25/06/2018

Doação de órgãos ainda esbarra na falta de informação

Quase a metade das famílias mostra contrariedade; papel dos profissionais de saúde é fundamental neste processo de conscientização

No Brasil, a doação de órgãos depende da concordância da família. Após a morte encefálica do paciente, as equipes envolvidas no processo procuram os familiares e explicam sobre a possibilidade da doação dos órgãos. A estimativa é que 43% das famílias rejeitem a doação, segundo o Ministério da Saúde. Infelizmente, apesar do crescimento no número de doações, a quantidade de negativas das famílias tem aumentado. Por isso, a conversa com a família é fundamental para reduzir a rejeição no momento da decisão.

Para o médico responsável pelo Serviço de Transplantes do Hospital Angelina Caron, João Eduardo Leal Nicoluzzi, a doação de órgãos depende das ações continuadas contra a desinformação, o preconceito e alguns temores que ainda envolvem a atitude que pode salvar até dez vidas. “O número de transplantes teve aumento de 12% no ano passado se comparado ao resultado de 2016. Mas, infelizmente, a doação de órgãos ainda é um assunto tabu presente na sociedade, mesmo com o acesso à informação e o constante esforço para se desmistificar a doação. É fato que os números podem melhorar ainda mais. Precisamos continuar sensibilizando a população para a necessidade da doação de órgãos e tecidos e mostrar quantas vidas podem mudar”, explica.

Hospital que mais transplanta no PR

O Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul (Região Metropolitana de Curitiba), realizou 303 transplantes em 2017, tornando-se a primeira instituição com mais procedimentos desse tipo realizados no Paraná, segundo o último relatório anual da Central de Transplantes. Os pacientes ganharam uma nova oportunidade de viver com os transplantes de coração, córnea, fígado, medula óssea, pâncreas ou rim.

“Procedimentos complexos como os transplantes de pâncreas/rim e fígado/rim, em que o índice do hospital é 94% e 50% dos procedimentos feitos no Paraná, reforçam a posição do Angelina Caron como referência para transplantes. Podemos mencionar ainda os números dos transplantes de pâncreas e coração, 75% e 44% respectivamente”, menciona Nicoluzzi.

Doação de órgãos cresce 468% em oito anos

O Paraná alcançou o primeiro lugar em doação de órgãos para transplantes no Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o índice de doações no Estado contabiliza 44,2 % por milhão de população, entre janeiro e março de 2018. Em segundo lugar está Santa Catarina (33,7%), seguida pelo Ceará (29,7%).

Desde o início de 2018, o Paraná já realizou 405 notificações de doações, sendo 125 efetivadas. Em 2017, no mesmo período, foram 261 notificações e 81 doações efetivas. Houve aumento de 54%. Se comparado aos primeiros meses de 2010, quando houve 22 doações efetivas no Paraná, o aumento é ainda maior e chega aos 468%.
 

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