10/12/2009
Diretor da ANS quer plano para idosos
Para Maurício Ceschin, recém-empossado na agência reguladora, setor pode ficar inviável para a faixa etária
Responsável por tratar dos rumos do mercado de planos de saúde no País, que hoje atende a cerca de 41,5 milhões de brasileiros,
o novo diretor de Desenvolvimento Setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o médico Maurício Ceschin, apontou
o risco de os convênios tornarem-se inviáveis para idosos e defendeu o estímulo ao desenvolvimento de produtos específicos
para essa faixa etária.
Os mais velhos vêm sendo expulsos do setor em razão de aumentos das mensalidades e da ausência de oferta de planos individuais.
"Temos de buscar mecanismos de gestão e de abordagem, temos de desenvolver planos específicos para essa faixa etária, criar
condições para que o setor possa fazer isso, com foco predeterminado, caso contrário tende-se à inviabilidade mesmo", afirmou
ao Estado.
Além disso, o dirigente da agência reguladora declarou apoio a um programa de acreditação das operadoras de planos, em
gestação na agência, em que instituições privadas independentes avaliariam todos os processos internos dessas empresas durante
um período. Hoje as avaliações são pontuais e feitas pela agência.
Ceschin, que trabalhou para o plano de saúde Medial e foi indicado pelo Ministério da Saúde, assumiu o cargo há uma semana
sob protesto de entidades de defesa dos direitos dos consumidores. Abaixo-assinado referendado por 62 organizações apontou
que sua indicação e a de Leandro Tavares, novo diretor de Fiscalização e ex-funcionário da Amil, faria da agência, que tem
cinco diretores, um órgão dominado por pessoas ligadas aos planos. Também o atual diretor de Normas e Habilitação, Alfredo
Cardoso, trabalhou para a Amil.
"O que eu lamento é que, em um setor tão complexo, as questões político-partidárias e de grupos de interesse deveriam
ficar em segundo plano", afirmou Ceschin. "Para mim, é muito claro que o meu patrão é o consumidor e que eu faço parte de
uma agência que regula mercado e tem a preocupação de trazer para ele o melhor possível."
O médico de 50 anos, que atuou também na corretora de planos Qualicorp e no hospital Sírio-Libanês, destacou que pretende
melhorar a oferta de informações ao usuário. Sua diretoria responde por avaliações do mercado que auxiliam o consumidor a
conhecer a situação de seu plano.
O novo dirigente manifestou ainda apoio à possibilidade discutida pela agência de autorizar reajustes dos planos de saúde
individuais diferentes para cada empresa.
ÍNDICE ÚNICO
Atualmente, a ANS determina um índice único e a mudança é criticada por defensores dos usuários. "Eu acho que é um caminho
bom, tratar os diferentes de forma diferente." Ele também opinou sobre a mais recente movimentação do mercado, o anúncio da
compra da Medial pela gigante Amil - o negócio é criticado por representar risco de maior concentração do mercado e de menos
oferta de preços e produtos para determinadas camadas da população. "Uma consolidação dessas traz mais segurança", disse.
Para médico, área deve se concentrar na assistência
O também médico Leandro Tavares, de 34 anos, que assume a diretoria de fiscalização, defendeu que a área passe a focalizar
a assistência e não só aspectos financeiros. "Durante muito tempo enfocamos aspectos financeiros, e depois a fiscalização
passou a ter uma atuação mais pedagógica para o mercado. Agora precisamos verificar se o ajuste econômico não foi às custas
da capacidade assistencial."
Segundo ele, a ideia é exigir dos planos indicadores da qualidade do serviço prestado pela rede de médicos, hospitais
e laboratórios contratados.
Fonte: Folha de São Paulo