As entidades médicas nacionais reafirmaram nesta terça-feira (5) que a paralisação dos médicos que atendem os planos de saúde
no próximo 7 de abril não prejudicará a população. Os organizadores do movimento garantem que os casos de urgência e emergência
serão atendidos e que as consultas e outros procedimentos porventura suspensos terão reagendamento. De acordo com o 2º vice-presidente
do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá, "ato de 7 de abril é uma frente de luta em defesa do direito dos
usuários de ter bom atendimento. É um alerta de que se continuar do jeito que está a saúde suplementar entrará em colapso".
Em entrevista coletiva realizada na sede da Associação Médica Brasileira (AMB), em São Paulo, o grupo - composto por representantes
da AMB, do CFM e da Federação Nacional dos Médicos (Fenam) - esclareceu pontos da pauta de reivindicações, apresentou dados
do setor e adiantou os rumos do movimento após o protesto previsto para esta semana. De acordo com as lideranças do movimento
médico, a situação é tensa e haverá o monitoramento de negociações entre as entidades e as operadoras de planos de saúde nos
estados.
CPI - Em 30 dias, deverá acontecer uma reunião de avaliação dos encaminhamentos neste período. Caso não
se perceba uma evolução satisfatória nos entendimentos, poderá haver novos desdobramentos: "Se nada acontecer, vamos reunir
e radicalizar o movimento, com descredenciamento de médicos e a nominação das operadoras mais antiéticas de cada estado. Vamos
dar publicidade a quem atende mal no País".
O deputado federal Eleuses Paiva (DEM-SP) adiantou que será convocada audiência publica na Câmara Federal para discutir
o impasse entre médicos e operadoras de planos de saúde. Paiva, atual vice-presidente da Frente Parlamentar da Saúde, explicou
que a audiência será na Comissão de Seguridade Social e Família. "Recebemos várias denúncias sobre o assunto. Se a discussão
não resolver podemos levar a uma abertura de CPI. Uma vez que está sendo deflagrado um movimento nacional, o Congresso passa
a ter preocupação com o desequilíbrio econômico e com a quebra de autonomia que tem recaído sobre os médicos", apontou.
Consulta - Na pauta de reivindicações dos médicos, constam o reajuste da tabela de honorários médicos,
o fim da interferência direta na autonomia do trabalho dos profissionais e a regularização dos contratos, que segundo a categoria
não têm cláusulas de periodicidade e critérios de reajuste, contrariando a regulamentação existente.
Atendimento - O diretor da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Márcio Bichara, diz que o aquecimento
da economia faz com que sejam vendidos mais planos de saúde, porém, sem a contrapartida do credenciamento de novos médicos.
"Há uma luta no mercado. Tem de se intervir na cobrança de um plano de saúde com preços aviltantes. Que não dá condições de
um bom atendimento ao paciente".
Para o 1.⁰ secretário da AMB, Florisval Meinão, os reajustes de honorários dados aos médicos ao longo dos últimos
10 anos estão abaixo dos índices da inflação, não possuem critérios e que, apesar de terem ocorrido várias reuniões com as
operadoras, nenhuma proposta concreta foi alcançada. "O desequilíbrio dos reajustes médico aumentou a jornada de trabalho
e diminuiu a participação dos profissionais em eventos de atualização o que diminuiu a qualidade do atendimento e coloca em
risco a saúde da população".
"O que nos levou a essa mobilização é que o amor e o respeito que temos pelos nossos pacientes estão sendo diretamente
prejudicados quando somos impedidos de solicitar certos procedimentos diagnósticos e medidas terapêuticas por questões de
custos. A população está vulnerável", frisou Cid Carvalhaes, presidente da Fenam.
Números - Levantamento realizado pela Associação Médica Brasileira (AMB), pelo Conselho Federal de Medicina
(CFM) e pela Federação Nacional dos Médicos (Fenam), apresentados na coletiva, comprovam a desregulação econômica na área
da saúde suplementar. No período de 2000 a 2009, os reajustes autorizados para os planos de saúde acumularam 133%. Este dado
é 23 pontos percentuais maior que os 106% registrados no mesmo período pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA).
Para conhecer outros dados da realidade econômica dos planos de saúde, confira os números e quadros
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Fonte: CFM