05/11/2005
São muitas as afinidades entre o Direito e a Medicina. Além de caracterizarem o exercício da arte
na prática científica, essas duas grandes atividades humanas revelam coincidências de parte a parte na
prestação cotidiana.
É evidente que muitas modalidades da advocacia nada tem a ver com o trabalho
médico. São peculiaridades distintas quanto ao objeto e seu estudo. Mas há similaridades evidentes quando,
por exemplo, o causídico abre o código para verificar a correspondência entre o fato e a lei, e o médico
ajusta o estetoscópio para examinar o paciente.
Dentro das coincidências entre a arte da advocacia e
a arte médica, está o diagnóstico. Ele exige, antes de tudo, paciência para ouvir e prudência
para opinar. Quem dos leitores já não ouviu a queixa de parentes ou amigos de que o seu advogado não
dá atenção à sua história pessoal ou o seu médico não escuta o relato das
dores e aflições?
O Advogado e o Médico são, antes de mais nada, seres humanos e, portanto,
sujeitos eventuais ou freqüentes a situações de erro. É essencial, portanto, evitá-lo sempre
que possível. E o primeiro conselho que se pode dar, principalmente aos novos profissionais, é o da paciência
em conhecer e a prudência em dizer.
Na primeira e imaginária aula para uma Escola de Advocacia eu diria
aos alunos: "Cuidado com o diagnóstico apressado. Ele pode indicar um remédio inadequado".
É
verdade que existem situações nas quais a urgência da petição ou do medicamento não
permitem a pesquisa mais detalhada da causa ou da doença. Mas elas são exceções; não a
regra.
O Advogado precisa conhecer melhor o problema por documentos; o Médico por imagens. Em ambos os casos,
as informações do cliente são parte e não o todo do problema. E para a obtenção
de um e outro desses dados de compreensão haverá uma distância de alguns dias entre a primeira e a segunda
visita. Por que, então, a pressa de "resolver" a dificuldade?
O Advogado e o Médico nada perdem em
termos de confiança quando revelam prudência ao ouvir e examinar e cautela ao recomendar e indicar.
Quando um deles, ou ambos, dizem com suas frases características de publicidade enganosa "não tem problema"
e "não é nada grave", cuidado. Se você for parte ou doente pode perder o patrimônio ou a liberdade;
a saúde ou a vida.
rene.dotti@onda.com.br www.dottieadvogados.com.br