24/03/2016
Evento foi realizado na sede do CRM-PR no dia 22/03
Mais de 250 profissionais de saúde participaram nesta semana, em Curitiba, de um seminário inédito sobre doenças transmitidas pelo Aedes aegypti e suas manifestações neurológicas nos pacientes. O evento, que também foi transmitido via webconferência, contou com a presença de médicos e pesquisadores de renome nacional no assunto. Promovido pela Secretaria Estadual da Saúde, em parceria com o Conselho Regional de Medicina (CRM-PR) e a Associação Paranaense de Ciências Neurológicas (APCN), o seminário tratou de temas relevantes como dengue, zika vírus, febre chikungunya, microcefalia, malformações congênitas, síndrome de guillain-barré.
ALERTA MUNDIAL
De acordo com o diretor-geral da Secretaria Estadual da Saúde, Sezifredo Paz, o objetivo foi atualizar as equipes de epidemiologia e de atendimento direto aos pacientes sobre o que está acontecendo no Nordeste do Brasil. “Vivemos uma situação de alerta mundial, devido ao surto de microcefalia em algumas regiões do País. Por isso, o momento é de preparar nossas equipes de saúde para também atuar frente a esta ameaça”, destacou.
O Paraná ainda não identificou casos de microcefalia associados à infecção por zika vírus. Contudo, o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde informou nesta semana a ocorrência de um aborto espontâneo em Londrina, cuja gestante tinha sido diagnosticada com a doença. Esta é a primeira vez em que há confirmação de que o zika vírus influenciou diretamente em um aborto no Estado.
“Este caso ressalta ainda mais a importância de reforçarmos as ações de vigilância e organizarmos uma retaguarda de atendimento preparada para dar resposta a novas ocorrências”, afirmou a superintendente de Vigilância em Saúde, Cleide de Oliveira.
Na terça-feira (22), a programação envolveu palestras sobre o panorama geral da dengue, zika e chikungunya no Nordeste do país, ressaltando os protocolos de atendimento adotados para a assistência aos casos que desenvolveram complicações neurológicas.
ADULTOS
Palestrante do seminário, a chefe do serviço de neurologia do Hospital da Restauração, de Recife, Maria Lúcia Brito, foi uma das primeiras a identificar manifestações neurológicas em pacientes com sintomas de zika.
Ela afirma que é preciso redobrar a atenção, pois muito se fala da microcefalia, mas o surto de zika no Nordeste também fez com que crescesse o número de casos de guillain-barré em adultos. ”Constatamos um aumento bastante expressivo. É importante que as equipes de saúde fiquem atentas, pois o guillain-barré é uma síndrome grave, que deixa sérias sequelas e pode até matar”, explicou a médica.
BEBÊS
Outra palestrante convidada foi a neuropediatra Maria Durce de Carvalho, que também atua no enfrentamento do surto em Pernambuco. Em sua apresentação, a especialista relatou que a microcefalia é apenas uma das complicações que podem ser identificadas em recém-nascidos cujas mães foram infectadas pelo zika vírus.
“Trata-se da ponta de um iceberg. Estamos acompanhando também casos leves, que não se encaixam nos protocolos de microcefalia, mas apresentam alterações importantes”, revelou a neuropediatra. Para ela, essas crianças precisarão ser monitoradas por anos para verificar se haverá algum comprometimento.
FLUXO
Nesta quarta-feira (23), o evento reuniu médicos, enfermeiros e epidemiologistas da equipe técnica da Secretaria da Saúde. A intenção foi discutir os protocolos de vigilância, diagnóstico e tratamento de pacientes com problemas neurológicos ligados a doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. O foco foi organizar um fluxo de resposta às notificações de microcefalia e outras infecções congênitas relacionadas ao zika vírus.
Atualmente, toda gestante do Paraná com diagnóstico de microcefalia fetal intraútero é considerada de alto risco e tem à disposição acompanhamento especializado pela Rede Mãe Paranaense. Esta confirmação é feita através de ultrassonografia de rotina, no pré-natal, já a partir do terceiro mês de gestação.
Fonte: Agência de Notícias do Paraná.