06/01/2014
Nos últimos 12 meses a maioria foi buscar refúgio nos Estados Unidos
No último ano, cerca de três mil cubanos, em sua maioria médicos, chegaram aos Estados Unidos fugindo dos respectivos programas sociais que executavam na Venezuela, o que representa um aumento de 60% em relação a 2012.
Em território americano, até o ano passado, havia em torno de cinco mil médicos e enfermeiras cubanas refugiados de todo o mundo, e até 1º de dezembro de 2013 o número subiu para 8 mil, 98% dos quais provenientes da Venezuela.
Os dados foram revelados pelo médico Julio César Alfonso, presidente da Solidariedade Sem Fronteiras (Solidaridad Sin Frontera - SSF), uma organização com sede em Miami, que presta ajuda aos médicos cubanos que buscam fugir dos programas sociais que Havana vende como "economia de serviços" por todo o mundo.
Em toda a extensão da Venezuela está o maior contingente de profissionais de medicina cubana prestando serviço, graças ao convênio de cooperação firmado entre Caracas e Havana em 2003.
Até 2012, 44.804 cubanos prestavam serviços nas sete missões sociais que começaram em 2003, segundo o último número oficial.
"Em 2012 tínhamos cinco mil profissionais de medicina refugiados nos Estados Unidos com ajuda federal, mas a quantidade disparou no decorrer de 2013, chegando a 8 mil médicos, 98% dos quais fugiram da Venezuela porque as condições são cada vez piores nesse país", adverte Alfonso.
"A maioria dos cubanos saiu por conta dos baixos salários que recebia; além disso, o pagamento não chega a tempo e aumentou a carga de trabalho nos respectivos módulos de Barrio Adentro e CDI de todo o país, o que muitos denunciam como um sistema de escravidão moderna", diz o administrador da SSF.
"Pagam diretamente aos médicos cerca de 300 dólares, mas ao Estado cubano a Venezuela paga em média 6 mil dólares por cada profissional, ou seja, eles não recebem nem 10% dos benefícios econômicos", reclama Alfonso.
Estes profissionais, como todo cubano que presta missão no exterior, podem pedir visto americano por meio do programa Cuban Medical Professional Parole Program (CMPP), que data do ano 2006.
Depois de pedir ajuda à Embaixada dos EUA em Caracas, o principal ponto de partida dos cubanos continua sendo via Colômbia rumo aos EUA, embora o Brasil esteja se tornando outra rota de trânsito para a libertação dessas pessoas.
Continua sendo exigido dos médicos que apresentem altos registros de pacientes examinados para em seguida elaborar informes, muitos destes com dados adulterados que não correspondem com documentos, nome do paciente ou condição.
"Isto é necessário para que Cuba possa mostrar relatórios positivos ao Estado venezuelano", explica Alfonso.