Segundo o Código de Ética Médica, é vedado ao médico receitar ou atestar de forma ilegível
Você já teve dificuldade em entender a letra do seu médico nas receitas que ele prescreve? Se a sua resposta for sim,
você não está sozinho. O problema é comum, e divide os profissionais.
Para a mãe de primeira viagem Ana, a dificuldade em entender o remédio prescrito foi divida com a farmacêutica. Que também
encontrou barreiras para entender o verdadeiro nome do remédio, receitado para o filho de sete meses. Depois de um tempo,
e de uma conversa com a mãe, o remédio entendido como Plojan era na verdade o Plogass. A mãe ressalta que além da letra ilegível
outra fator que pode ter desencadeado a demora, foi o despreparo da profissional.
Código de Ética Médica
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná, (CRM-PR) Dr. Alexandre Gustavo Bley, o artigo 11º do Código
de Ética Médica, deixa claro que é vedado ao médico receitar ou atestar de forma ilegível.
Pare ele, a questão da letra legível se tornou crônica, devido a importância e a gravidade da documentação médica. Afinal,
ela serve de orientação ao paciente. E, se o paciente não entender a receita ele pode fazer o uso errado do medicamento.
No Paraná, problemas com receitas ilegíveis não são comuns. Outras denuncias chegam ao Conselho, e ao analisar o prontuário
os problemas podem ter sido originários da difícil compreensão do que estava escrito.
Para Bley, a tendência é que os receituários passem a ser digitais. "Até mesmo pela sustentabilidade esse processo vai
acontecer". Outro ponto positivo para a era digital, é o espaço em arquivos.
O CRM-PR, já está iniciando o Prontuário eletrônico em algumas instituições. Mas a dificuldade é a falta de software que
já estão certificados para utilização. Outro processo que também está em fase inicial, são as Carteiras de Médico com chip
digital para fazer a certificação e validação as ações. E dentro desse prontuário, além do espaço para a evolução clínica
do paciente, também tem espaço para a prescrição. "Acredito que no futuro esta situação será sanada" comenta o Presidente
do CRM-PR.
O Prontuário
Vários profissionais ainda apresentam certa resistência em aderir a modernização.
Por acreditar que o contato com o paciente é maior quando a prescrição é feita manualmente ou, por não se adaptar a modernidade.
Para o Conselho, a escolha em optar ou não para a tecnologia depende de cada profissional. Mas a orientação, é explicar
sobre o medicamento e ao fim, sempre perguntar se houve ou não o entendimento.
A mão
Para o médico Ginecologista João Alberto Prust, o receituário feito a mão, traz mais comodidade e contato com o paciente.
"Você consegue ter o contato olho a olho", destaca Prust.
O médico, que afirma que possui uma letra legível, já tem em seu consultório um software que auxilia no preenchimento
do receituário, mas ele, ainda não conseguiu se adaptar ao programa.
O médico Pediatra Oseimar Ribas, tem a opinião parecida com a do Dr. João, ele acredita que com a receita escrita o contato
entre médico e paciente é melhor. "Eu já escutei de vários pacientes, que foram consultar e o médico só ficou olhando para
o computador, na minha opinião a relação entre o profissional e o paciente perde um pouco neste quesito", comenta o Pediatra.
Ele também destaca que sua letra é razoável, e sempre explica o nome do medicamento, a dosagem e o tempo de uso.
A boa e velha maquina de escrever
O também Pediatra Dr. Pliniu Jakimiu, utiliza há mais de 25 anos uma maquina de escrever para receitar os medicamentos.
Para ele, a receita precisa ser legível para que não ocorra problemas, e o contato com o paciente é mais intenso quando não
é informatizado.
Ele também, oferece uma certa resistência quando o assunto é computador."O computador tem suas vantagens, mas corre-se
o risco das travadinhas", destaca. Outro ponto de defesa para a maquina de escrever é que as seus pacientes - as crianças,
adoram brincar com maquina. "Enquanto eu converso com os pais, as crianças vem aqui e "brincam".
A tecnologia sempre nas mãos
Com 37 anos atuando como médico, o Dr. Luiz Antonio Manfroni, sempre teve como aliando a tecnologia. Os dedos do médico
deslizam automático no teclado do computador. Isso ele credita aos bons tempos como datilógrafo. No começo, a maquina de
escrever, com o passar dos anos a maquina de escrever elétrica e agora o teclado do computador.
Para ele, o erro pode ser comum, afinal, hoje em dia, os medicamentos possuem nomes parecidos. "Eu até lembro de uma situação.
Uma vez, eu receitei para uma gestante o remédio Dactil - um antiabortivo, mas na farmácia acabaram vendendo para ela o Dioctil
- um laxante", conta Manfroni.
A interpretação na formação acadêmica
Segundo o professor Marcos Joaquim Vieira, coordenador do Curso de Farmácia da Unidade de Ensino Superior Vale do Iguaçu,
(Uniguaçu), no 8º período, os futuros farmacêuticos tem aulas voltadas para o procedimento e interpretação dos receituários.
A matéria tem o nome de Atenção Farmacêutica.
Fonte: Jornal
Verde Vale - União da Vitória-PR