Reunião foi realizada na sede do MEC na última quinta-feira, 6 de fevereiro, e teve a presença de representantes do CFM, AMB
e ANM
Representantes das entidades médicas nacionais participaram de audiência com o ministro da Educação,
Abraham Weintraub. Na oportunidade, foram apresentadas ao gestor as preocupações da categoria com aspectos do
ensino médico que interferem diretamente no exercício da medicina no país, bem como a pauta de reivindicações
da categoria.
Durante a reunião, Weintraub afirmou que o Ministério da Educação (MEC) quer retomar o diálogo
com as entidades e está aberto para discutir soluções ao futuro da formação médica.
Temas como a retomada da abertura de novas escolas médicas no País e de ampliação de vagas em
cursos já existentes, bem como o processo de revalidação de diplomas obtidos no exterior, foram abordados
no encontro, na quinta-feira (6).
Participaram da reunião, na sede do MEC, os presidentes do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Ribeiro;
e da Associação Médica Brasileira (AMB), Lincoln Ferreira; e o representante da Academia Nacional de
Medicina (ANM), Raul Cutait. Além deles, estiverem presentes o 3º vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes, e a
2ª Secretária do CFM, Tatiana Della Giustina, juntamente com técnicos e assessores do Governo e das entidades.
Diplomas estrangeiros
Sobre o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos
(Revalida), as entidades médicas reforçaram o pedido de que seja a única forma de acesso dos portadores
de diplomas de Medicina obtidos no exterior ao mercado brasileiro.
“Existem parâmetros dos quais as entidades médicas não se afastam. Um deles é de que
todo médico – brasileiro ou estrangeiro – formado no exterior é bem-vindo para atuar no Brasil,
desde que seja aprovado no Revalida. Todos os países desenvolvidos mantêm processos semelhantes”, lembrou
o presidente do CFM, Mauro Ribeiro.
Nesse sentido, o CFM pleiteou junto ao Ministério da Educação que a coordenação do
Exame passe para sua responsabilidade, como já foi sugerido, inclusive, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação, que tem conduzido as provas
desde sua criação.
Escolas médicas
O presidente do CFM reiterou também junto ao Ministro da Educação
a defesa da manutenção da portaria do Governo que suspende os editais para abertura de novas escolas. Ele ainda
ressaltou as complicações decorrentes do aumento do números de cursos num curto período. Entre
2011 e 2020, o total de escolas médicas no País passou de 162 para 341.
Por sua vez, na audiência, o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Lincoln Ferreira,
ressaltou que a instalação de cursos não garante a fixação dos egressos nos locais de graduação.
“A formação do médico brasileiro se faz com a percepção política de boas práticas
de saúde. Não é desta forma que se garante a interiorização do profissional. Um médico
malformado retarda o diagnóstico e aumenta número de pedidos de exames”.
Já o representante da Academia Nacional de Medicina (ANM), Raul Cutait, apresentou dados sobre a perspectiva de
crescimento no número de formandos. Segundo ele, a abertura de escolas médicas no governo passado foi baseada
essencialmente em critérios políticos e não houve a preocupação com a qualidade de formação
dos egressos que atenderão a população. “Em poucos anos serão 180 mil formandos por ano,
que não terão professores qualificados à disposição e nem mesmo de hospitais para ensino.
Isso para não falar da falta de vagas na residência médica. É fundamental que se faça um
estudo aprofundado sobre o ensino médico no Brasil, bem como da real necessidade de médicos no país,
levando-se em conta a sua distribuição geográfica e a incorporação futura de inteligência
artificial e da telemedicina”.
“Mesmo com a redução do ritmo de abertura das unidades, as falhas no ensino médico permanecem
e suas consequências precisam ser corrigidas. Precisamos ser mais rigorosos na fiscalização dessas escolas”,
recomendou o presidente do CFM. Como forma de fortalecer esse processo, Mauro Ribeiro propôs o reconhecimento do Sistema
de Acreditação de Escolas Médicas (Saeme), mantido pelo CFM, como ferramenta oficial de validação
da qualidade de cursos de medicina no País. O projeto, em vigor desde 2015, já certificou 32 programas de graduação
no Brasil, a partir de critérios específicos.
Fonte: CFM