O Instituto Butantan apresentou dados relacionados à
eficácia da CoronaVac nesta quinta-feira (7 de janeiro), gerando uma grande repercussão sobre a vacina contra
Covid-19 no país. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Clóvis Arns da Cunha, este
é “um dia histórico no combate à Covid-19”.
O Butantan deve encaminhar formalmente o pedido de uso emergencial da CoronaVac à Agência
Nacional de Vigilância Sanitária nesta sexta-feira (8) e o órgão terá um prazo de 10 dias
para a análise. (O pedido de uso emergencial foi enviado na manhã desta sexta.)
“Quando houver a autorização do uso emergencial por parte da Anvisa,
será questão de poucos dias para termos a disponibilidade da vacina. A partir do momento que existe uma vacina
segura eficaz, ou duas, três ou quatro, podemos dizer que cada dia de vacinação no Brasil vai representar
centenas de brasileiros salvos diariamente dali a duas a quatro semanas, que é o tempo médio para a produção
de anticorpos”, afirmou Arns em entrevista ao portal Saúde Debate.
Diante da situação atual da pandemia no Brasil, Arns defende que a vacinação
comece o quanto antes. Conforme a imunização for ganhando escala, menor será a carga de vírus
circulando no país.
“Esta
é uma situação para começar a virar o jogo. Não só na saúde, e após
a perda de 200 mil vidas, mas também do ponto de vista econômico e social. Antes de ter vacina, há
necessidade de distanciamento físico e, quando a situação está caótica, até mesmo
medidas mais drásticas, como fechar o comércio. Ao se ter a vacina se começa progressivamente a virar
o jogo. Começamos 2021 com uma perspectiva muito boa”, opina.
Para o presidente da SBI, parte da repercussão sobre os dados apresentados pela Butantan
está concentrada na eficácia de 78%, mas ele acredita que a informação mais importante anunciada
foi a eficácia de 100% para a forma grave da Covid-19. “Dos participantes que receberam vacina, nenhum teve a
Covid-19 de maneira grave. Quem teve, foi de forma leve e não precisou de hospital, de internamento, de oxigênio”,
comentou Arns.
Ele ainda lembrou
que uma pesquisa representa uma amostra. Quando a vacinação ocorrer em uma parcela maior da população,
pode acontecer de a eficácia não chegar a 100% para os casos graves de Covid-19. “Mas ainda será
alta a eficácia para evitar a forma grave da doença, que faz lotar nossos hospitais, que faz lotar os pronto-atendimentos,
as nossas UTIs”, analisou o presidente da SBI, que relevou ter participado dos estudos clínicos da CoronaVac
como voluntário. Mas não sabe se recebeu a vacina ou placebo, pois a pesquisa é realizada na modalidade
“duplo cego”, com escolha randômica dos voluntários para o recebimento da dose.
O presidente da SBI enfatiza que a imunização com
a CoronaVac está prevista com um ciclo de duas doses. “Mas a primeira dose já produz uma eficácia
muito boa e com a segunda vai para eficácia 100% para evitar doença grave”, salientou.
Clóvis Arns da Cunha, que atua em Curitiba (PR), destacou
ainda a importância de combater as fakenews sobre a vacinação. De acordo com ele, os médicos
infectologistas recomendam fortemente que todos sejam vacinados. Aqueles que “por desinformação ou ideologia”
não quiserem tomar a vacina, devem estar cientes dos riscos que sofrem, na opinião dele.
“Minha opinião pessoal é a seguinte: não
quer se vacinar? Não se vacine. Deixe para quem quer. Mas, ao se não vacinar, está colocando a sua vida
e também a do seu familiar, do seu amigo, em risco. Quem não se vacinar não deve ir em aglomerações,
em compensação. Esta pessoa não irá somente para o exterior, mas terá uma série
de restrições porque representa um perigo. Nossa mensagem é para se vacinar, pois a vacina é boa,
é eficaz e ajuda a proteger você, seus familiares, seus colegas de trabalho”, apontou.
Como argumento para a vacinação, o presidente da
SBI relembrou os recentes surtos de sarampo e de febre amarela. São casos de doença que tiveram destaques há
dois anos em função do aumento de doentes. No entanto, com o incentivo à vacinação, as
situações foram controladas.
Clóvis
Arns da Cunha também é coordenador dos estudos clínicos no Brasil da vacina da Janssen-Cilag, que faz
parte do grupo Johnson & Johnson. Os resultados devem ser divulgados até fevereiro.
Fonte: Saúde Debate