outros pontos estão previstos no "Projeto de
intervenção para melhorar a assistência obstétrica no setor suplementar de saúde e para o incentivo ao parto normal", aprovado
pelo CFM em 18 de junho.
O coordenador da Comissão, José Fernando Maia Vinagre, comentou as visitas a maternidades de Brasília e hospitais de Belo
Horizonte. Os relatos abriram espaço para um debate sobre o funcionamento dos estabelecimentos de saúde onde são realizados
partos nessas duas cidades e no Rio de Janeiro.
O conselheiro Clóvis Constantino propôs a realização de pesquisa junto aos médicos, por meio das sociedades de Ginecologia
e Obstetrícia dos estados, para ampliar a discussão sobre o assunto. "É fundamental que os obstetras sejam ouvidos, porque,
para implementarmos um projeto deste porte, precisamos de muitos dados", afirmou.
Dentre as sugestões apresentadas pela conselheira Edilma de Albuquerque Barbosa estão: uma campanha de mobilização nacional,
o aperfeiçoamento do modelo vigente, a realização de debate, o fortalecimento do parto humanizado e a revisão da remuneração.
A vice-presidente do Cremerj, Vera Lúcia Mota da Fonseca, se comprometeu a encaminhar o projeto para as instituições ligadas
à Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e ficará responsável também pela elaboração
de um questionário que será enviado aos médicos obstetras.
A discussão nasceu e está sendo motivada pela preocupante proporção de cesarianas no setor suplementar - em torno de 85%
(dentre os partos realizados no setor), muito superior aos resultados encontrados em países como Holanda (14%), EUA (31%),
México (34%) e Chile (40%), por exemplo. No Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, a proporção de cesáreas é de 26%, enquanto
o resultado nacional, que considera os partos realizados nos setores público e privado, é de 43%.
Fonte: CFM