No próximo dia 7 de abril (Dia Mundial da Saúde), entidades médicas de todo o país organizam
o Dia Nacional de Advertência e Protesto aos Planos de Saúde. A data será marcada por atos públicos
contra os problemas que afetam o setor suplementar de saúde e deverá ainda convergir com o início das
mobilizações da categoria no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), também previsto
para abril. Além de reivindicarem a recomposição de honorários, as entidades médicas defendem
o fim da intervenção antiética das operadoras na autonomia profissional e a readequação
da rede credenciada, para que seja garantido o acesso pleno e digno dos pacientes à assistência contratada.
A deliberação foi promovida durante encontro da Comissão Nacional de Saúde Suplementar (Comsu),
realizada na última sexta-feira (14) na sede da Associação Paulista de Medicina (APM). Em ato simbólico,
as operadoras de planos de saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), reguladora do setor,
receberam cartão amarelo por ainda não atenderem plenamente o pleito dos médicos. Segundo o coordenador
do grupo e 2º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá, a saúde
suplementar cresce cerca 4% ao ano em quantidade de beneficiários e, por isso, é preciso ter sua rede credenciada
ampliada e seus prestadores de serviço valorizados.
“Temos um compromisso com a sociedade e nosso papel é alertar e denunciar a insatisfação dos
médicos e dos pacientes com esse setor que hoje é um dos líderes em reclamações nos órgãos
de defesa do consumidor. Às vezes, pedimos um exame que demora meses para ser feito, o que pode comprometer o nosso
atendimento. Queremos mobilizar todo o Brasil neste dia de protesto”, afirmou Tibiriçá.
Reivindicações – Será o quarto ano consecutivo em que os médicos se mobilizam em prol
de melhorias no setor. Desta vez, a categoria definiu quatro itens de reivindicação que exprimem o histórico
de lutas das entidades médicas. Além do reajuste adequado dos valores das consultas e procedimentos –
tendo como referência a Classificação Brasileira de Honorários e Procedimentos Médicos (CBHPM)em
vigor –, a classe cobra da ANS uma nova contratualização e hierarquização dos procedimentos
médicos baseadas nas propostas das entidades médicas nacionais apresentadas desde abril de 2012. O fim da intervenção
antiética dos planos de saúde na autonomia da relação médico-paciente e a readequação
da rede credenciada também serão bandeiras da mobilização.
Para o dia 7 de abril, está prevista a realização de atos públicos como assembleias, caminhadas,
concentrações, dentre outras formas de manifestação. O formato será definido pelas Comissões
Estaduais de Honorários Médicos, compostas pelas Associações Médicas, Conselhos Regionais
de Medicina, Sindicatos Médicos e Sociedades Estaduais de Especialidades. Em caso de suspensão temporária
de atendimentos eletivos, os pacientes serão atendidos em nova data, que será informada.
Durante o encontro em São Paulo, também foi divulgada uma carta aberta à ANS, aos médicos
e à sociedade, assinada pelas três entidades nacionais – Associação Médica Brasileira
(AMB), CFM e Federação Nacional dos Médicos (Fenam). No documento, os médicos criticam a proposta
de resolução normativa da Agência, que pretende induzir “boas práticas entre operadoras e
prestadores”, sem, no entanto, contemplar ou reproduzir as discussões e demandas sobre a contratualização.
Se editada na forma original, afirmam os médicos, a norma poderá agravar ainda mais os conflitos no setor.
CARTA ABERTA À ANS, AOS MÉDICOS E À SOCIEDADE
Os médicos, por meio de suas entidades representativas nacionais, tornam pública sua posição
contrária ao conteúdo da Resolução Normativa expressa na Consulta Pública 54/2013, proposta
pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
A formatação final desta Consulta Pública não contemplou ou reproduziu as discussões
e demandas sobre contratualização, levadas à ANS pelos médicos desde abril de 2012, quando se
iniciaram as discussões.
A temática proposta não atende ao previsto na Agenda Regulatória da própria ANS para 2013/2014,
no que diz respeito aos médicos, e não resolve os conflitos entre operadoras e prestadores médicos na
Saúde Suplementar. Pelo contrário, nomeada de “boas práticas”, cria uma maior interface de
problemas.
A ANS foge de seu dever legal de mediar a relação entre os agentes do setor, não produzindo a necessária
segurança jurídica que se daria através de uma real contratualização.
A ANS propõe soluções chamadas de “boas práticas”, que beneficiarão os
planos de saúde, e tenta, nesta proposta de Resolução, impedir o recurso dos médicos à
Justiça, direito fundamental na democracia.
Assim, face ao item três da Agenda Regulatória da ANS – “relacionamento entre operadoras e prestadores”
–, constatamos a exclusão dos itens dos prestadores médicos na solução proposta. Portanto,
sem sua incorporação na discussão, veremos editada pela Agência uma norma que, de forma unilateral,
não atende aos médicos e não oferece a necessária segurança ao atendimento final dos nossos
pacientes.