01/12/2008
Diagnóstico precoce é essencial para evitar Aids
Médica alerta que chance de contaminação do bebê quando mãe sabe da doença é de 4 por cento, quando diagnóstico é desconhecido,
índice sobe para 26 por cento
Foi celebrado ontem o Dia Mundial da Luta Contra a Aids. Nessa data algumas vitórias contra a doença podem ser comemoradas.
Na avaliação da infectologista Marina Kinoshita, do Hospital Pequeno Príncipe, no setor de Pediatria é possível notar uma
redução no número de casos de contaminação vertical, quando a mãe passa a doença para o filho durante o nascimento ou amamentação.
Um dos fatores que possibilitaram essa redução é a realização do diagnóstico durante a gestação. Quando isso ocorre, a mãe
infectada pode iniciar o tratamento com antecedência e impedir que a doença passe para o filho.
De acordo com Marina, a chance de contaminação do bebê quando a mãe sabe da doença é de 4 por cento. Quando esse diagnóstico
é desconhecido, esse número sobe para 26 por cento. Segundo a médica, hoje o exame de HIV faz parte da rotina do acompanhamento
prénatal. No entanto, ela conta que ainda é comum encontrar obstetras descomprometidos com essa prática. 'O preconceito de
pacientes de HIV nas classes mais altas é muito grande. Às vezes, os médicos ficam constrangidos de pedir esse exame', avalia.
No Brasil, o número de casos de Aids notificados em crianças menores de 5 anos vem caindo. Em 2006, foram registrados
561 casos. Em 2007, esse número caiu para 434 e, até junho deste ano, haviam sido informados mais 68 casos em todo o País.
No Paraná, houve 19 casos em 2006, e 24 em 2007. Um pequeno aumento, mas ainda menor do que os números computados em 2005
(32 casos), 2004 (37) e 2003 (56).
Quando o diagnóstico é feito precocemente, os pais têm condições de estar mais atentos às doenças oportunistas, que se
aproveitam do sistema imunológico deficiente do doente. Segundo a infectologista, diferente dos adultos, as crianças portadoras
de HIV não apresentam doenças graves, e sim mais comuns, como pneumonia, porém, com mais freqüência.
Apesar desses cuidados, a médica reforça que o paciente tem condições de levar a vida normalmente, como qualquer outra
pessoa. Esse é o caso de Miguel (nome fictício), 8 anos, que foi contaminado pela mãe durante o nascimento. Adotado por outra
família enquanto era bebê, ele iniciou o tratamento em dezembro do ano passado, depois que começaram a aparecer algumas doenças
oportunistas. Sua mãe adotiva conta que só lembra da condição do filho na hora de dar o remédio. Fora essa situação, é uma
criança como outra qualquer, que gosta de andar de bicicleta, desenhar e estuda na 2 série do ensino fundamental. 'Ele é arteiro,
apronta bastante', conta a mãe.
Miguel ainda não sabe da sua doença, tanto a mãe quanto a médica concordam que ainda é cedo para falar sobre esse assunto.
Mas essa conversa não deve tardar. Na opinião de Marina, o ideal é informar a criança antes da adolescência, quando as revoltas
de juventude podem tornar essa revelação ainda mais traumática.
Fonte: Folha de Londrina