10/05/2011

Doenças psiquiátricas roubam mais anos de vida do brasileiro

Com mudanças no estilo de vida dos brasileiros, os transtornos psiquiátricos passaram a ocupar lugar de destaque ent re os problemas de saúde pública do país. De acordo com dados de uma série de estudos sobre o Brasil, publicada ontem no periódico médico Lancet, as doenças mentais são as responsáveis pela maior parte de anos com qualidade de vida perdidos no país devido a doenças crônicas.

Essa metodologia calcula tanto a mortalidade causada pelas doenças como a incapacidade provocada por elas para trabalhar e realizar tarefas do dia a dia. Segundo esse cálculo, problemas psiquiátricos foram responsáveis por 19% dos anos perdidos. Entre eles, em ordem, os maiores vilões foram depressão, psicoses e dependência de álcool. Em segundo lugar, vieram as doenças cardiovasculares, responsáveis por 13% dos anos perdidos.

Outros dados do estudo mostram que de 18% a 30% dos brasileiros já apresentaram sintomas de depressão. Na região metropolitana de São Paulo, uma pesquisa, com dados de 2004 a 2007, mostrou que a depressão atinge 10,4% dos adultos.

"Não é possível dizer se o problema aumentou ou se o diagnóstico foi ampliado", diz Maria Inês Schmidt, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e uma das autoras do estudo. Ela afirma também que são necessários mais estudos para saber de que forma o modo de vida nas cidades pode influenciar o aparecimento da depressão, além das causas bioquímicas.

No caso da dependência de álcool, no entanto, há uma relação com o estilo de vida, uma vez que pesquisas recentes do Ministério da Saúde apontam um aumento no consumo abusivo de bebidas.


Idade avançada

O envelhecimento da população também contribui para o aparecimento de transtornos psiquiátricos. De acordo com o estudo, a mortalidade por demência aumentou de 1,8 por 100 mil óbitos, em 1996, para 7 por 100 mil em 2007.

"O Brasil mudou com consumo de álcool, envelhecimento e obesidade e, com isso, temos novos problemas de saúde", disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Em relação às doenças psiquiátricas, ele afirmou que a pasta expandirá os Caps (centros de atenção psicossocial) e aumentará o número de leitos para internações de curto prazo.

A série de estudos do Lancet coloca como outros problemas emergentes de saúde diabetes, hipertensão e alguns tipos de câncer, como o de mama. Eles estão associados a mudanças no padrão alimentar, como o aumento do consumo de produtos ricos em sódio ou açúcar.

Por outro lado, a mortalidade por doenças respiratórias caiu, principalmente devido à redução do número de fumantes.



Fonte: Folha de S. Paulo

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