24/01/2020
Último domingo de janeiro alerta sobre prevenção e tratamento da doença que, desde o ano 2000, já teve aproximadamente 26 mil notificações
O último domingo de janeiro marca o Dia Mundial de Combate à Hanseníase, doença infecciosa com registro histórico e clínico desde os tempos bíblicos.
A hanseníase é transmitida por uma bactéria, conhecida como bacilo de Hansen, e a contaminação acontece pelas vias aéreas superiores, por meio de espirros, tosse, fala e respiração.
Para que ocorra esta contaminação é preciso contato direto e prolongado com o portador. O período de incubação também é longo, de dois anos em média, mas pode levar até 10 anos para se manifestar. Entre os primeiros sintomas estão as manchas pelo corpo, com alteração ou perda de sensibilidade local, fraqueza e dores nas articulações de braços, pernas, mãos e pés.
A doença atinge pessoas de todas as idades e muitas vezes passa despercebida, porque seu sinal mais visível, as manchas, não doem, não coçam, não incomodam. Isto faz com que o diagnóstico aconteça tardiamente, quando o doente já apresenta incapacidades físicas por comprometimento dos nervos.
“O alerta do Dia Mundial é para que a população e mesmo os profissionais da saúde fiquem atentos para a doença, pois o tratamento cura a hanseníase”, explica o secretario da Saúde do Paraná, Beto Preto.
Tratamento
O diagnóstico e acompanhamento são feitos pela Rede Pública de Saúde, por meio das unidades básicas e centros especializados .
A Organização Mundial da Saúde indica a poliquimioterapia como terapêutica , com a associação de 3 antibióticos. O tratamento dura 6 para os casos mais leves e 12 meses para os casos mais avançados, podendo ser prolongado.
Assim que começa a fazer uso do medicamento o doente deixa de transmitir a bactéria e os sintomas, que podem provocar lesões neurais, deformidades e incapacidades, ficam mais controlados.
“Por isso, a divulgação das informações sobre a doença é fundamental e tem sido um esforço constante da Secretaria Estadual de Saúde, a fim de aumentar o diagnóstico, diminuir a transmissão e evitar sequelas com o tratamento oportuno”, complementa o secretário.
O diagnóstico de caso de hanseníase é essencialmente clínico e epidemiológico, realizado por meio do exame geral e dermatoneurólogico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e comprometimento de nervos periféricos.
Dados
Em 2019, o Paraná teve 510 novos casos de pacientes confirmados com hanseníase, sendo 8 casos registrados em crianças. Do total, 80% procuraram ajuda médica já em fase avançada da doença.
São mais de 3 mil doentes em tratamento e acompanhamento no estado. A maioria do sexo masculino, em idade produtiva, de 20 a 59 anos.
Em cada 100 doentes, aproximadamente 50 apresentam sequelas físicas.
Combate - O combate ao estigma que ainda envolve a doença também faz parte das ações do Dia Mundial de Combate à Hanseníase. “É fundamental destacarmos que a discriminação e isolamento de pacientes são etapas do passado; hoje o tratamento é eficaz e a doença pode ser curada”, disse a coordenadora da Divisão de Doenças Transmissíveis da Sesa, Mara Franzoloso.
Janeiro Roxo
Desde 2016, o Ministério da Saúde, consolidou a cor roxa para as campanhas de conscientização, orientação e prevenção para hanseníase.
Do ano de 2000 para cá, o sistema de informação de agravos da Sesa totaliza 25.540 notificações para a hanseníase.
O Plano Estadual de Saúde, prevê manter os índices de cura dos casos de hanseníase diagnosticados na casa dos 90%. O Paraná é reconhecido nacionalmente pela manutenção desta taxa de cura. Para isso a Sesa seguirá com todas as etapas do tratamento: suspeição de casos, com monitoramento de suspeitos e pessoas próximas a ele; diagnóstico, medicamentos, e acompanhamento na atenção primária, com fluxos de encaminhamento estabelecidos à atenção secundária, terciária, referências e equipe multiprofissional.