18/11/2007
Dia Nacional de Protesto: no Paraná, manifestação no HC
Na próxima quarta-feira, 21 de novembro, será realizado em todo o País o Dia Nacional de Protesto em defesa do SUS, iniciativa
das instituições representativas da área médica para denunciar o caos que se encontra o setor de saúde e a necessidade de
que os recursos orçamentários previstos sejam aplicados efetivamente em prol de melhor atenção à saúde da população. Para
marcar a data, em Curitiba, será realizada manifestação no Hospital de Clínicas da UFPR.
Às 10 horas (do dia 21), o Dr. Giovanni Loddo, diretor-geral do HC/UFPR; Dr.ª Marilise Borges Brandão, diretora-geral
do Hospital Universitário Cajuru; Dr. Constantino Miguel Neto, diretor-geral do Hospital Universitário Evangélico; o presidente
do CRM-PR, Gerson Zafalon Martins; e o presidente da AMP, José Fernando Macedo, além de representantes de outras entidades
afins, concederão entrevista coletiva para falar da crise no setor da saúde e os objetivos do movimento.
Estarão à disposição dos meios de comunicação os Drs. Giovanni Loddo, diretor-geral do HC; Gerson Zafalon Martins, presidente
do CRM-PR; e José Fernando Macedo, presidente da AMP; Marilise Borges Brandão; diretor-geral do Hospital Cajuru.
POR UMA SAÚDE MELHOR
DIA NACIONAL DE PROTESTO
EM DEFESA DO SUS
Em Curitiba, mobilização em 21 de novembro vai ocorrer no Hospital de Clínicas da UFPR, um dos cenários explícitos da
crise que coloca em risco toda estrutura assistencial do sistema público e projeta colapso na atenção à saúde da população.
Iniciativa é do CRM-PR e Associação Médica, que descartam paralisação de serviços no Estado.
O descaso com a saúde alcança o seu estádio de saturação, onde paliativos e "remendos" financeiros deixaram de oferecer
alguma eficácia na manutenção da estrutura assistencial do País, comprometendo cada vez mais a qualidade e o acesso aos serviços
pela grande maioria da população brasileira dependente do sistema público. A realidade é sombria, com serviços sucateados
ou desativados, equipamentos obsoletos e profissionais malremunerados e desestimulados.
Depois de sete anos, promove-se a regulamentação da Emenda Constitucional 29, instrumento visto como capaz de objetivar
o que são ações de saúde e os mecanismos de seu financiamento. A expectativa de valorar o orçamento da saúde já em 2008 não
se cumpriu, projetando-se um adicional de R$ 4 bilhões apenas dos cofres federais, montante considerado minúsculo diante das
necessidades prementes no setor, em especial a de uma remuneração no mínimo realística para os procedimentos pagos pelo SUS.
Ao promover o Dia Nacional de Protesto, nesse próximo 21 de novembro, as entidades médicas representativas, alinhadas
aos demais setores da sociedade, pretendem alertar para os riscos iminentes de desassistência e perda de vidas e defender
os preceitos que deram vida ao SUS, tornando o serviço público eficiente na área de saúde, melhorando a estrutura e o atendimento
àqueles que buscam os serviços. Não é um pedido de favor a governantes, gestores e representações políticas. É um questionamento
público de cobrança do que prega a Constituição e todo o conjunto de lei que inclui a garantia de equilíbrio econômico-financeiro
às instituições empenhadas na missão de dar atenção à saúde da população, sejam públicas ou privadas.
As instituições médicas não se desviam das orientações éticas e ratificam o preceito de que a vida não tem preço, mas
que é preciso entender que tem um custo. De setembro de 2006 até agosto deste ano, o Paraná, com população de quase 10,5 milhões
de paranaenses, teve uma produção ambulatorial de 148 milhões procedimentos (32 milhões somente em Curitiba), com a média
mensal de cerca de 13 milhões. São ações que englobam tudo, de vacinas e consultas médicas a outros atendimentos especializados.
