06/08/2009

Entidades elaboram projeto ousado de assistência a menores infratores


Representantes do CRMPR faz parte de grupo multidisciplinar que irá elaborar projeto terapêutico voltado para menores infratores portadores de transtornos psiquiátricos



Reunidos na noite de 5 de agosto, psiquiatras, juristas e representantes de entidades médicas e de atenção a crianças e adolescentes decidiram elaborar um projeto terapêutico ousado. A intenção é criar modelo assistencial para tratamento adequado aos jovens que possuem transtorno de conduta e que cometeram algum ato infrator. De acordo com o presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria e conselheiro coordenador da Câmara Técnica de Psiquiatria do Conselho Regional de Medicina, Marco Antonio Bessa, o modelo atual não atinge estes menores infratores e a iniciativa do grupo multidisciplinar é prevenir que os transtornos de conduta evoluam para um tipo mais grave, denominado Transtorno da Personalidade (TP), que são considerados como defeitos permanentes do desenvolvimento que se traduzem por insuficiência de caráter e que necessitam de avaliação periódica.

Durante a reunião, cerca de dez representantes do Conselho Regional de Medicina do Paraná, Sociedade Paranaense de Psiquiatria, Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), Secretaria da Criança e Juventude do Paraná, Secretaria Estadual de Justiça e Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção à Saúde Pública do Ministério Público apresentaram suas propostas e analisaram experiências em outros estados (como o modelo assistencial em São Paulo) e exemplos internacionais (Inglaterra e Estados Unidos). Baseados no trabalho científico do psiquiatra Gustavo Schier Dória, mestrado em Psiquiatria pela USP, que atua no Ambulatório de Psiquiatria da Infância e Adolescência (Cenep) do HC/UFPR, que tiveram acesso na última reunião, realizada um junho, os membros do grupo de trabalho puderam analisar os dados da dissertação. O trabalho avalia menores infratores no Paraná e aponta que 40% possuem transtorno de conduta e 50% dos casos evoluem para transtornos de personalidade.

O pré-projeto será produzido por parte do grupo em reunião agendada para o dia 19 de agosto, às 10h, na SESA. Após a elaboração, o texto inicial será enviado para análise jurídica do Promotor de Justiça do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção à Saúde Pública do Ministério Público, Marco Antonio Teixeira, e análise técnica dos demais profissionais. O debate sobre o texto do projeto está marcado para o dia 2 de setembro (quarta-feira), às 20h, na Plenária Wadir Rúpollo do CRMPR, em Curitiba (PR).


Sobre o Transtorno de Personalidade

É é uma doença mental grave, que se caracteriza por uma instabilidade prevalente do humor, dos relacionamentos interpessoais, da imagem (idéia) que a pessoa tem de si mesma e do comportamento.

O Transtorno da Personalidade (TP) está relacionado com quadros depressivos, ansiosos, somáticos - associações que comprometem o diagnóstico, evolução e tratamento dos pacientes. Embora a abordagem terapêutica dos portadores de TP seja muito trabalhosa, nos últimos anos conseguiu-se um enorme avanço na investigação do campo de diagnóstico, da etiologia, da validação, confiabilidade clínica e dos tratamentos desta condição.

De acordo com psiquiatras, é um diagnóstico que costuma ser negligenciado e apenas lembrado quando a evolução do transtorno mental é insatisfatória. As razões costumam ser: "É do eixo II, não tem o que fazer". "É da natureza da pessoa". Mas, são as condições que mais demandam atenção em psicoterapia de qualquer natureza.
No caso dos menores infratores, se os transtornos de conduta não forem tratados adequadamente podem evoluir para outros tipos de transtornos psiquiátricos mais graves.


Fonte: CRMPR com dados da ABP

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