No mesmo período, foram realizadas 760.768 internações, com registro de 24.176 óbitos, ou cerca de 3% de pacientes internados,
percentual que sugere o elevado grau de resolubilidade dos serviços.
O custo das internações no período de um ano foi de R$ 529 milhões, sendo pouco mais de 10% pra cobrir os serviços profissionais.
É de R$ 696,52 o custo unitário por AIH (Autorização de Internação Hospitalar), sendo cerca de R$ 90,00 o valor dos honorários
médicos. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a média de permanência de paciente internado é de 5,2 dias, com o que
cada diária tem valor próximo de R$ 133,94, incluindo aí os honorários profissionais, serviços hospitalares de hospedagem,
enfermagem e higiene, serviços de diagnóstico e terapêutica, medicamentos e os impostos pertinentes. Recente reajuste concedido
pelo SUS contemplou somente parte dos procedimentos, mas estando longe de cobrir os custos da maioria deles. Uma consulta
é remunerada em pouco mais de R$ 2, chegando a 10 se com especialista. Um parto normal é remunerado em R$ 236,00.
O grau de endividamento é regra entre todos os hospitais com elevado grau de dependência do SUS. E neste contexto destacam-se
os universitários, cada vez mais incapazes de cumprir seus propósitos educacionais, tanto no ensino e na pesquisa, e na assistência
aos usuários do SUS. Dados da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), os
45 hospitais universitários do País acumulam, juntos, uma dívida superior a R$ 430 milhões. O Hospital de Clínicas da UFPR
está entre os "doentes crônicos", detentor de dívida vultosa e que necessitaria de mínimo de R$ 3,5 milhões para oxigenar
o seu orçamento. Isto permitiria pagar os funcionários contratados pela FUNPAR e os empregados tercerizados por empresas
prestadoras de serviços. O valores que o Hospital deixaria de utilizar com estes pagamentos seria utilizado para o pagamento
de insumos e medicamentos para os pacientes e para a renovação ou ampliação dos equipamentos sucateados.
Um dos cinco maiores hospitais-escola do País e o maior em atendimento no Paraná, sendo referência em várias especialidades
e transplantes, o HC vem sendo sucateado pelo explícito abandono e desinteresse das autoridades públicas com responsabilidade
por sua manutenção e pelos recursos humanos. Realiza, em média, 2.700 atendimentos e 72 internações por dia. Somente no ano
anterior, o número de pacientes atendidos chegou quase a 800 mil, que usufruíram da - ainda excelência dos serviços em nada
menos do que 45 especialidades, algumas de alta complexidade e bastante onerosas, com destaque para o mundialmente reconhecido
serviço de transplante de medula óssea, agora com sua ala pediátrica que ainda não pode funcionar por falta de contratação
de profissionais. Nas últimas semanas o hospital foi obrigado a interromper serviços e até cancelar cirurgias, por absoluta
falta de condições técnicas, carecendo até mesmo de medicamentos e materiais cirúrgicos básicos.
Estatística do dia do HC
O Hospital de Clínicas da UFPR tem nesta data tem 318 pacientes internados, tendo realizado 1800 procedimentos ambulatoriais
e 19 cirurgias eletivas nas últimas 24 horas.
Outros dados:
Estatística do dia do Cajuru
O Hospital Universitário Cajuru tem nesta data 268 pacientes Internados, tendo realizado 491 atendimentos no Centro Ambulatorial,
251 no Pronto Socorro e 132 no Pronto Atendimento. Nas últimas 24 horas realizou 42 cirurgias.
Estatística do dia do Evangélico
O Hospital Universitário Evangélico de Curitiba tem nesta data 479 pacientes internados, tendo realizado 830 procedimentos
ambulatoriais e 54 cirurgias eletivas nas últimas 24 horas.